[EDITORIAL] O pacto por Minas Gerais
4 de janeiro de 2019 às 0h01
Embora tenha afirmado que não recebeu, durante o período de transição, informações adequadas sobre a real situação financeira do Estado, o governador Romeu Zema disse, no seu discurso de posse, encontrar Minas Gerais em situação de virtual falência. No dia seguinte, antes da primeira reunião com o secretariado, voltou ao tema e voltou a afirmar que é preciso abrir a “caixa-preta” das finanças estaduais, mesmo sem saber se lá encontrará baratas, escorpiões ou víboras. Certo mesmo, para ele, é que por enquanto não existe nenhuma condição de regularizar o pagamento da folha do funcionalismo, aí incluído o 13º que deveria ter sido liquidado no mês passado.
Na posse, o hoje governador disse em seu discurso que superar as dificuldades significa mais que cortar despesas – aí incluídos mordomias, luxos e desperdícios – ou alavancar receitas. Para ele, o esforço verdadeiro começa com um pacto dos três poderes e de toda a sociedade, consciente das dificuldades a enfrentar e disposta aos sacrifícios que forem necessários. Sem isso, sem mudanças substanciais, não há como retornar à normalidade, com pagamentos em dia, inclusive a fornecedores; para que os repasses às prefeituras voltem à normalidade e que sejam restabelecidas condições de investir. Afinal, lembra, o objetivo maior é fazer de Minas Gerais o Estado mais atraente para investidores.
Feito o diagnóstico é preciso, de fato, conhecer as causas desses males ou, como foi dito, abrir a tal “caixa-preta”. Abrir para aprender e para entender de uma vez por todas que despesas não podem ser maiores que as receitas que também não podem ser quase integralmente comprometidas com funcionários ativos e inativos. Abrir para entender exatamente como o desvio ocorreu, considerando que a gestão tucana, patrocinadora do tal “choque de gestão”, proclamava saudável equilíbrio das contas públicas, enquanto os petistas que os sucederam disseram ter encontrado o caixa vazio e, pior, dívidas acumuladas. Onde, afinal, está a verdade?
O entendimento da realidade será um dos pressupostos do pacto por Minas Gerais, para que dele surja o caminho das correções, levando à receita da simplicidade e austeridade que o novo governador também promete. Nessa direção, apoio, com toda certeza não lhe faltará, como afinal assinalam entidades de classe de representação empresarial ao prometerem trabalhar conjuntamente para resgatar os valores e o protagonismo tão caros aos mineiros.
Agora cabe torcer, cabe esperar que as barreiras sejam de fato removidas, abrindo-se espaços para o novo e o que faça diferença, o que significa também o resgate de valores que nos são caros e representam diferenciais dos quais os mineiros não podem abrir mão.