Informalidade cresce em Minas Gerais e impacta economia

7 de novembro de 2019 às 0h14

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Em Minas, segundo o IBGE, a escalada da desocupação foi revertida pelo aumento da informalidade - | Crédito: Alisson J. Silva

Os impactos da crise no mercado de trabalho revelam índices que ainda precisam de muita atenção em Minas Gerais, como o aumento da informalidade e as taxas de desocupação.

Isso é o que mostra a Síntese de Indicadores Sociais 2019, divulgada nessa quarta-feira (6) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A principal fonte de informações para a consolidação dos dados foi a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua).

Um dos pontos do estudo foca a taxa de desocupação no Estado. Ela estava diminuindo desde 2012, que registrou 6,7%, até 2014, quando o índice foi ainda menor, de 6,6%. No entanto, de 2015 a 2017, os números começaram a subir, chegando a 8,7%, 11,2% e 12,1%, respectivamente. O ano de 2018, por sua vez, apresentou um decréscimo, assinalando 10,7%.

Apesar dessa recuperação, o analista do IBGE, Gustavo Fontes, destaca que a diminuição do número de indivíduos desocupados se relaciona com o crescimento da informalidade.

“São pessoas, em geral, empregadas sem carteira assinada ou trabalhando por conta própria”, ressalta ele. Diante desse cenário, Minas Gerais registrou um aumento de 200 mil indivíduos atuantes no mercado de trabalho em 2018 em comparação a 2017.

Para se ter uma ideia, a proporção de pessoas de 14 anos de idade ou mais que estavam no mercado de trabalho formal no Estado era de 59,6% em 2012. Em 2015, o índice aumentou para 62,3% e baixou para 59,8% em 2018.

“O mercado de trabalho é bastante impactado pelos investimentos, pelos consumos das famílias, pela economia como um todo”, pontua Gustavo Fontes.

Rendimento – Outro número que chama a atenção diz respeito ao rendimento médio mensal em Minas Gerais, que ainda é menor do que a média do Brasil, segundo o estudo do IBGE. Em 2018, chegou a R$ 1.846, enquanto em 2012 era de R$ 1.795. A média brasileira, por sua vez, foi de R$ 2.065 em 2012 e de R$ 2.163 em 2018.

O analista do IBGE lembra, porém, que Minas Gerais é um Estado bastante heterogêneo, com áreas que apresentam bem mais riquezas do que outras, ajudando, assim, a puxar a média para baixo.

Distribuição – Já quando se trata da distribuição dos rendimentos, o mensal domiciliar per capita em Minas Gerais era de R$ 1.278 no ano passado, enquanto o rendimento mediano era de R$ 862.

Em relação à origem dos rendimentos domiciliares em Minas Gerais, 69,9% vêm do trabalho, 22,9% de aposentadoria e pensão e 7,3% de outras fontes.

Reflexos – Conforme ressalta o economista e professor do Instituto Brasileiro de Mercado de Capitais (Ibmec) Glauber Silveira, o mercado de trabalho não consegue ficar descolado de tudo o que acontece dentro da economia. Isso acaba gerando a informalidade que, como diz ele, apesar de indesejada, é uma alternativa em momentos de crise.

No entanto, isso pode custar caro para a economia. Como frisa o professor, com essa realidade, o governo, por exemplo, arrecada menos impostos.

“Além disso, as pessoas tendem a consumir menos. Elas não têm segurança para fazer a compra de um apartamento e financiá-lo, por exemplo. Os indivíduos se retraem em relação ao consumo por causa da incerteza que eles vivem”, enfatiza. “Mais pessoas no mercado informal faz com que haja um giro da economia menor”, avalia.

Perspectivas – O economista do Ibmec salienta, em relação ao futuro, que se a economia voltar a crescer de forma sustentável, haverá não somente uma maior geração de empregos, mas também um aumento do rendimento médio de muitas pessoas que vão sair do mercado informal para o formal.

De acordo com ele, esse crescimento poderá vir por meio da consolidação de reformas importantes, como a previdenciária, já aprovada, e a tributária, que está prevista para ocorrer.

“As reformas vão fazer com que a confiança e os investimentos produtivos sejam retomados”, afirma ele.

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