Falta de captação no Paraopeba põe em risco abastecimento na RMBH

28 de março de 2019 às 0h19

img
Créditos: Heldner Costa/CMBH

A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) das Barragens da Câmara Municipal de Belo Horizonte (CMBH) está apurando os impactos do rompimento da barragem de rejeitos da Vale, em Brumadinho, na Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH), no abastecimento de água da capital mineira.

Desde o ocorrido, há dois meses, a captação no rio Paraopeba teve que ser suspensa, colocando em risco o fornecimento de água na Grande BH.

Em visita técnica ao ponto de captação de água da Companhia de Saneamento de Minas Gerais (Copasa) para abastecer o Sistema Paraopeba, vereadores membros da CPI conversaram com o gerente-geral da Divisão de Produção da Bacia do Paraopeba, Paulo Diniz, que explicou os riscos impostos ao abastecimento de Belo Horizonte.

O vereador Gabriel Azevedo (PHS), integrante da CPI, contou que pela explicação do gerente, desde o último dia 25 de janeiro, nenhuma gota de água tem sido mais recolhida pelos dutos do complexo. E que isso representa 30% dos recursos hídricos que eram direcionados aos domicílios da Capital.

“Há informações de que somente não tivemos um colapso do modelo porque existe uma reserva ao lado, alimentada pelo sistema Rio Manso, Serra Azul e Várzea das Flores. Mas a expectativa é de que isso alimente a nossa cidade por apenas mais 20 meses, em condições normais de chuva. Ou seja, se não enfrentarmos um período de seca pelo caminho”, revelou.

O Sistema Paraopeba, que capta água a fio do rio de mesmo nome e também da Barragem de Rio Manso, foi construído em 2015 para suprir a escassez hídrica do período, por falta de chuva. Desde aquele ano, o sistema já captou mais de 217 milhões de metros cúbicos de água.

Na visita dos vereadores, o gerente disse que precisa de um posicionamento sobre a qualidade da água para o retorno ou não da captação até o meio deste ano.

“Se o sistema não retomar ou se não for criada uma alternativa, pode haver problemas no abastecimento”, alertou.

Segundo Azevedo, a comissão aguarda um posicionamento das empresas quanto à retomada da captação no rio. Além disso, existe uma série de requerimentos a serem respondidos e oitivas a serem realizadas referentes ao sistema de barragens no Estado. “A próxima reunião será na terça-feira que vem”, contou.

Atualmente, a RMBH e a Capital são abastecidas por duas bacias: a do Paraopeba (51%) e a do rio das Velhas (49%). Essa porcentagem é diferente para BH: 30% do abastecimento provem do Sistema Paraopeba e 70%, do Sistema Velhas.

Procurada pela reportagem, a Copasa não respondeu aos questionamentos até o fechamento desta edição. Já a Vale disse, por meio de nota que, é possível avaliar, com dados de quase 300 mil análises da água, solo, rejeito e sedimento, que o rio Paraopeba será recuperado.

Ações – A mineradora ponderou, no entanto, que a recuperação ambiental depende de um conjunto de ações, entre as quais a contenção de rejeitos sólidos que estão próximos ao local onde ficava a estrutura. E que junto com outras empresas e instituições, está elaborando um plano para a bacia do Paraopeba, que vem sendo discutido com órgãos ambientais.

“Desde o ocorrido, em 25 de janeiro, a empresa iniciou um detalhado monitoramento do rio, com coletas de amostras diárias de água, solo e avaliação dos níveis de turbidez. Atualmente, são 65 pontos de monitoramento em pontos acima do local do rompimento da B1, no córrego Ferro Carvão, nos rios Paraopeba e São Francisco, nos reservatórios das usinas de Retiro Baixo e Três Marias, além de outros oito rios tributários do Paraopeba. Foram coletadas amostras de rejeitos em 30 pontos próximos à B1 (inclusive dentro da barragem) e 12 ao longo do rio”, afirmou no documento.

Tags:
Facebook LinkedIn Twitter YouTube Instagram Telegram

Siga-nos nas redes sociais

Comentários

    Receba novidades no seu e-mail

    Ao preencher e enviar o formulário, você concorda com a nossa Política de Privacidade e Termos de Uso.

    Facebook LinkedIn Twitter YouTube Instagram Telegram

    Siga-nos nas redes sociais

    Fique por dentro!
    Cadastre-se e receba os nossos principais conteúdos por e-mail