Inovação reduz efeitos das mudanças climáticas

23 de março de 2019 às 0h04

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Na Embrapa, esforços resultaram em uma soja geneticamente modificada com resistência à seca - Créditos: Divulgação

Dia 22 de março, é comemorado o Dia Mundial da Água, data criada pela Organização das Nações Unidas (ONU) em 1993 para estimular a reflexão sobre a importância da preservação desse recurso natural, que é sinônimo de vida e está ameaçado pelo aquecimento global.

Segundo pesquisa publicada em 2018 na revista científica Nature Climate Change e conduzida por membros do Centro de Pesquisa Ambiental de Helmholtz (UFZ), além de cientistas dos Estados Unidos, Holanda e Reino Unido, se a Terra se aquecer em três graus celsius, os eventos extremos – como secas e inundações – poderão se tornar comuns no futuro.

Para minimizar os danos das mudanças climáticas, a biotecnologia tem se dedicado ao desenvolvimento de plantas geneticamente modificadas resistentes a estresses abióticos, como a salinidade e a falta de água. O Conselho de Informações sobre Biotecnologia (CIB) reuniu alguns dos mais promissores trabalhos de engenharia genética que podem contribuir para a preservação desse precioso recurso.

Resistência à seca – Uma das estratégias usadas pelos pesquisadores é identificar genes que possam ser utilizados para aumentar a eficiência do uso da água em plantas.

É exatamente o caso do Ripe (do inglês Realizing Increased Photosynthetic Efficiency for sustainable increases in crop yield), grupo que tem como objetivo melhorar a eficiência da fotossíntese para incrementar o rendimento de culturas agrícolas por meio da engenharia genética.

Fundado em 2012, o Ripe já conseguiu ampliar a capacidade fotossintética de plantas, resultando em uma produtividade 15% maior. O próximo passo é reunir em uma só planta o avanço já conquistado com a capacidade de economia de água.

Isso seria feito por meio da manipulação do gene responsável pela produção da proteína PsbS, que provoca o fechamento dos estômatos – poros microscópicos que controlam a entrada e saída de gases nas folhas das plantas.

São esses órgãos que permitem a entrada do dióxido de carbono, utilizado como combustível para a fotossíntese e a evaporação da água. Controlar geneticamente o fechamento dos estômatos poderia diminuir a perda de água da planta.

Resistência à seca – No Brasil, a preservação da água também é uma preocupação dos pesquisadores. Algumas instituições já apresentam resultados promissores, a exemplo do Instituto Agronômico (IAC), que identificou uma série de genes que podem ser usados no desenvolvimento de plantas transgênicas com resistência à seca. Já há resultados com canas-de-açúcar.

Outro bom exemplo de aplicação desta tecnologia vem da Embrapa. Pesquisa realizada em parceria com a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) identificou um gene do café que confere resistência à seca. Em uma planta modelo, os resultados foram animadores. O próximo passo é inserir e testar esse gene em plantas de interesse agronômico como soja, milho, trigo, cana-de-açúcar, arroz e algodão.

Na Embrapa Soja, em colaboração com o Japan International Research Center for Agricultural Sciences (Jircas), os esforços resultaram em uma soja geneticamente modificada com resistência à seca. Testes de campo apontam que a produtividade da soja transgênica aumentou cerca de 13% quando comparada a uma variedade não modificada. Apesar disso, ainda são necessários mais testes para a planta chegar ao mercado.

Despoluição de solos e águas – A biotecnologia pode ajudar, ainda, na recuperação de solos e águas contaminadas por meio dos processos de fitorremediação, que usa plantas para absorver poluentes, e biorremediação, que utiliza microrganismos para transformá-los em substâncias menos tóxicas.

A Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) já pesquisa essa possibilidade há uma década, e o professor da instituição e membro do Conselho de Informações sobre Biotecnologia (CIB) Marcelo Gravina afirma, inclusive, que variedades transgênicas de plantas poderiam ser desenvolvidas a fim de ajudar na retirada de rejeitos do ecossistema de Brumadinho, após a tragédia do rompimento da barragem do Córrego da Mina do Feijão, em janeiro de 2019.

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