EDITORIAL | O Brasil é que vem primeiro

18 de abril de 2019 às 0h02

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Representantes da Petrobras estão no exterior buscando novos mercados para o produto nacional - Agência Petrobras

O mercado, esta entidade que não tem rosto nem endereço, mas um poder que parece não ter limites, andou agitado nos últimos dias. E por conta do que teria sido uma intervenção do presidente Bolsonaro na política de preços praticada pela Petrobrás, sustando um novo reajuste nos preços do óleo diesel.

Com as ações da estatal em significativa baixa, as bolsas alvoroçadas e o mercado financeiro mais agitado que o habitual, o governo teve que agir rápido.

Disse que apenas pedira informações sobre a questão, recomendando prudência e consistência nas decisões tomadas, lembrando quanto e como os preços dos derivados do petróleo afetam a todos. Prevaleceu, no entanto, e por óbvia conveniência, a ideia da interferência impertinente, até do retorno de uma política populista, numa claríssima exibição da força dos interesses em jogo.

Já foi dito nesse espaço, mas nunca será demais repetir. A Petrobrás, mesmo tendo ações negociadas até na Bolsa de Nova Iorque, não é uma empresa como qualquer outra e seus ganhos mais relevantes não se dão, necessariamente, na acumulação de lucros.

A empresa, que está entre as maiores petrolíferas do planeta, tem que ser encarada como um instrumento estratégico para o País, exatamente para preservá-lo das injunções do mercado petrolífero global, fonte permanente de especulação

Quem, a qualquer título, coloca o Brasil em primeiro lugar não tem como pensar de outra forma, assim como não pode aceitar que os preços praticados internamente sejam aqueles resultantes da especulação.

Foi exatamente para escapar dessa armadilha que o País, a partir da crise de meados dos anos 70, lutou e investiu tanto para chegar à autossuficiência, desenvolveu a tecnologia de exploração em águas profundas, o que lhe permite chegar ao volume de produção atual.

As contas, como pediu o presidente da República, têm que ser, no mínimo, transparentes. É preciso saber exatamente quanto custa à Petrobrás cada barril extraído, bem como os custos de refino e transporte, num balanço em que evidentemente entram também os custos dos derivados importados e margem para sustentar investimentos.

A formação de preços, para o consumidor final, tem que se dar a partir desses elementos, exatamente como é feito em países que não costumam se curvar a interesses estranhos.

Não há como nem porque ser diferente e as reações aqui comentadas, recheadas de mentiras ou meias verdades, somente reforçam essa ideia.

Ninguém em sã consciência quer quebrar a Petrobrás e não é este o caso. Da mesma forma não faz sentido aceitar sacrifícios impertinentes apenas para alimentar os ganhos de especuladores e é fundamental que este assunto seja esclarecido de uma vez por todas.

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