Irrigação puxa retomada do cultivo em Minas

3 de abril de 2019 às 0h05

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Crédito: Divulgação/Seapa

O produtor José Alves de Souza, mais conhecido pelo apelido de Zé Brasil, conhece a cultura do algodão desde os sete anos, quando acompanhava o pai no plantio de sequeiro e os tratos culturais da lavoura, em Catuti, município do Norte de Minas.

Houve um tempo, quando chovia bem, que a colheita rendia até 230 arrobas por hectare. Com as intempéries climáticas e a irregularidade das chuvas que caracteriza o semiárido mineiro, a produção da família foi caindo, chegando a praticamente zero.

“Houve ano em que aumentei a roça e colhi bem menos, em um alto e baixo de produtividade que dependia da vontade de Deus em mandar chuva”, relembra Zé Brasil.

O uso de tecnologias, como a irrigação por gotejamento, tem garantido aos produtores a boa produtividade antiga do algodão cultivado em sequeiro, sem a dependência exclusiva das condições climáticas.

O trabalho de irrigação de salvamento das lavouras é uma ação do governo do Estado, dentro do Programa Mineiro de Incentivo à Cultura do Algodão (Proalminas) e desenvolvido em parceria com a Associação Mineira dos Produtores de Algodão (Amipa).

O projeto de retomada do cultivo do algodão no Norte mineiro envolve 126 agricultores familiares de 12 municípios com ligação tradicional com a cultura.

“Como a região tem um período curto e concentrado de chuvas, o objetivo da irrigação de salvamento é garantir a oferta de água nos períodos críticos de seca, evitando o estresse da planta, que compromete a sua produtividade”, explica o superintendente de Desenvolvimento Agropecuário da Secretaria de Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Seapa), Carlos Eduardo Bovo.

Técnicos da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado de Minas Gerais (Emater-MG) na região vêm recebendo treinamentos para certificação da produção pelo programa Certifica Minas.

Projeto – O trabalho vem sendo desenvolvido há três anos na região com o apoio das prefeituras, que custeiam a escavação dos tanques, onde são realizados a captação e o armazenamento das águas de chuva.

O Proalminas financia a aquisição dos kits de irrigação por gotejamento e a manta para a cobertura do solo. Algumas propriedades ainda contam com energia solar para o funcionamento do conjunto de irrigação.

Em um total de nove hectares de algodão, o produtor Zé Brasil manteve oito hectares no sistema de sequeiro e investiu no sistema de irrigação em um hectare.

O seu tanque tem capacidade para armazenar um milhão de litros da “água que vem de cima”, utilizada na irrigação de salvamento apenas nos períodos críticos, e não em todo o ciclo. Sua produtividade média subiu de 15 para 150 arrobas por hectare e ele já tem planos para o futuro.

“Diminuir a roça e aumentar a produção – exatamente o contrário do que vivi nos tempos de dificuldade. Com a área livre, ainda posso investir em uma criação de gado e diversificar a renda da propriedade”.

É também a expectativa do presidente da Cooperativa dos Produtores Rurais de Catuti, Adelino Lopes Martins.

“Com a organização do plantio, as adubações corretas em todas as fases e a irrigação por gotejamento, a expectativa é atingir produtividade média de 350 arrobas por hectare, aquecer o grupo e ter mais produtores investindo na cultura na próxima safra”.

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Fonte de renda – As lavouras irrigadas são áreas pequenas, mas a atividade tem grande impacto socioeconômico como fonte geradora de renda e emprego em uma região onde são poucas as culturas que resistem aos períodos de seca.

O algodão é uma cultura tradicional na região por sua resistência, mas foi abandonada pelos produtores anos atrás em função do ataque do bicudo.

A fase agora é de retomada e fortalecimento, com o uso de tecnologias modernas, como o manejo de irrigação e o controle biológico para o combate às pragas do algodão, que também pode ser usado no controle de pragas de outras culturas, como o milho.

Segundo o prefeito de Catuti, José Barbosa Filho, o bom resultado da experiência tem atraído o interesse de países africanos e sul-americanos. “A agricultura familiar gera emprego e renda, mantém o homem no campo e fortalece a economia de toda a região”, avalia. (Com informações da Seapa).

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