Entre as principais quedas destacam-se as ações das estatatais Petrobras e Banco do Brasil/
São Paulo - A bolsa brasileira reagiu ontem com forte queda à notícia de que o presidente Michel Temer admitiu a possibilidade de derrota na tentativa de fazer avançar a reforma da Previdência. O cenário internacional foi de alta do dólar e queda das bolsas, o que também não ajudou. Com isso, o Índice Bovespa terminou o dia em queda de 2,55%, aos 72 414,87 pontos. Os negócios somaram R$ 13 bilhões.
O Ibovespa já iniciou o dia em queda e acelerou as perdas gradualmente. Apesar de diversos integrantes do governo terem negado que Temer tivesse “jogado a toalha”, prevaleceram temores de rebaixamento do rating brasileiro, uma vez que as agências de classificação de risco relacionaram a manutenção da nota do País à aprovação da reforma. Outro temor foi o da possibilidade de elevação de tributos, devido ao seu impacto negativo para as empresas e a economia.
“As declarações do presidente não representaram surpresa para o mercado, mas foram recebidas como a constatação derradeira de que dificilmente teremos notícias positivas na parte política no atual governo”, disse Vladimir Pinto, gestor de renda variável da Grand Prix Asset.
A terça-feira foi de queda generalizada no Ibovespa, mas entre os principais destaques estiveram as ações que melhor refletem o risco político, como as estatais. Petrobras ON e PN caíram 4,59% e 5,34%, respectivamente. Banco do Brasil ON perdeu 5,01% no dia. Todos os papéis do setor financeiro, aliás, tiveram quedas significativas, que chegaram a superar os 3% no intraday, influenciados pelas especulações sobre rebaixamento de rating. No fechamento, destacavam-se também Bradesco PN (-3,05%) e Itaú Unibanco PN (-2,38%).
Alinhada à queda do minério de ferro e ao mau humor interno, Vale ON caiu 2,39% e influenciou o setor de siderurgia, com Usiminas PNA (-8,68%) à frente. Na contramão estiveram as ações da Eletrobras, que subiram 2,41% (ON)e 1,29% (PN), embaladas pela expectativa de privatização. Mais cedo, os papéis chegaram a subir mais de 5%, repercutindo a publicação do decreto do governo que regulamenta as condições para a venda da estatal.
Já para Ignacio Crespo, economista da Guide Investimentos, seria “muito simplista” atribuir a queda da bolsa exclusivamente ao cenário doméstico e ignorar as adversidades do ambiente externo para os países emergentes. Segundo ele, o mercado brasileiro seguiu ainda bastante alinhado aos demais emergentes, que refletem as incertezas quanto ao cenário norte-americano, às voltas com a reforma tributária e outras questões que podem gerar impacto nessas economias.
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Juros futuros fecharam em altaDólar - A constatação de que dificilmente a reforma da Previdência será aprovada neste ano, associada ao avanço da proposta da reforma tributária nos Estados Unidos, levou o dólar a fechar em alta frente ao real.
O dólar à vista fechou em alta de 0,56%, cotado a R$ 3,2761. O giro financeiro foi de US$ 987,613 milhões. Na mínima, atingiu R$ 3,2550 (-0,09%) e, na máxima, R$ 3,2886 (+0,95%).
“O mercado ainda acreditava em alguma chance de aprovação da reforma da Previdência neste ano, e as declarações de Temer foram uma verdadeira ducha de água fria nessa expectativa”, avaliou Jefferson Rugik, diretor da corretora Correparti. Por trás do mau humor dos investidores está a preocupação com um eventual novo rebaixamento do rating do Brasil.
Para Cleber Alessie, operador de câmbio da corretora H.Commcor, independente das declarações de Temer, o relógio é o principal fator contrário à reforma da Previdência. “Estamos no dia 7 de novembro e a reforma da Previdência nem está ainda encaminhada na Câmara, quando a previsão era de que no dia 22 já estivesse no Senado”, afirmou. “Sem reforma ministerial, não vai passar mesmo”, acrescentou.
Enquanto aumentou o ceticismo em relação à aprovação da reforma da Previdência neste ano, o dólar se fortaleceu frente a várias moedas com o avanço da proposta de reforma tributária apresentada pelo presidente americano, Donald Trump. Também contribuiu para a desvalorização de divisas de países emergentes o recuo do petróleo no mercado internacional.
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