Bancos preveem contração no setor sucroenergético

5 de setembro de 2018 às 0h01

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São Paulo – Bancos de investimento que operam no setor agrícola do Brasil projetam uma contração potencial na indústria sucroenergética do País, já que muitas empresas não conseguem dinheiro suficiente para pagar contas e grupos melhor capitalizados não estão dispostos a investir.

O Itaú BBA estima que 18 empresas de açúcar e etanol no maior cinturão de cana do País, o Centro-Sul, não estão gerando caixa suficiente para manter suas operações, informou ontem o chefe de negócios agrícolas do banco, Pedro Fernandes.

Outras 22 empresas não estão gerando caixa suficiente para pagar dívidas e manter níveis adequados de renovação do canavial, disse Fernandes em uma apresentação no NovaCana Ethanol Conference, em São Paulo.

Os resultados vieram de uma avaliação feita pelo Itaú BBA sobre a situação financeira de 75 produtores de açúcar e etanol no Centro-Sul, representando capacidade de processamento de cana de 475 milhões de toneladas, das cerca de 560 milhões de toneladas que a região deve moer neste ano.

O banco disse que apenas 35 empresas desse grupo tinham uma situação financeira estável, considerando a dívida por tonelada de capacidade de processamento de cana e os ganhos após a adequada renovação dos canaviais.
Fernandes disse que a situação levou a uma diminuição no processamento de cana, já que muitas usinas não são capazes de investir em plantações e há uma falta de interesse de empresas com melhor estrutura de capital para investir devido a uma fraca perspectiva de mercado.
Os preços globais do açúcar atingiram o nível mais baixo em 10 anos recentemente, em meio a um excesso de oferta.

“Estamos vendo uma consolidação em termos de processamento de cana. Mais de 70 usinas fecharam. Outras que costumavam esmagar 12 milhões de toneladas estão esmagando 6 milhões. Alguns grupos com cinco ou seis usinas pararam uma ou duas para otimizar a operação”, informou o gerente do Rabobank em São Paulo, Manoel de Queiroz.

A safra de cana do Brasil está caindo em 2018 pelo terceiro ano consecutivo. A maioria dos analistas não espera uma recuperação no próximo ano, uma vez que a área plantada deve diminuir.

“A safra poderá encolher em breve 100 milhões de toneladas a mais. Você não vê apetite por expansão”, disse Queiroz.

William Hernandes, analista da consultoria FG/A, disse que o retorno sobre o capital visto nas empresas brasileiras de açúcar é atualmente muito baixo para atrair investimentos, o que prejudica qualquer ideia de expansão.

“Neste momento, o retorno sobre o capital investido no setor está abaixo do próprio custo de capital”, disse Thiago Duarte, analista do banco de investimentos BTG Pactual. “Há muita gente perdendo dinheiro.” (Reuters)

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