Preço do minério de ferro supera US$ 100

24 de maio de 2019 às 0h18

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Crédito: REUTERS/Muyu Xu

O preço do minério de ferro sofreu nova elevação e chegou ontem a US$ 105,36 a tonelada. No curto prazo, a tendência é que os preços se mantenham altos. Mas, até o final do ano, o valor da commodity deve se acomodar no valor entre US$ 85 e US$ 75, segundo especialistas. A alta no valor do produto acentuou-se após os impactos da tragédia da Vale em Brumadinho, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, ocorrida em janeiro deste ano, e vem sofrendo outras influências, como alta da demanda.

Economista da Tendências Consultoria Integrada, Felipe Beraldi, que acompanha a área de mineração e siderurgia, informa que a tendência no curto prazo é que o preço do minério do ferro se mantenha alto. Mas, até o final do ano, o preço deve cair para valores entre US$ 85 e US$ 75 a tonelada.

“Hoje, falando-se de um preço de US$ 75, pode-se pensar em curva baixista. Mas não é. Esse valor é cerca de 10% mais alto que o preço registrado no final do ano passado”, explica.

A alta do preço está ligada a fatores de oferta e demanda. Por um lado, houve retração da oferta devido a problemas de fornecimento do Brasil após a tragédia da Vale, em Brumadinho, e seus efeitos em cadeia, como paralisação de atividade em algumas minas. Aliado a esse cenário, na Austrália – outro grande fornecedor do minério –, empresas tiveram suas operações afetadas por ciclone tropical.

Por outro lado houve alta da demanda, com o governo chinês investindo em setores que demandam grandes quantidades de aço. Além disso, há um efeito sazonal nas siderúrgicas chinesas, que recompõem estoques nessa época, marcada pelo fim do inverno. A China é o principal cliente do produto brasileiro

Já a pressão para baixar os preços no médio prazo vem da normalização dos embarques australianos. E, com o preço do minério em alta, parte da indústria chinesa – que tem custo mais alto – fica competitiva no mercado.

Segundo Beraldi, o cenário em 2019 é de déficit da oferta do minério de ferro no mercado transoceânico. Com a alta do preço, o impacto imediato é a maior pressão sobre o custo de produção do aço em todo o mundo.

Como ainda não há nenhum indicativo de que a alta do preço do minério irá se manter no longo prazo, esse cenário não deve atrair investimentos ao setor. “É cedo para dizer em ciclo virtuoso para investimentos”, diz.

Presidente do Conselho Empresarial de Mineração e Siderurgia da Associação Comercial e Empresarial de Minas (ACMinas), Adriano Viana Espeschit também avalia que a situação de alta do preço do minério de ferro é momentânea e ocorre devido à influência da redução de operações da Vale, após a tragédia de Brumadinho, e do ciclone que atingiu a Austrália.

“Essa adequação de momento de preço não pode ainda ser caracterizada como tendência. É momentânea e não há fatores que indicam que irá permanecer”, diz.

Para Espeschit o cenário não é suficiente para atrair investimentos. “Os investidores não tomam decisões com base em volatilidade de curto prazo”, diz.

Ele avalia que o impacto imediato da alta dos preços do minério de ferro é que as empresas mantêm resultado de lucratividade mesmo com a queda de produção. Isso desencadeia outro efeito importante, que é a alta do recolhimento de impostos que têm como base o preço. Como exemplo ele cita a Compensação Financeira pela Exploração de Recursos Minerais (Cfem).

Norte – Ex-presidente da Vale, Francisco Schettino acredita que a alta do preço minério de ferro pode atrair investidores para o setor, mas principalmente em operações no Pará. Isso ocorreria devido ao cenário tumultuado em Minas, que enfrenta problemas de segurança de barragens, e também à alta qualidade do minério na Região Norte do País.

“Interesse há, principalmente por parte dos chineses”, diz. Schettino pondera, no entanto, que a Vale teria que avaliar se tais associações interessariam à empresa.

Ele considera que é muito precipitado se falar em redução da representatividade de Minas no setor. Na avaliação de Schettino, mesmo com o impacto da tragédia em Brumadinho e com o Estado apresentando atualmente um produto de qualidade inferior ao encontrado no Norte, há técnicas para melhorar a eficiência.

Segundo informações da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg), devido aos impactos da tragédia da Vale em Brumadinho, cerca de 90 milhões de toneladas de minério de ferro deixarão de ser produzidos este ano no Estado. Cerca de 40 milhões de toneladas de minério – o que corresponde a 20% da produção total do Estado – não devem voltar a ser produzidas pelas mineradoras.

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