EDITORIAL | Hora de pôr mãos à obra

26 de março de 2019 às 0h02

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Créditos: Adriano Machado/Reuters

Enquanto a Câmara dos Deputados começa, ainda que lentamente, a examinar a proposta de reforma do sistema previdenciário e o Executivo reconhece que necessariamente haverá ajustes que podem comprometer as metas do Ministério da Economia, crescem as expectativas de anúncio de medidas destinadas a destravar a economia.

Em Washington, no meio da semana, o ministro Paulo Guedes tocou no assunto, convidou investidores a voltarem a se interessar pelo País, ocupando espaços sobretudo na área de infraestrutura, e voltou a garantir que o setor público será menos hostil ao capital privado.

Perto de completar três meses e chegar ao fatídico cem dias, o novo governo precisa, de fato, pôr foco na questão econômica e ao mesmo tempo deixar de lado questões menores, muitas irrelevantes, num jogo dispersivo e nada produtivo, cujo único resultado é criar dificuldades desnecessárias para o presidente.

O essencial e mais urgente, está claro, é caminhar na direção do ajuste fiscal, que ao contrário do que muitos imaginam está longe de se esgotar na questão previdenciária.

Nesse contexto, não há como perder de vista que a dívida pública, que continua crescendo, consome, e de longe, a maior parte dos recursos, é a conta que mais pesa, mas não é a que merece mais atenção.

Entender esse ponto, do qual tão pouco se fala, é absolutamente essencial, assim como é necessário saber o que estamos pagando, porque estamos pagando, e sobretudo qual é a margem para renegociar, pelo menos em parte, esses débitos.

Também é preciso descer dos palanques para que, tendo em conta a escassez de recursos, sejam postas em prática as prometidas medidas de simplificação e desburocratização, como no caso da legislação tributária, capazes de produzir resultados rápidos e interessantes.

E a normalidade, que abre caminho para a retomada, não será alcançada antes que o reequilíbrio fiscal atinja também estados e municípios, num processo de renegociação que deve ser tanto rápido quanto realístico, além de inteligente.

Tudo isso e mais a consciência de que não há tempo a perder, de um lado por conta das dificuldades que o setor público precisa superar, de outro diante da constatação de que, e ao contrário do esperado, o processo de recuperação da economia está mais lento do que se imaginava, com os 3% de expansão do Produto Interno Bruto esperado para o corrente ano já reduzidos à metade.

Eis porque destravar as rodas da economia é tão importante, sendo afinal criadas condições para expansão dos investimentos, para geração de renda e consumo, além da própria arrecadação.

Nessa caminhada, a rigor tudo ainda está por ser feito e é preciso também saber aproveitar o clima positivo, por enquanto ainda predominante no meio empresarial.

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