Indústria mineira vê produção recuar e diminui apetite por investimentos

27 de março de 2019 às 0h15

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Indicador de evolução do emprego na indústria chegou aos 47,5 pontos no último mês - Créditos: Fiat/Divulgação

A indústria mineira manteve o baixo ritmo no segundo mês do ano e apresentou índices de produção, emprego e utilização da capacidade instalada abaixo do usual, assim como em janeiro. Os números refletem a lenta retomada da economia brasileira e as oscilações dos níveis de confiança dos empresários. Tamanhas são as incertezas que já começam a afetar as intenções de investimentos no curto prazo.

De acordo com a Sondagem Industrial de Minas Gerais, divulgada pela Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg), houve queda na produção, uma vez que o índice apresentou 48,7 pontos. Na avaliação da economista Daniela Muni, o movimento já era esperado por se tratar de um mês com menos dias úteis. No entanto, ela chamou atenção para o fato de fevereiro não ter contado, neste exercício, com o feriado de Carnaval.

“São movimentos opostos e que poderiam ter contribuído para o resultado de maneiras distintas. Não sabemos ao certo o que de fato pesou, mas é evidente que houve retração da atividade industrial mineira”, resumiu.
O levantamento apontou queda na produção pelo quarto mês seguido. Na comparação com janeiro (49,2 pontos), o indicador caiu 0,5 ponto. Em contrapartida, foi 5,5 pontos superior ao de fevereiro de 2018 (43,2 pontos) e o melhor resultado para o mês desde 2011 (50,7 pontos).

O índice de evolução do emprego chegou a 47,5 pontos no mês passado, 1,2 a menos que no período imediatamente anterior. Em relação a fevereiro de 2018 (47,7) a diferença foi de apenas 0,2 ponto.

Da mesma forma, o índice de utilização da capacidade instalada efetiva em relação à usual marcou 45,6 pontos em fevereiro. Embora ainda abaixo linha de 50 pontos, que separa atividade abaixo da usual de atividade acima da usual, o resultado aumentou 2,5 pontos frente a janeiro (43,1 pontos). Além disso, foi o mais elevado para o segundo mês do ano desde 2011.

Além disso, os estoques de produtos finais das empresas voltaram a cair em fevereiro, com índice de 49,0 pontos, após ficarem relativamente estáveis em janeiro. Apesar da queda, as empresas encerraram o mês com acúmulo indesejado de estoques. O indicador de estoque efetivo em relação ao planejado registrou 53,4 pontos.

“Esse número sugere que a demanda foi inferior à esperada pelas empresas, pois se os estoques formados já foram menores e, ainda assim, houve acúmulo de itens, a venda foi bem aquém do planejado”, ressaltou a economista.

Mesmo diante do cenário, os índices de expectativa, que informam a percepção dos empresários em relação à evolução da demanda, da compra de matéria-prima e de empregos pelos próximos seis meses, ficaram acima dos 50 pontos, indicando perspectiva de crescimento. Porém, Daniela Muniz destacou a queda que alguns componentes já têm apresentado de um mês para outro.

A demanda, por exemplo, fechou março em 62,1 pontos, indicando que os empresários esperam avanço nas vendas de seus produtos nos próximos seis meses. O indicador ficou acima dos 50 pontos pelo 27º mês consecutivo e aumentou 0,8 ponto em relação a fevereiro.

Com isso, as compras de matérias-primas tiveram indicador de 59 pontos. Porém, o número recuou 0,5 ponto na comparação com fevereiro (59,5 pontos) e avançou 1,4 ponto sobre março de 2018.

Na evolução do emprego, o índice chegou a 52,2 pontos neste mês. Isso representa queda de 1,7 ponto sobre fevereiro (53,9 pontos) e 0,3 ponto comparativamente a março do ano passado.

Investimento – Por fim, o índice de intenção de investimento recuou 2,5 pontos na passagem de fevereiro para março, chegando a 55,2 pontos. Neste caso, a economista lembrou que a tendência de elevação da propensão dos empresários a investir, observada no final do ano passado, foi interrompida desde o início deste ano, quando o indicador começou a alternar recuos e crescimentos.

“Isso é reflexo das incertezas que ainda pairam sobre o País. Os empresários apostam num aumento da demanda, mas não sabem quando irá ocorrer, em virtude da recuperação da economia que não aconteceu no prazo que imaginavam e do cenário político ainda conturbado”, concluiu.

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