Cena eleitoral no País derruba o Ibovespa
12 de setembro de 2018 às 0h05
São Paulo – O Ibovespa fechou em queda de mais de 2% ontem, abaixo dos 75 mil pontos, afetado por apreensões ligadas ao cenário eleitoral no País, com as ações de bancos e da Petrobras entre as maiores pressões negativas e dados mostrando nova saída de estrangeiros no mês. O principal índice de ações da B3 caiu 2,33%, a 74.656,51 pontos. O giro financeiro somou R$ 9,2 bilhões.
O tom negativo foi ditado por pesquisa Datafolha, na véspera (10), que mostrou o candidato do PSL à Presidência, Jair Bolsonaro, com folga na liderança e quatro candidatos embolados na disputa pelo segundo lugar – Ciro Gomes (PDT), Marina Silva (Rede), Geraldo Alckmin (PSDB) e Fernando Haddad (PT). Mas o levantamento também apontou que Bolsonaro continua tendo a maior rejeição entre os candidatos.
Para o gestor Joaquim Kokudai, sócio na JPP Capital, a queda das ações reflete o temor no mercado quanto à possibilidade de um segundo turno entre Bolsonaro e Haddad ou Ciro, com chance de o candidato do PSL perder em razão da elevada rejeição.
“O mercado teme um candidato com perfil mais à esquerda, que adote políticas com menor rigor na área fiscal”, disse.
Para um gestor de outra administradora de recursos, no Rio de Janeiro, a pesquisa mostra “fotografia” de indefinição quanto ao segundo lugar nas pesquisas, mas sugere que Haddad continua mostrando a melhor capacidade de angariar apoio na reta final.
O ex-prefeito de São Paulo foi aprovado por aclamação ontem, em reunião da Executiva do PT, como candidato à Presidência da República pelo partido em substituição ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, impedido de concorrer por ter sido enquadrado na Lei da Ficha Limpa.
Volatilidade – Em relatório a clientes, os economistas Tony Volpon e Fabio Ramos, do banco UBS, avaliam que o pico da volatilidade deve ocorrer entre o primeiro e o segundo turnos.
O pregão fechou com agentes financeiros na expectativa de pesquisa Ibope prevista para sair ainda na noite de ontem, entre outros levantamentos previstos para a semana.
Dados disponibilizados pela B3 mostraram saída líquida de estrangeiros do segmento Bovespa de R$ 508 milhões em setembro até o dia 6. No ano, as saídas superam as entradas em quase R$ 3,5 bilhões.
Dólar – Depois de três pregões em baixa, a cotação da moeda norte-americana encerrou ontem em alta de 1,48%, valendo R$ 4,1542 para venda, o segundo maior patamar desde janeiro de 2016. Nos três pregões em baixa, o dólar acumulava um recuo de 1,44%. O Banco Central manteve os leilões tradicionais de swaps cambiais, sem efetuar nenhuma oferta extraordinária de venda futura do dólar. (Reuters/ABr)