Indústria 4.0 vai exigir a redefinição da educação

29 de junho de 2019 às 0h28

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O Ensino Profissional teve o dobro de matrículas nos últimos 10 anos no Brasil, alcançando quase 2 mi de matrículas - Crédito: Divulgação

As mudanças na lógica da cadeia produtiva durante os últimos anos têm alterado também as habilidades exigidas para que os trabalhadores consigam se inserir e se manter no mercado de trabalho. Assim, cada vez mais, a chamada Indústria 4.0 exige uma escola 4.0 para formar e desenvolver essas novas competências.

Composto por 48 milhões de alunos o sistema educacional brasileiro possui 2,2 milhões de professores em mais de 180 mil escolas espalhadas pelo País, segundo dados do Censo da Educação Básica de 2018. Em Minas Gerais, são 4,6 milhões de crianças e jovens em mais de 16 mil escolas, atendidos por 230 mil professores.

Do total de matrículas no Brasil, 81% são da rede pública, enquanto em Minas, 85% das matrículas estão na escola pública. Nesse contexto, a especialista em Desenvolvimento Industrial da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Ana Luiza Snoeck, ressalta a necessidade de investimentos por parte do poder público.

“Se queremos realmente melhorar a educação no País, é necessário um compromisso com a educação pública para que seja possível dar o salto na educação que precisamos”, afirma.

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Descompasso da matriz educacional – Considerado pilar importante para o desenvolvimento econômico de qualquer país, o Ensino Profissional teve o dobro de matrículas nos últimos 10 anos no Brasil, alcançando quase 2 milhões de matrículas, segundo o Censo da Educação Básica do ano passado.

Apesar desse esforço, a especialista da CNI pontua que o País ainda está distante dos países desenvolvidos. Na União Europeia, 50% dos alunos que estão no Ensino Médio fazem de forma integrada algum curso técnico, de acordo com levantamento do Centro Europeu para o Desenvolvimento da Formação Profissional (CEDEFOP) divulgado em 2017. No Brasil, apenas 11% dos estudantes do Ensino Médio fazem Educação Profissional, como aponta o Censo da Educação Básica de 2017.

“A maioria dos jovens brasileiros do Ensino Médio faz uma formação geral, que prepara para o Ensino Superior. Porém, na análise das matrículas do Ensino Superior, apenas 18% estão efetivamente na universidade, que é um grande gargalo no País”, explica Snoeck.

Uma das consequências desse descompasso da Matriz Educacional é o alto percentual de jovens brasileiros que não estudam nem trabalham. Dados do IBGE/Pnad Contínua 1º trimestre 2019 indicam que são 7 milhões de jovens com idade entre 18 e 24 anos nessa condição no País, representando 31% da população nessa faixa etária. Em Minas, 600 milhões de jovens não trabalham nem estudam, número que representa 27% da população na mesma idade.

O custo social e econômico dessa marginalização é preocupante na avaliação de Ana Luiza Snoeck, uma vez que esses jovens não estão avançando na escolaridade e na qualificação, o que dificulta a entrada e a permanência no mercado de trabalho. O envelhecimento da população é outro fator que, segundo a especialista, leva à necessidade de formar e qualificar todos os jovens.

“Se o Ensino Médio oferecesse uma certificação, seria mais fácil a entrada no mercado de trabalho. Ampliar as matrículas na Educação Profissional já nesse momento da escolarização seria extremamente relevante”, comenta.

Eficiência – No ensino profissionalizante, Minas Gerais dispõe de um modelo de eficiência no Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai). Com um melhor custo por aluno em comparação a unidades de outras regiões do País, o número de estudantes matriculados cresceu de 99.462 em 2017 para 103.260 em 2018 nas 83 unidades instaladas em 68 municípios.

Atualmente, 83% dos jovens atendidos pelo Senai em Minas são de escola pública e 84% dos jovens aprendizes são contratados pelas 27 áreas da indústria atendidas pelo serviço.

“Com muito orgulho, somos referência no País. Para cada matrícula na rede federal de escolas profissionalizantes, o Senai consegue oferecer 2,6 matrículas, mesmo considerando que no Serviço estão incluídos custos previdenciários que não existem na área federal”, pontua o presidente da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg), Flávio Roscoe.

Somos referência em educação profissionalizante no País, orgulha-se Flávio Roscoe – Crédito: Divulgação

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