Agravamento da seca ameaça produção na safra 18/19

5 de janeiro de 2019 às 0h01

São Paulo – A produção de soja do Brasil na safra 2018/19, em fase inicial de colheita, apresenta viés de baixa após o agravamento da seca em importantes regiões produtoras, com agentes do mercado cortando estimativas e não descartando um cenário “catastrófico” caso o clima não melhore.

Para a INTL FCStone, o País deve produzir 116,3 milhões de toneladas da oleaginosa neste ciclo, um corte de cerca de 4 milhões de toneladas, ou 3,3% ante a previsão de dezembro, segundo relatório repassado à Reuters na sexta-feira (04).

Já a Associação Brasileira dos Produtores de Soja (Aprosoja Brasil) vê um volume ainda mais baixo, entre 110 milhões e 115 milhões de toneladas, após perdas consolidadas no Paraná e em Mato Grosso do Sul. Também houve estresse hídrico no Mato Grosso, Goiás e na fronteira agrícola do Matopiba, composta por Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia, e nessas regiões as perdas ainda precisam ser calculadas.

“Há algumas regiões com mais de 30 dias sem chuvas e outras com nível muito baixo. Se o clima não melhorar nos próximos dias, isso pode ser catastrófico. Dependendo de como for, as perdas poderão ser bem maiores”, disse à Reuters o presidente da Aprosoja Brasil, Bartolomeu Braz.

Antônio Galvan, presidente da Aprosoja em Mato Grosso, também concorda com “perdas significativas”. “O clima é sempre o que manda. É só dele que vai depender se a safra vai ser grande, pequena ou mais ou menos. A seca é complicada”.

Seja como for, a tendência que se firma é de que o Brasil não superará nesta safra de soja o recorde de 2017/18, de 119,3 milhões de toneladas.
Nas últimas semanas, produtores e especialistas já vinham considerando prejuízos na temporada vigente em razão das condições climáticas adversas. “Com o clima bastante seco e quente, que predominou principalmente no Centro-sul do País nas primeiras semanas de dezembro, o potencial produtivo de parte das lavouras foi afetado”, explicou a INTL FCStone em seu relatório.

“Destaque para o Estado do Paraná e também para Mato Grosso do Sul, onde as plantas acabaram sendo afetadas em fases chave de desenvolvimento, como o enchimento de grão”, acrescentou a consultoria, que vê o Paraná perdendo o posto de segundo maior produtor de soja para o Rio Grande do Sul nesta temporada por causa do tempo – Mato Grosso seguiria como líder nacional.

Em dezembro, a consultoria havia estimado a safra do Paraná em 19,5 milhões de toneladas. Agora a vê em 16,95 milhões.

O estrago provocado pelo clima mais do que atenua o plantio histórico de 36 milhões de hectares, afirmou a INTL FCStone. Segundo a consultoria, a produtividade deve ser de 3,23 toneladas por hectare, ante 3,35 toneladas na previsão anterior e 3,39 toneladas em 2017/18.

Ainda conforme a INTL FCStone, as exportações de soja do Brasil em 2018/19 devem cair para 72 milhões de toneladas, de 75 milhões na estimativa anterior, e igual quantidade em 2017/18, em razão justamente da safra menor e de estoques de passagem enxutos. (Reuters)

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