EDITORIAL |A realidade nua e crua

13 de junho de 2019 às 0h02

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Crédito: Marcos Santos/USP Imagens

As dificuldades que o País enfrenta, face à virtual impossibilidade de ajustar e reequilibrar suas contas, são consequências das distorções abrigadas na Constituição de 1988, chamada “cidadã”, mas na realidade instrumento de garantia de privilégios diante dos quais, pura e simplesmente, o Estado perdeu suas condições de sustentação. São constatações de um empresário mineiro, para quem enfrentar a realidade demanda, em primeiro lugar, conhecê-la. E ele começa apontando que os gastos com o sistema de previdência já somam R$ 730 bilhões/ano, enquanto à área de saúde são destinados R$ 130 bilhões e à educação outros R$ 120 bilhões. Estes números, mais que refletir o desequilíbrio, nos ajudam a compreender que tal situação não tem como ser sustentada, num país em que falta tudo para a maioria.

Este ano, frustradas, por enquanto, as melhores expectativas, o que se constata é que o Brasil de hoje é muito mais pobre que o Brasil de 1990, as unidades federativas estão falidas e imobilizadas e em Minas, numa situação que não é singular, os gastos com funcionários inativos já superam despesas com o contingente ativo. É preciso ter em conta também que as despesas com aposentadorias e pensões alcançam apenas 9% da população, melhor evidência de que a receita do Estado brasileiro foi literalmente sequestrada. Falta apontar e desmascarar os grupos de interesse, presentes na Constituinte, que criaram esta situação, armadilha que agora tentam evitar que seja desarmada. A paridade, por exemplo, é um dos absurdos a serem denunciados, porque insustentável ao longo do tempo, ao mesmo tempo em que o próprio conceito de direito adquirido não encontra amparo definitivo no mundo real, ficando assim mais próximo da aberração.

Tudo isso quer dizer também que estamos falando e atuando em torno de interesses próprios, muito particulares, enquanto o interesse público é posto de lado. Gastamos mais do que podíamos, gastamos pessimamente, e as consequências estão aí. Estamos fazendo déficit não para investir e crescer e sim para sustentar as corporações que assaltaram o Estado, permitindo que o País caminhe rapidamente para um abismo sem saída, questão de no máximo 2 ou 3 anos. Assim a grande pergunta que está por ser feita é na realidade uma escolha fundamental para todos os brasileiros, em especial aquela parcela amplamente majoritária, mas aprisionada pelas castas e corporações.

Feito o diagnóstico, ou desabafo, conclui o empresário, levando a um grupo bastante seleto um alerta que não se pode desconsiderar: “Estamos tratando com dipirona um paciente que está com câncer”.

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