EDITORIAL | Duas faces da mesma moeda

15 de novembro de 2019 às 0h02

img
Crédito: Divulgação

O desemprego, que estatisticamente alcança cerca de 12 milhões de brasileiros, número que, numa visão mais realística, dizem alguns estudiosos, pode se aproximar de 20 milhões, pode ser apontado também, sem chance de erro, como a maior chaga resultante da crise econômica que começou a se agravar a partir de 2014. Já existem, felizmente, sinais de reação, inclusive com recuperação de postos de trabalho, porém não ainda com a intensidade necessária para, pelo menos, devolver ao País as condições econômicas do início da década.

É nesse contexto, imagina-se, que a administração federal anuncia um novo programa, visando estimular a geração de empregos e focado, num primeiro momento, na população jovem. Cogitava-se, de início, contemplar igualmente a população mais velha, acima dos 55 anos, mas por falta de recursos, como admite o próprio governo, foi necessário fazer uma opção e a escolha anunciada. Afinal, segundo dados do IBGE, no primeiro semestre do ano, o desemprego para a população na faixa etária dos 18 a 24 anos chegou a 25%, contra uma média de desemprego, no mesmo período, de 12%. No terceiro trimestre do ano a situação melhorou, registrando-se maior oferta de empregos nessa faixa etária, enquanto para a população com mais de 40 anos foram fechadas 246 mil vagas.

Com as medidas agora anunciadas, dependentes ainda da aprovação do Congresso Nacional, o governo espera resultados que poderão ser rápidos, inclusive com mecanismos que reduzam os custos dos empregadores, viabilizando tanto a redução do desemprego quanto da informalidade. Não há dúvida que se trata de uma ação crucial e só se pode desejar que seja bem-sucedida, inclusive, para que sejam abertos espaços voltados para o atendimento também à população mais velha.

Além dos aspectos sociais e humanos, é absoluto contrassenso que, em nosso País, um indivíduo a partir dos 40 anos, pouco mais pouco menos, seja considerado “velho” para o mercado de trabalho. Na realidade, e pelo menos pelos próximos 20 anos, ele estará no auge, em termos de experiência, de conhecimentos acumulados. Tudo isso desperdiçado, inclusive, ou principalmente, o investimento na sua formação. Também nesse particular, estamos fazendo o contrário do que é feito em países mais adiantados, que sabem valorizar o que em nossa terra é perversamente e precocemente descartado. Estamos simplesmente falando do óbvio, que entre nós muitas vezes ainda parece difícil de ser percebido.

Facebook LinkedIn Twitter YouTube Instagram Telegram

Siga-nos nas redes sociais

Comentários

    Receba novidades no seu e-mail

    Ao preencher e enviar o formulário, você concorda com a nossa Política de Privacidade e Termos de Uso.

    Facebook LinkedIn Twitter YouTube Instagram Telegram

    Siga-nos nas redes sociais

    Fique por dentro!
    Cadastre-se e receba os nossos principais conteúdos por e-mail