EDITORIAL | Os problemas e as soluções

16 de outubro de 2018 às 0h01

Bolsa em alta e dólar em queda. Para muitos, o mais evidente sinal de que o mercado recebeu bem os resultados do primeiro turno e de confiança em Bolsonaro, que saiu na frente e parece ter as melhores chances para o segundo turno. Aparentemente, e do ponto de vista dos agentes econômicos, apenas uma avaliação de riscos, que nesse caso seriam supostamente menores. No mundo real as coisas são menos simples e o que se constata, na realidade, é que os candidatos, quase todos, passaram o primeiro turno trocando ofensas e acusações, deixando de lado proposições, todas elas extremamente vagas até agora.

A partir desta semana espera-se, por inevitável, alguma mudança que resultem na apresentação de propostas melhor costuradas, permitindo que se perceba o rumo traçado e como alcançá-lo. Para economistas, acadêmicos e empresários, mesmo aqueles que se apresentam como liberais, tudo o que foi dito até agora, por um e outro, ficou no limite da superficialidade, faltando dizer o que cada um pretende fazer e como pretende fazer. Nessa visão, a questão fundamental continua sendo o ajuste fiscal, nele embutida a imperiosa necessidade de cortar despesas, notadamente aquelas que tomaram a forma de vantagens reservadas exclusivamente às camadas mais altas do funcionalismo público ou o sistema diferenciado de previdência que lhes garante, por exemplo, aposentadoria com salários equivalentes aos de quem permanece na ativa. Essa conta, verdadeira bola de neve, já estourou faz tempo, mas nada garante que exista disposição – ou seria força? – para enfrentar resistências corporativas em que políticos e burocratas se confundem.

Também preocupa a disposição, da parte dos dois candidatos, de afinal encaminhar reformas que permaneceram engavetadas durante décadas, na própria Previdência, no sistema tributário, na política e no Estado. Mudar para quebrar antigos vícios e maus costumes, mudar para aliviar um peso que não pode mais ser suportado. Mudar para ganhar eficiência, alcançando padrões de gestão que tenham competência e mérito como fios condutores. Pode parecer muito, pode ser quase utópico, mas quem não tiver ilusões entenderá que se está falando do básico a ser feito, independentemente de quem, afinal, seja o eleito.

Dito de outra forma, há quem diga que o comportamento das bolsas e do câmbio nesses dias foi mais um reflexo, uma espécie de espasmo ou euforia, que propriamente uma reação consistente e, sobretudo, que possa ser também duradoura. Para alcançar este ponto, e aí criar chances reais de começar a reverter o quadro de dificuldades, faltam respostas que, todos esperamos, sejam dadas nas próximas duas semanas.

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