PCH de Grão Mogol terá células flutuantes

12 de fevereiro de 2019 às 0h05

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Novos modelos se integram arquitetonicamente em prédios (fábrica da Hyundai Caoa), veículos e cidades inteligentes - Divulgação

Não são só os telhados e grandes áreas descampadas os lugares habilitados a receber placas fotovoltaicas para a produção de energia elétrica. Superfícies antes impensadas, como janelas, teto de veículos e até o espelho d’água dos reservatórios das hidrelétricas são bons exemplos.

Em Grão Mogol, no Norte de Minas, 7 mil painéis de células fotovoltaicas flutuantes serão instalados na Pequena Central Hidrelétrica (PCH) Santa Marta. A escolha por alocar a usina fotovoltaica no município com pouco mais de 15 mil habitantes levou em consideração a capacidade local de gerar energia solar. Os painéis têm capacidade para produzir até 1,2 MW (megawatt). Combinado com o 1 MW gerados pela PCH, a potência total da usina híbrida será de 2,2 MW. A energia que será produzida corresponde à demanda de 1.250 famílias de Grão Mogol e pode beneficiar de forma indireta 9 mil famílias de 21 municípios localizados próximas ao reservatório.

A usina híbrida será conectada ao Sistema Interligado Nacional (SIN) e promoverá, de forma sustentável, o desenvolvimento da região. Antes desse projeto, as usinas fotovoltaicas em funcionamento no Brasil forneciam energia para a rede apenas durante o dia, quando há sol, não produzindo à noite, quando é maior a demanda por eletricidade na maioria das localidades. Com a tecnologia híbrida, além de prover energia durante o dia via sistema fotovoltaico, a PCH pode represar parcialmente as águas do rio e elevar sua produção nos horários de ponta. Com isso, é possível modular a geração da usina híbrida de acordo com as necessidades de consumo.

Soluções – Mas outras soluções estão sendo desenvolvidas como opção ao silício, que é duro e inflexível. Em Belo Horizonte, no bairro Horto (região Leste), a Sunew, spin off do CSem Brasil – centro especializado em eletrônica impressa -, pesquisa a tecnologia fotovoltaica orgânica, trabalhando com uma solução líquida de moléculas condutoras de energia, impressa em placas de plástico. A solução torna-se vantajosa por ser leve, acessível e transparente, permitindo a utilização em diferentes superfícies. Ela poderá ser aplicada em superfícies curvas ou verticais, como janelas e fachadas.

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Parcerias – A empresa já desenvolveu iniciativas junto com a Fiat Chrysler Automobiles (FCA), através do projeto Girassol para pesquisas sobre o uso de um sistema fotovoltaico para a geração de energia elétrica. Essa energia alimenta a bateria dos carros, sendo uma solução menos poluente e que também contribui para economia do combustível.

Em parceria com a Nexa Resources – subsidiária do grupo Votorantim, a Newsun, desenvolve uma solução que acopla o filme fotovoltaico em flutuadores, nos reservatórios de usinas hidrelétricas. Integrados em primeiro estágio para alimentação dos serviços auxiliares das usinas e aplicados sobre as barragens e áreas livres sem uso nos arredores das usinas.

“Talvez as superfícies mais relevante sejam, mesmo, as fachadas, porque estão por todos os lugares, em todos os estratos sociais. Essa aposta da geração distribuída em uma dimensão mais humanizada é exatamente o que buscamos. É uma quebra de paradigma do painel solar como uma superfície negativa em carbono, com um processo sustentável de produção.

Ela se integra arquitetonicamente em prédios, veículos, cidades inteligentes. Hoje estamos na fachada da Totvs, em São Paulo, e na fábrica da Hyundai Caoa montadora de Veículos S/A, em Anápolis (GO), por exemplo. Em breve, estaremos em uma das unidades da Petrobras”, destaca o presidente da Sunew, Tiago Alves.

A parceria mais recentemente anunciada é com o Grupo Natura. A empresa aplicará o produto no Núcleo de Aprendizado Natura (NAN), localizado em Cajamar (SP). O prédio do NAN é uma referência de arquitetura industrial sustentável, se diferencia do tradicional com o objetivo principal de demonstrar o renomado espírito de inovação e sustentabilidade da Natura, multinacional no ramo de cosméticos presente em mais de 70 países. Os filmes fotovoltaicos (OPV) serão aplicados em uma área de 2.020 m² no telhado do núcleo.

O desenvolvimento da tecnologia em Minas Gerais também resulta em outros negócios dentro do Estado. Belo Horizonte se coloca, a partir disso, como uma cidade pioneira em um tipo de conhecimento que interessa ao mundo todo, atraindo pesquisadores e investimentos internacionais.

“No contexto urbano, precisamos de uma tecnologia que seja capaz de aproveitar a luz difusa. A empresa que lidera esse tipo de instalação hoje no mundo é a Sunew. Aos poucos vamos começar a entrar no mercado, começando pelos empreendimentos comerciais e, depois, os residenciais.

Em aproximadamente um ano estaremos na casa das pessoas. Hoje temos conversas com parceiros mundiais para levar essa funcionalidade para a casa do consumidor. Hoje estamos falando de uma solução global, mostrando a mão de obra qualificada que temos em Minas e que somos capazes de atrair pesquisadores disputados por mercados importantes. Belo Horizonte tem uma qualidade de vida que conquista as pessoas. Já tivemos mais de 20 pesquisadores estrangeiros trabalhando conosco e nenhum foi embora por não se adaptar à cidade”, analisa o CEO da Sunew.

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