Turismo: 7 de setembro anima trade no Estado

Destinos preferidos dos turistas continuam sendo os mais perto de casa e que oferecem atividades ao ar livre

17 de agosto de 2021 às 0h25

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Alta temporada, que vai até setembro, está bastante aquecida na região Sul de Minas Gerais | Crédito: Divulgação

Ao passo que avança a vacinação contra o Sars-CoV-2, a confiança para viajar reaparece entre os brasileiros. Os destinos preferidos continuam sendo os mais perto de casa e que oferecem atividades ao ar livre.

O primeiro feriado nacional do segundo semestre, com direito a uma emenda de quatro dias, é um indicativo da tão sonhada retomada. A expectativa dos empresários do setor, especialmente do segmento de hospedagem para o feriado de Independência é grande. E não é para menos. O volume de receitas do setor encolheu 36,6% em 2020, segundo dados da Confederação Nacional do Comércio de Bens e Turismo (CNC).

Protocolos sanitários e atenção ao noticiário com os números da pandemia seguem fazendo parte da rotina de empreendedores e viajantes. De acordo com números divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) em abril de 2021, o índice de atividades turísticas apontou expansão de 2,4% na virada de janeiro para fevereiro. Mesmo assim, o setor ainda precisa crescer 39,2% para retornar ao patamar de fevereiro de 2020, antes da pandemia.

Segundo o presidente da Associação Brasileira de Agentes de Viagem de Minas Gerais (Abav-MG), Alexandre Brandão, é possível falar em retomada do setor à medida que a vacinação avança. 

“Notamos um aumento substantivo na procura por viagens. Isso pode ser observado pela colocação de voos extras nesse período para destinos como Foz do Iguaçu (PR), Porto Seguro e Ilhéus (BA) e Recife (PE). Além disso, destinos mineiros como Tiradentes (Campo das Vertentes), Ouro Preto, Lavras Novas e Serra do Cipó (região Central), somados às cidades históricas de Diamantina (Vale do Jequitinhonha); Mariana e Conceição do Mato Dentro (região Central) têm registrado aumento. Também alia-se a elas ecodestinos em torno da Capital e no Sul de Minas, que ainda aproveita o final da temporada de inverno”, explica Brandão.

Hotelaria

Em Minas Gerais as centrais de reserva dos hotéis vivem dias controversos. Se de um lado, o sonho é atender todas as consultas, completando a lotação e, assim, minimizar parte dos prejuízos dos últimos 18 meses, de outro, a responsabilidade e a legislação impede a ocupação máxima e deixa turistas dispostos a gastar do lado de fora.

O Santuário do Caraça vive esse dilema. Instalado há mais de dois séculos na majestosa Serra do Caraça, entre os municípios de Santa Bárbara e Barão de Cocais, na região Central, o antigo colégio nega hospedagem para quem faz a procura com menos de seis meses de antecedência.

De acordo com o gerente-geral do Santuário do Caraça, Márcio Mol, o hotel tem limitado a ocupação a 50% e só recebe 250 pessoas por dia, somando hóspedes e visitantes avulsos. Antes da pandemia, a reserva particular do patrimônio natural (RPPN) chegava a receber mais de 750 pessoas por dia durante os fins de semana.

“A procura é muito grande e, praticamente, não temos mais vagas para 2021. Se liberássemos todas as acomodações, certamente lotaríamos o hotel com facilidade. Preferimos, porém, fazer uma abertura lenta, mantendo todos os protocolos. Isso é muito importante para preservarmos nossos clientes e colaboradores. Não adianta lotar o hotel agora e no mês que vem não podermos receber ninguém”, pondera Mol.

A opção pressiona as finanças do Santuário e da própria região, já que o lugar é um indutor da economia dos municípios do entorno. A opção, porém, é avaliada positivamente. Os hóspedes seguem buscando informações sobre os protocolos adotados, os números da Covid-19 na região e também sobre a situação das barragens de minério, já que a Serra está em uma região de mineração intensa.

“As pessoas querem viajar e têm buscado lugares mais próximos, com atrativos ao ar livre. Outro ponto forte do Caraça é a experiência espiritual, também muito valorizada nesses tempos. Essa é uma oportunidade ímpar para a valorização do turismo regional, mas sentimos falta de uma política pública para isso. As pessoas seguem preocupadas com a doença e também com as barragens. Essa é uma questão que segue prejudicando o turismo na nossa região”, pontua o gerente-geral do Santuário do Caraça.

Atividades ao ar livre e sensação de segurança são pontos chaves para atrair o turista calejado pela pandemia e ávido por um pouco de alívio. Um dos principais destinos de Minas Gerais, Monte Verde (distrito de Camanducaia), no Sul de Minas, se prepara para o feriado com ansiedade. De acordo com a presidente da Agência de Desenvolvimento de Monte Verde (Move), Rebecca Wagner, a expectativa é de que o próximo decreto municipal libere os hotéis para receberem na sua capacidade máxima.

“Com o feriado prolongado os pacotes são de sexta a terça e isso é muito promissor. Acreditamos que vamos ter ocupação plena. Somos sempre otimistas. Foi surpreendente a procura por Monte Verde mesmo durante a pandemia. Os cuidados permanecem os mesmos e estamos felizes com a retomada. E a melhor notícia é que estamos há mais de 10 dias sem nenhum caso de Covid-19 na cidade”, afirma Rebecca Wagner.

Hotelaria rural acabou sendo mais procurada na pandemia por ter um risco minimizado | Crédito: Divulgação

Hotéis-fazenda ganham espaço em tempos de pandemia

Hotéis-fazenda têm se mostrado uma excelente opção para quem quer uma viagem rápida e sem aglomeração. Em Santana dos Montes, na região Central, o tradicional Hotel Fonte Limpa capricha ainda mais nas atividades ao ar livre e tem nos chalés um diferencial.

Segundo o proprietário do Fonte Limpa, Bruno Nogueira, a busca é forte, e mesmo durante os períodos mais duros da pandemia os hóspedes nunca se afastaram totalmente.

“A hotelaria rural acabou sendo mais procurada por ter um risco minimizado com muita área verde e atividades em áreas abertas. Aqui no hotel a gente tem os chalés ainda mais isolados que oferecem uma sensação de segurança muito grande. Continuamos controlando a ocupação do hotel de acordo com o Programa Minas Consciente. Para a hotelaria rural podemos falar em recuperação à medida que as restrições são retiradas. É mais uma questão mais de regulamentação do que demanda. A expectativa é falar em sustentabilidade dessa recuperação. Que a vacinação permita que a gente volte a uma vida normal, sem as dificuldades dos últimos tempos”, explica Nogueira.

Reconhecida como a “Melhor Pousada da América do Sul” pelo prêmio “Traveller’s Choice ‘Best of the Best”, oferecido pelo maior portal de viagens do Mundo, o TripAdvisor, a Pousada Casa Campestre, em Gonçalves, no Sul de Minas, também já está com as reservas esgotadas.

De acordo com o sócio e proprietário da Casa Campestre, Jefferson Renó, a recuperação está sempre atrelada à manutenção dos índices de transmissão da Covid-19 controlados e a região dentro da onda verde do Programa Minas Consciente.

“Podemos dizer que estamos em recuperação e seguimos muito confiantes. A alta temporada, que vai até setembro, está bastante aquecida e, com certeza, vai nos auxiliar nesse processo de retomada. A grande maioria das pessoas que se hospedam conosco se interessa pelos protocolos de segurança. Isso tem sido um diferencial, pois mantemos o mesmo rigor desde a reabertura”, destaca Renó.

Estreantes

Também no Sul de Minas, dessa vez na cidade de Coqueiral, a equipe da Ecaffe – Pousada Conteiner, se prepara para o seu primeiro “7 de setembro”. A pousada, que está inovando ao lançar um conceito de hospedagem de imersão em lavoura de café, está com as reservas completas.

Eles adaptaram contêineres de exportação de café e transformaram em quartos, em uma lavoura centenária, sem abrir mão de todos os cuidados que uma boa hospedagem exige e nem dos protocolos de segurança sanitária. O hóspede tem acesso a trilhas guiadas e diversos profissionais, com destaque para a gastronomia cafeeira.

De acordo com a proprietária da Ecaffe, Kelly Ferreira, os hóspedes estão animados com a vacinação, mas seguem preocupados com os protocolos sanitários e buscam, principalmente, aconchego e tranquilidade.

“Percebemos que a pandemia teve o efeito de ‘desacelerar’ as pessoas. Elas estão muito mais em busca de uma reconexão com a natureza e a própria história. Vejo pessoas emocionadas por poder tomar o café em uma xícara esmaltada, por exemplo. Também uma valorização do que está próximo. A maior parte dos nossos hóspedes é de São Paulo, mas o número de pessoas da própria região vem crescendo. A hospedagem hoje se volta, sinceramente, para o bem-estar, o cuidado com as pessoas no lugar do luxo pelo luxo”, avalia Kelly Ferreira.

Outros lugares

Se é verdade que os turistas mineiros estão valorizando destinos regionais, também é certo que não abandonam antigos amores. Do lado paulista da Serra da Mantiqueira, a Pousada Quilombo, em São Bento do Sapucaí, se prepara para receber hóspedes de todo o Brasil, especialmente os mineiros. Inserido em 170 mil metros quadrados de área verde, com vistas para a Pedra do Baú e montanhas do Sul de Minas, o lugar oferece 40 confortáveis apartamentos, piscinas e áreas de lazer, estrutura para eventos corporativos e festas, relaxamento e esportes.

Segundo a proprietária da Pousada Quilombo, Helena von Simon, a proximidade faz com que os mineiros se animem a conhecer os encantos do outro lado da Serra em tempos em que a preferência é por viagens curtas.

“A expectativa para o feriado é boa no geral. Será o primeiro feriado do semestre e estamos com bastante procura. O público do Sul de Minas tem viajado mais para a nossa região e esperamos que nesse feriado não seja diferente”, afirma Helena Von Simon.

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