Cidades inteligentes vão além da tecnologia

21 de setembro de 2018 às 0h05

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Metrocable de Medellín viabilizou a oferta de transporte público em áreas de difícil acesso - Pixabay

Comentado exaustivamente em seminários de tecnologia e inovação, o tema “Smart cities” ganhou uma abordagem diferenciada, ontem, durante o Seminário Cidades e Destinos Turísticos Inteligentes, promovido pela Belotur, na Prefeitura de Belo Horizonte. A tecnologia, que costuma ser a protagonista do assunto, foi apresentada como uma ferramenta desse processo de construção que, na verdade, tem os cidadãos como principal mola propulsora.

Lideranças nacionais e internacionais do tema mostraram como a sociedade organizada precisa entrar nesse jogo, formando a quádrupla hélice que também inclui governo, empresas e academia.

A ideia de um projeto coletivo e da construção de soluções baseadas em uma agenda compartilhada foi a base do que viveu a cidade de Medellín, na Colômbia, segundo explicou o palestrante Jorge Pérez Jaramillo, que é responsável pelo Plano de Ordenamento Territorial da cidade (2014-2027). A cidade ficou conhecida na década de 90 pelo cartel de drogas comandado por Pablo Escobar e viveu uma verdadeira tragédia em relação à violência. Nas últimas décadas, entretanto, Medellín passou por um processo de transformação urbana, que levou a cidade a ser considerada a Cidade do Ano e a mais inovadora em 2013.

“A experiência de Medellín passou pelo diálogo social. Não há fórmula para resolver os problemas urbanos, mas é necessário um projeto coletivo e líderes visionários que tenham a capacidade de inovar e criar soluções alternativas”, destacou. Com o projeto coletivo a cidade foi mudando, o narcotráfico foi enfrentado com uma polícia munida de inteligência de dados e a cidade foi ganhando soluções inovadoras. Uma delas é o metrocable, que facilitou o acesso de pessoas que vivem em regiões de difícil acesso e de periferia ao transporte público.

Jaramillo lembrou que, justamente por enfrentar um problema tão sério de violência, a cidade ficou, por muito tempo, ilhada e não havia turista que quisesse passar perto de Medellín. Com as mudanças, a cidade passou a atrair visitantes e o metrocable é uma das principais atrações turísticas da cidade. “Smart cities não é chamar uma empresa de tecnologia para implantar um projeto de conexão na cidade. É ter a capacidade de pensar o fundamental para aquela cidade e construir soluções alternativas”, disse.

Ele também frisou os resultados econômicos de um projeto de Cidades Inteligentes bem-sucedido. “Não podemos seguir pensando que a cidade é para uns ou para outros: ela é para todos. Lembrando que uma cidade que funciona com equidade é um bom negócio. Melhores condições de vida, levam a uma melhor economia, o que é bom para as empresas que faturam mais e para o governo que arrecada mais tributos”, destacou.

O vice-chefe do Departamento de Cartografia da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Bráulio Magalhães Fonseca, também participou do seminário, trazendo sua experiência de planejamento urbano com base em inteligência de dados e consulta da opinião pública. O especialista explicou que os dados, que estão disponíveis no mundo, precisam ser transformados em informação e em conhecimento para que o planejamento das cidades sejam mais eficazes. “Infelizmente o que vemos são planos diretores que são um ‘copia e cola’ de outras cidades. Mas o projeto não pode ser imposto. Pelo Contrário, ele precisa decodificar as vontades coletivas”, disse.

Florianópolis – Unir um grupo de pessoas para criar uma cultura de cidade inteligente. Foi com esse objetivo que alguns empresários de Florianópolis se uniram ao poder público local para criar o Laboratório de Inovação Urbana de Florianópolis. O projeto tem o objetivo fomentar negócios na área de smart cities e fazer da cidade um verdadeiro “laboratório de inovação”.

Durante sua palestra no Seminário Cidades e Destinos Turísticos Inteligentes, realizado na Prefeitura de Belo Horizonte, a idealizadora do projeto, Thaís Nahas, explicou que o laboratório “não tem dono”, mas é fomentado pela quádrupla hélice, que inclui além de governo, dos empresários e da academia, a população.

“Queremos que o cidadão seja protagonista na transformação da cidade e ajude a cocriar soluções para os problemas urbanos”, disse. Segundo ela, o projeto apoia soluções inovadoras na área de smart cities, testa esses produtos em ambientes reais e ajuda em sua validação com o público-alvo.

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