[EDITORIAL] Salvar o presente, pensar no futuro

22 de fevereiro de 2019 às 0h01

Como é natural e devido, as preocupações gerais continuam concentradas nas condições de segurança das barragens de contenção de rejeitos de minério de ferro e no atendimento às vítimas do colapso da barragem da mineração da Vale, em Brumadinho. O clima é de alarme e medo, além de revolta por conta das evidências que vão surgindo de que houve, da parte da empresa, no mínimo alguma negligência. É preciso atender às emergências, mas é também olhar para o futuro. Estamos falando do futuro de Minas Gerais, do futuro de centenas de milhares de empregos, da renda dos municípios a mineradores, da arrecadação do Estado, cuja condição de penúria o governador Romeu Zema não disfarça.

O ouro de Minas Gerais, no século XVII, fez a riqueza de Portugal, além de aumentar – e muito – a riqueza britânica, financiando em parte a revolução industrial que mudou o mundo. Não foi pouca coisa, mas, num processo de exaustão, estas riquezas se esgotaram em menos de um século, deixando como referência pouco mais que as igrejas barrocas e seu fausto. Minas Gerais, hoje, depende crucialmente do minério de ferro para a composição de seu Produto Interno Bruto, que, conforme já alertou a Federação das Indústrias, poderá cair à metade do esperado apenas por conta do congelamento das atividades da Vale, que fatalmente se refletirá também em outras empresas do setor. Lembrando que antes do desastre de Brumadinho o governador Zema já alertava que a situação financeira de Minas era a pior entre todos os estados, melhor se pode compreender a extensão do problema.

Convém refletir, convém pensar no futuro e, sobretudo, não perder tempo. Minas Gerais precisa saber construir alternativas para sua economia, tendo em conta inclusive que o futuro da indústria de extração mineral está no Pará. Esta primeira constatação nos faz lembrar palavras do próprio governador, que disse ser seu desejo fazer de Minas o melhor Estado para receber investimentos. Certíssimo, sobretudo se esta ação for participativa e bem articulada com os empresários, tendo como objetivo a construção de um novo modelo, menos concentrado e menos dependente. Ou que leve em conta, dentre outros exemplos, o potencial do agronegócio, tendo como chave a transformação – e consequente agregação de valor – dentro das divisas estaduais. É a chance, também, de fortalecer pequenas e médias empresas, inovar e gerar empregos, tudo isso com a velocidade requerida.

Tudo isso sem perder de vista que a Vale, por toda sua história, tem uma conta a acertar com os mineiros, antes que seus principais negócios estejam definitivamente concentrados no Pará.

Tags:
Facebook LinkedIn Twitter YouTube Instagram Telegram

Siga-nos nas redes sociais

Comentários

    Receba novidades no seu e-mail

    Ao preencher e enviar o formulário, você concorda com a nossa Política de Privacidade e Termos de Uso.

    Facebook LinkedIn Twitter YouTube Instagram Telegram

    Siga-nos nas redes sociais

    Fique por dentro!
    Cadastre-se e receba os nossos principais conteúdos por e-mail