China impulsiona os investimentos da Vale

23 de novembro de 2018 às 0h15

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O produto foi tão bem-aceito pelos chineses que já consegue um premium entre US$ 3 a US$ 6 por tonelada - Foto: Arquivo Vale

A China determinou e puxou o crescimento da produção de minério de ferro da Vale nos últimos anos. O mercado chinês é tão importante para a mineradora que responde por pouco mais da metade das vendas do insumo da companhia em todo o mercado transoceânico. A Vale, inclusive, desenvolveu um blend (mistura), com minério de menor teor produzido em Minas Gerais e de teor elevado no Pará, o Brazilian Blend Fines (BRBF), para atender basicamente às siderúrgicas da China. O produto já representa 35% das vendas totais de minério da empresa.

“Hoje, mais da metade de nossa produção vai para o mercado chinês. Todos os investimentos feitos nos últimos dez anos em aumento de produção de minério de boa qualidade e na eficiência da cadeia logística foram para aumentar as vendas no mercado chinês”, destacou o diretor global da Cadeia de Ferrosos da Vale, Vagner Loyola. Entre estes aportes, Loyola lembrou das três novas plantas de concentração no complexo de Itabira e de outra planta de concentração no ativo de Vargem Grande, em Minas Gerais.

A produção de minério de ferro da Vale nos últimos anos no Brasil, afirmou o diretor, se manteve praticamente estável na casa das 300 milhões de toneladas ao ano. Com a expansão do Sistema Norte, principalmente com o S11D (em Carajás, no Pará), cuja capacidade é para 90 milhões de toneladas, a companhia saltará para um novo nível de produção da ordem de 400 milhões de toneladas anuais.

“Este crescimento (de produção) das 300 milhões de toneladas para 390 milhões de toneladas neste ano e 400 milhões de toneladas no próximo exercício é basicamente resultado do aumento de vendas no mercado chinês”, acrescentou o diretor. Com base nestes números, Loyola afirmou que a companhia está operando a plena carga, considerando não só a produção, mas também o sistema de escoamento, incluindo o ramal ferroviário da MRS Logística, o porto de Tubarão (ES) e os portos do Rio de Janeiro.

O diretor da Vale explicou que, a demanda chinesa por minério cresceu a partir de 2003, e nos anos seguintes houve o boom de commodities. A partir de 2014, a produção de aço chinesa se estabilizou, oscilando entre 820 milhões de toneladas a 840 milhões de toneladas ao ano, o que, para Loyola, representa “uma situação de demanda bem saudável”.

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Brazilian blend – E foi justamente com foco na demanda chinesa que a Vale desenvolveu um novo produto, o Brazilian Blend Fines (BRBF), resultado da mistura entre minério de teores mais pobres de operações em Minas Gerais com minérios de melhor qualidade da produção do Pará. O blend também é consequência da mudança de estratégia da companhia.

“No passado, em cada mina tentávamos fazer um produto com qualidade de produto final para ser vendido sozinho e com isso não se explorava a sinergia entre diferentes operações.

O grande valor está na integração das operações e na complementaridade do minério de Carajás com esses minérios de baixo teor que são produzidos em Minas”, disse o diretor.

Basicamente, a Vale redesenhou a forma de trabalhar ao longo dos últimos anos e passou a buscar uma abordagem integrada de toda a cadeia produtiva do minério de ferro. “Agora, olhamos o parque produtivo da Vale como um todo e não mais ativos isolados. Fazemos o planejamento da cadeia de forma integrada, de modo a otimizar o negócio minério de ferro”, reforçou.

De acordo com o diretor, a Vale produz o BRBF desde 2014. Na prática, o minério de Carajás e de Minas é escoado para o Porto da Malásia em navios diferentes, lá são descarregados e depois disso é feito o blend na proporção correta para as siderúrgicas da China e de lá vendidos para as siderúrgicas chinesas.

A partir de 2016, a Vale começou a processar o blend também em portos chineses e, hoje, a mineradora já está fazendo a mistura em 16 terminais da China. “O Porto da Malásia foi construído e é operado pela Vale. Na China, a companhia contrata os portos que já existem e faz a mesma coisa”, explicou Loyola.

O produto foi tão bem-aceito pelas siderúrgicas chinesas que já consegue um premium que varia de US$ 3 a US$ 6 por tonelada em relação ao considerado o melhor minério australiano e já responde por 35% de todo o minério vendido pela mineradora no mercado mundial. “O produto começou a ser vendido com preço diferenciado desde maio e temos visto este ganho de preço. Com este blend estamos aumentando as vendas no mercado chinês”, afirmou o diretor.

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