DC debate a saúde, os rumos da economia e a qualidade da educação

9 de novembro de 2018 às 0h50

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Foto: Michelle Muls

O DIÁRIO DO COMÉRCIO comemorou 86 anos, ontem, com uma edição especial do Diálogos DC, em parceria com a Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg). O estudo da consultoria internacional McKinsey Visão 2030 – Minas Gerais, realizado em 2018, foi o norte da discussão mediada pelo presidente do DIÁRIO DO COMÉRCIO, Luiz Carlos Motta Costa.

O tema “Qualidade da Educação, Saúde, Desenvolvimento Econômico em Minas Gerais” foi desenvolvido pelo presidente da Fiemg, Flávio Roscoe; o sócio da Mckinsey & Company Brasil, Henrique Ceotto; e o chairman do Conselho Global de Clientes da McKinsey, Nicola Calicchio.

O estudo é um recorte da pesquisa Visão Brasil – 2030, realizado em 2014. Os dados apresentados analisam os setores de Educação, Saúde e Desenvolvimento Econômico. “Esse estudo começou em 2013, como uma visão de um conjunto de empresários alinhada muito mais sobre um projeto de País do que sobre um projeto de governo. É importante ver o diagnóstico, saber que os indicadores não evoluíram. Precisamos pensar como formamos uma coalizão da sociedade civil para avançar”, afirmou Calicchio.

O tema Educação foi o primeiro a ser apresentado. A conclusão do estudo é que nesse quesito Minas Gerais andou para trás. O estudo mostra piora expressiva na Avaliação Nacional de Alfabetização, que avalia a proficiência das crianças de até oito anos. Em 2011, os alunos mineiros atingiram 89% de proficiência adequada ou desejável. Em 2016, esse número havia caído para 62%, resultado impulsionado pela paralisação, em 2014, do Programa de Intervenção Pedagógica, iniciado em 2007.

“Dos sete objetivos analisados pelo estudo, o Estado regrediu em quatro, avançou em dois e ficou estagnado em um. Nos chama a atenção a falta de capacidade de implementação de ações mais globais, como a reforma do ensino médio, por exemplo, e a paralisação de programas que trouxeram resultados já mensurados. Com o fim do Programa de Intervenção Pedagógica todos os resultados da educação fundamental no Estado caíram”, pontuou Ceotto.

O estudo da McKinsey trouxe, ainda, uma série de “casos de sucesso” que podem ser aproveitados pelo Estado como inspiração para o avanço nas metas:

Programa de Intervenção Pedagógica (PIP) – elevou a colocação do Estado no ranking de educação, saindo da penúltima para a segunda posição. Com duração de dois anos, o programa levou gestão às escolas, criando planos de aula, estruturando as rotinas e fazendo acompanhamento frequente dos resultados;

Competições para melhoria da alfabetização – o programa Race to the Top, nos Estados Unidos, e o Programa Alfabetização na Idade Certa (PAIC), no Ceará, incentivaram investimentos na área de educação;

Planejamento estratégico de educação profissional – reformulação da educação técnica, criando mecanismos de participação de empregadores na definição dos padrões curriculares de formação profissional, além de criar uma autoridade reguladora para acompanhar a qualidade dos cursos técnicos;

Estratégia para desenvolvimento da cidadania global – países como Colômbia e Vietnã incentivaram o ensino da língua inglesa através de uma avaliação das habilidades dos professores da rede pública e de programas de formação e treinamento intensivo;
Estratégia de digitalização da educação – o aprendizado de habilidades digitais também é uma questão-chave para o futuro dos jovens, por isso a importância do contato com ferramentas digitais;

Estratégia de expansão da educação para primeira infância – cada dólar investido em primeira infância produz sete de retorno para a sociedade;

Estratégia de capacitação de professores em nível estadual e municipal – estratégicas para apoiar os professores e melhorar as práticas em sala de aula, resultando em melhorias na prática do ensino.

A série Diálogos DC, que chegou à 20ª edição, é promovida pelo Movimento Minas 2032 – projeto idealizado pelo DIÁRIO DO COMÉRCIO, lançado oficialmente em novembro de 2017, cujo objetivo é criar um ambiente favorável ao desenvolvimento econômico de Minas Gerais.

“Esse é um debate essencial para o Brasil nos próximos anos. O País está em um momento muito relevante, de mudanças e tem poucas propostas sobre a mesa. Agora vamos discutir o Brasil de longo prazo. O Brasil que existe hoje é o Brasil cujos prazos são até a próxima eleição. Enquanto deixarmos os políticos agirem sob essa ótica, o discurso vai nos vencer”, alertou Roscoe.

“Em 2013, por ocasião dos 80 anos do DIÁRIO DO COMÉRCIO, lançamos o Movimento Minas 2032. Agora, um olhar para o futuro, resgate do conceito de planejamento e de fuga do imediatismo. Temos vivido em função da próxima eleição e não podemos seguir assim”, completou Costa.

EDUCAÇÃO

A aspiração definida no Visão Brasil 2030 para a Educação era “devolver às crianças e aos jovens o direito de sonhar, promovendo a todos o acesso à educação de qualidade”. Esse objetivo estaria mais próximo de ser atingido se cumprisse quatro metas:

• Alcançar taxa de conclusão da educação básica de 95% dos jovens com idade de até 19 anos até 2022;

• Expandir o acesso ao ensino técnico e superior para 60% dos adultos acima de 25 anos;

• Estar entre os 30 primeiros colocados do PISA – ranking internacional de educação;

• Alcançar 100% de estudantes com aprendizado adequado para as suas séries até 2030.
No entanto, avaliando os resultados obtidos nos últimos anos, o Estado de Minas Gerais se encontra estagnado na área de educação:

• Entre 2009 e 2015, o Estado caiu da 3ª para a 4ª posição no ranking brasileiro interno do Programa Internacional de Avaliação de Alunos (Pisa). Em 2015, Minas Gerais ocuparia a 54ª posição entre países;

• O Estado permanece com mesmo nível de alfabetização e 38% das crianças mineiras do 3º ano do ensino fundamental têm nível insuficiente em leitura e matemática;

• Ao final do ensino fundamental, 80% dos jovens não têm aprendizado adequado em matemática, o que se reflete na escassez de oportunidades para que os jovens possam romper o ciclo da pobreza e ascender socialmente;

• Apenas 14% da população mineira com mais de 25 anos concluiu o ensino superior – taxa bem abaixo da média nacional e de outros países-referência.

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(DM)

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