EDITORIAL | Fazer mais e fazer melhor

10 de maio de 2019 às 0h02

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Créditos: Alisson J. Silva/ARQUIVO DC

Enquanto no Ministério da Economia surgem novos sinais de que o economista Paulo Guedes prossegue afiando a faca para cortes no orçamento do chamado Sistema S, o novo presidente do Sebrae, o mineiro Carlos Melles, propõe uma fórmula conciliatória. Sua ideia é firmar um contrato de gestão com a administração federal, definindo os serviços prestados e seus custos, além de abrir espaços para ampliar sua atuação, conforme a demanda do próprio governo.

Dessa forma, entende, o Sebrae, mesmo que custeado por empresas privadas, sem depender de recursos públicos, estaria prestando conta de suas atividades, ajudando a desmistificar a versão de que seria uma “caixa-preta” a ser aberta. Na mesma medida, acredita o novo presidente, estaria derrubando os argumentos dos que enxergam desperdícios e defendem cortes que poderiam chegar a até 50% sobre os orçamentos atuais.

Melles, ex-deputado federal, é pragmático o suficiente para dizer que está apenas interpretando a nova ordem e os novos tempos, o que, no seu entendimento, ainda não foi compreendido pela totalidade do Sistema S.

Racionalidade e disciplina são, independentemente das circunstâncias, impositivas, seja no setor publico, seja no privado. E o próprio Sistema S, concebido para garantir, principalmente, formação e qualificação de trabalhadores, oferece exemplos de bons resultados que tem, inclusive expressão e reconhecimento internacional. Os desvios, que existem e estão mapeados, são exceção e não a regra. O próprio Sebrae, que nasceu em Minas, bem ilustra o que estamos tentando demonstrar e o mesmo se aplica a instituições como o Sesi e Senai, diretamente responsáveis pela formação, com qualidade, de milhões de trabalhadores.

Tudo isso, vale repetir, só foi possível graças à mobilização e aos recursos da iniciativa privada, através de contribuições diretas das empresas, apenas circunstancialmente recolhidas e repassadas pela administração pública, cobrindo pelo menos 67% de seus gastos. Melles tem toda razão ao defender que a tal “caixa-preta” seja aberta exatamente para ajudar a construir uma visão mais clara do que faz e, sobretudo, de como são custeadas as atividades do Sistema S e das federações empresariais que lhe dá suporte.

É fundamental, contudo, que a nenhum título tal alinhamento, que deve ser por natureza colaborativo e harmônico, abra espaços para qualquer tipo de submissão, menos ainda para que os recursos do Sistema que, repetimos, são privados, sejam subtraídos por algum gesto impositivo que não encontra qualquer amparo legal. A realidade é que o Sistema já fez muito e poderá fazer mais ainda se houver, como imagina o presidente nacional do Sebrae, uma interação mais efetiva com a esfera pública, em moldes colaborativos e com a transparência que seus reais financiadores também desejam.

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