BRF enfrenta competição pela oferta do milho

20 de setembro de 2018 às 0h04

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São Paulo – A brasileira BRF, uma das maiores produtoras de carne suína e de aves do mundo, tem enfrentado crescente competição pela oferta de milho, principal matéria-prima da companhia, com o aumento da produção de etanol de milho no Centro-Oeste, informou ontem o presidente da companhia, Pedro Parente.

Segundo ele, a situação coloca desafios adicionais para a empresa assegurar matéria-prima para ração a custos razoáveis. O etanol de milho é uma tendência relativamente nova no Brasil, mas tem tido um desenvolvimento rápido em Mato Grosso, estado que é o principal produtor de grãos do Brasil, também um dos maiores exportadores do cereal.

A companhia já está utilizando ingredientes alternativos para a produção de ração, como os grãos secos por destilação (DDGs, na sigla em inglês), subproduto da fabricação de etanol de milho.

“Temos visto um aumento no consumo de milho pelos produtores de etanol em Mato Grosso e Goiás, onde eles se tornaram consumidores relevantes de milho”, disse Parente em uma apresentação em seminário organizado pela corretora e consultoria INTL FCStone em São Paulo.

O presidente da BRF estimou que os fabricantes de etanol já estavam usando entre 10% e 15% da oferta nesses estados, onde a indústria tem plantas de processamento e opera com os produtores de frango e suínos integrados.

Brasil é o segundo maior produtor de etanol do mundo, atrás apenas dos Estados Unidos, mas tradicionalmente produz o combustível a partir da cana-de-açúcar.

Novos investimentos no Centro-Oeste, no entanto, estão aumentando a participação do etanol produzido a partir do milho em volumes totais.

O diretor financeiro da BRF, Elcio Ito, disse que a empresa começou a adicionar DDGs, que é rico em proteína, como um ingrediente alternativo para rações.

Ele disse que os DDGs competem com o farelo de soja em custo nas áreas onde as usinas de etanol de milho operam. Então a BRF compra os DDGs quando eles são mais baratos que o farelo de soja e dependendo do tipo de ração que precisam produzir.

Frango – Segundo Pedro Parente, o impedimento das exportações da companhia para a Europa “trouxe problemas relevantes” aos estoques da empresa, principalmente com relação aos cortes de peito de frango. Unidades da BRF foram tiradas da lista de comércio com o mercado europeu neste ano, após investigações de fraudes envolvendo a companhia, que vieram à tona com a deflagração da Operação Trapaça, terceira etapa da Operação Carne Fraca, pela Polícia Federal.

“Somos uma fábrica de montagem e desmontagem de animais. Esta é uma cadeia longa e a Europa privilegia o consumo de peito. Nos vemos com um enorme estoque deste produto”, afirmou o executivo. Segundo ele, o tema é relevante porque o que está em questão não é o preço do produto e sim “o fator de vender ou não vender”. Para conter o problema, a empresa estuda a criação de novos produtos à base de peito de frango.

A BRF está lutando para superar a proibição imposta pela União Europeia devido a questões sanitárias. Parente disse que a empresa atualmente tem altos estoques de peito de frango, produto que costumava exportar amplamente para a Europa, como resultado da proibição.O presidente-executivo disse que a empresa está vendendo o peito de frango em alguns mercados selecionados a preços mais baixos para reduzir os estoques.

Parente lembrou, ainda, os fatores que afetaram negativamente o desempenho financeiro da BRF no segundo trimestre de 2018, quando a empresa amargou um prejuízo líquido de R$ 1,57 bilhão. Além do problema com a União Europeia, ele destacou a aplicação de tarifas antidumping da China sobre o frango brasileiro e a greve dos caminhoneiros. (Reuters)

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