Invasão chinesa não deve afetar consumo

10 de maio de 2019 às 0h05

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Crédito: Ueslei Marcelino/Reuters

Não é de hoje que os chineses têm se interessado pelos ativos brasileiros e, cada vez mais, participado das rodadas de investimentos em projetos de infraestrutura do País. Trata-se de um movimento de internacionalização da economia brasileira, que, além da China, atrai olhares de Portugal, França e Itália. Esses países reúnem não só recursos financeiros, mas disposição de investir no Brasil, mesmo diante de tantos obstáculos.

Quando os investimentos são especificamente no setor elétrico, os chineses são unanimidade. Com dinheiro disponível e forte apetite ao risco, eles já se tornaram líderes na geração privada de energia no Brasil. E, diante das perspectivas de privatizações de importantes empresas do setor, como a própria Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig), a presença do capital chinês no País tende a crescer ainda mais.

É o que afirmam especialistas consultados pelo DIÁRIO DO COMÉRCIO. O coordenador do grupo de estudos do setor elétrico da UFRJ, Nivalde de Castro, por exemplo, ressalta que a internacionalização da economia brasileira é um processo necessário e sem volta.

Os motivos, segundo ele, são inúmeros, desde a falta de recursos públicos do próprio País para investir em infraestrutura até a inexistência de empresas nacionais dispostas a fazer os aportes.

“O setor elétrico depende de um volume elevado de capital e de investimentos de longo prazo. Daí a necessidade de investidores com saúde financeira para bancar os projetos. Este é um movimento natural, já que o Brasil precisa ampliar sua capacidade instalada de geração, transmissão e distribuição de energia”, explicou.

No entanto, esse interesse não se restringe apenas aos asiáticos. Conforme Castro, portugueses, franceses e italianos também têm aumentando seus interesses por investir no Brasil. “A vantagem é que, geralmente, são grupos sólidos e com tradição no setor, o que garante os investimentos”, afirmou.

Sem risco – Em relação a possíveis impactos ao setor ou aos consumidores a partir da aplicação de capital estrangeiro nesses ativos, o especialista lembrou que não há qualquer risco, pois o governo permanece como regulador. É que o próprio País estabelece as regras e cuida dos investimentos, contratos e atuação por meio da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel).

O diretor da CMU Comercializadora de Energia, Walter Luiz de Oliveira Fróes, avalia a injeção de recursos estrangeiros ou, especificamente, chineses, no País como positiva e saudável. Isso porque, segundo ele, são formas de manter a economia ativa e promover a infraestrutura necessária ao desenvolvimento nacional.

“Sou totalmente a favor do capital estrangeiro e das privatizações, principalmente no setor elétrico. Quando falamos de outros segmentos, pode até haver receio de as multinacionais investirem para reserva de mercado. Mas, neste caso, não tem como encerrar as atividades. Pelo contrário, este tipo de investimento traz um choque de eficiência para o setor, o que, consequentemente, gera benefícios ao consumidor”, opinou.

Já o analista da consultoria Lopes Filho, Alexandre Furtado Montes, comentou que “a invasão” dos chineses no setor tem ocorrido muito em função do baixo custo de capital e competitividade diante dos concorrentes.

No entanto, ele não considera a existência de riscos ou impactos ao consumidor.

“A regulamentação do setor elétrico é muito segmentada, e a tarifa, por exemplo, não mudaria por causa de um capital estrangeiro”.

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