Indústria têxtil: produção do setor deve recuar 2% neste ano

14 de dezembro de 2018 às 0h05

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Projeções iniciais do setor apontavam para um incremento de até 4% na produção de 2018 - FOTO: DIVULGAÇÃO


A indústria têxtil nacional deve fechar 2018 com uma queda de 2% na produção sobre 2017. Este resultado é muito abaixo do esperado, uma vez que as previsões eram de crescimento entre 3,5% e 4% no período. Além disso, pressionado pelo aumento das importações e queda das exportações, o setor pode fechar até 27 mil postos de trabalho neste ano. Por outro lado, indicadores como a inflação controlada, juros baixos, retomada do crédito e o retorno da confiança de investidores, aliados às expectativas do novo governo do presidente eleito Jair Bolsonaro, trazem projeções positivas para 2019, cuja estimativa da Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção (Abit) aponta para um crescimento de 3% na produção setorial.


“A troca de governo gera expectativas de melhora, mas existem fatores, como taxa de juros baixa, inflação comportada, volta do crédito, ociosidade da economia e o fato de a economia já estar crescendo, mesmo que não seja como esperávamos, que reforçam essa expectativa e há espaço para retomada. Se a economia andar, as reformas caminharem, o grau de confiança aumenta. Uma parte é expectativa, mas outra parte é baseada nesses indicativos”, analisou o presidente da Abit, Fernando Pimentel.


Ainda sobre o desempenho do setor em 2018, Pimentel explicou que o ano não começou mal. Porém, a partir de maio, com a greve dos caminhoneiros, depois, um inverno pouco rigoroso e pouco definido, Copa do Mundo de futebol e incertezas diante das eleições presidenciais, o desempenho começou a cair, o que gerou o corte de empregos, redução de margens e aumento do endividamento das empresas.


De janeiro a outubro, por exemplo, a indústria têxtil nacional cortou 2,8 mil postos de trabalho, 768 só em Minas Gerais, que é o terceiro maior produtor têxtil do Brasil, com participação de 12% na produção do País, atrás apenas de São Paulo e Santa Catarina. No Estado, segundo Pimentel, são mais de 7 mil empresas do setor, responsáveis pela geração de 90 mil empregos formais e por um faturamento anual da ordem de R$ 18 bilhões.


Além da perda de empregos, o aumento dos custos de matérias-primas, como o algodão, fibras sintéticas e energia elétrica, pressionou as margens de empresas mais robustas do setor e ajudou a aumentar o endividamento de empresas de menor porte. Em ambos os casos, os empresários se viram incapazes de repassar a elevação dos custos para a ponta do varejo.


“Empresas mais saudáveis reprimiram margens e reduziram investimentos. As (empresas) de menor porte sofreram mais e estão mais endividadas. Isso é um fator que pode limitar uma reposta positiva em 2019, mas se a economia retomar e novos pedidos começarem a entrar para as empresas, isso pode incentivar a tomada de crédito até mesmo para capital de giro, que, para o setor, é o que dá continuidade para as operações”, afirmou.

Importações – Outro problema enfrentado em 2018 foi o aumento de 5,7% nas importações do setor sobre 2017 e a queda de 1,2% nas exportações, no mesmo confronto. Conforme o presidente da Abit, o resultado desta equação, com dólar valorizado, foi dificuldade de competir no mercado externo e ainda ter que concorrer com a entrada de importados, o que também ajudou a sacrificar empregos no segmento.

Expectativas – Para 2019, o representante da indústria têxtil nacional reforçou que as expectativas precisam ser de fato concretizadas e isso só vai acontecer, segundo ele, se “as reformas que atendem às necessidades de equilíbrio das contas públicas e de implantação de um sistema tributário favorável ao investimento” progredirem no Congresso.


Entre tendências do setor apontadas por Pimentel, ele destacou o design como um diferencial, a sustentabilidade, uma produção próxima a toda a cadeia de valor, com a fronteira entre indústria e varejo cada vez mais tênue, além de novas formas de se fazer negócio, considerando um consumidor mais consciente e as mídias sociais.

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