Abandonada há mais de dez anos, barragem entra em “raio-x” da Emicon

23 de outubro de 2019 às 0h14

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Estudos e ações a serem desenvolvidos sobre estruturas estão sendo realizados pela empresa Cern | Crédito: Alisson J. Silva

A Emicon Mineradora e Terraplanagem está prestes a concluir um amplo estudo ambiental sobre as estruturas remanescentes de suas atividades minerárias em Brumadinho, na Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH), incluindo a barragem B1-A, localizada na comunidade do Quéias.

Abandonada há mais de 10 anos e sem laudos atuais, não é possível saber o estado da estrutura e quais riscos representa.

No entanto, caso se rompa, como ocorreu com a barragem da mineradora Vale, na mesma região, há quase nove meses, poderá não somente atingir residências localizadas na comunidade, mas também interditar a rodovia Fernão Dias e prejudicar mais uma vez o abastecimento de água na RMBH.

É que a lama atingiria o rio Manso, afluente do Paraopeba, responsável por fornecer água à capital mineira e região.

A informação é de um dos advogados da empresa, Gustavo Alvarenga. Segundo ele, o levantamento já era para estar pronto, mas teve que ser suspenso para cumprimento de uma determinação da Justiça mineira, em agosto passado. Ele se refere à retirada de famílias que viviam na região.

“É um amplo estudo previsto para este tipo de estrutura. O documento está sendo finalizado”, disse. Trata-se dos estudos e laudos referentes à estabilidade, dam break, plano de emergência de barragens e diques. Enquanto isso, conforme o advogado, a empresa tem adotado e mantido as ações determinadas por todas as esferas.

Procurado, o Ministério Público de Minas Gerais confirmou, por meio da promotora de Justiça de Defesa do Meio Ambiente de Brumadinho, Ana Tereza Ribeiro Salles Giacomini, que conforme consta nos autos do processo, as providências para a evacuação das famílias foram realizadas.

E que “considerando a permanência da situação de ausência de estabilidade declarada das estruturas e a posição dos órgãos ambientais competentes, as famílias permanecem evacuadas desde então”.

Ainda conforme o MP, os estudos, levantamentos e ações a serem desenvolvidos sobre as estruturas estão sendo realizados pela empresa Cern e ainda não foram concluídos.

Neste caso, segundo o diretor da Cern, Nívio Lasmar, a empresa foi contratada para fazer o Plano de Segurança de Barragem (PSB) da Emicon na região. Segundo ele, isso engloba tanto a B1 quanto a barragem do Quéias, além dos diques B3 e B4.

“O trabalho visa o descomissionamento dessas estruturas. Estamos adequando os estudos para entregar ainda este ano e as ações serem implementadas logo em seguida. Em paralelo, seguimos também realizando a manutenção das barragens, o que inclui capina, poda e limpeza”, disse apenas.

A reportagem não conseguiu contato com a mineradora em nenhum dos telefones disponíveis na internet.

Cabe destacar que a barragem B1-A da Emicon foi construída a jusante, um método considerado mais seguro que o da barragem da Vale, que entrou em colapso no início deste ano, na mesma região, que matou 252 pessoas e ainda deixa 18 desaparecidas.

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