Junção de processos terapêuticos

26 de março de 2019 às 0h01

Cesar Vanucci *

“Não é ter saúde que é bom; não a ter é que é ruim.” (Abgar Renault)

Quem tem olhos pra enxergar e ouvidos pra escutar percebe com clareza o que anda acontecendo. A criação e o funcionamento de organizações brotadas no seio da comunidade, sem fins predominantemente lucrativos, consagradas a ações assistenciais escoradas nas chamadas terapias alternativas vêm ocorrendo em ritmo sempre crescente, em tudo quanto é canto.

Dá pra perceber em todas as camadas da população, um certo fascínio pela (re)descoberta de recursos terapêuticos naturais, representados pela homeopatia, fitoterapia, pelas técnicas, algumas milenares, de aplicação energética.

Sentindo-se molestados pela, não raras vezes, precária assistência à saúde que se lhes é oferecida, pela conspiração contra a vida configurada em clamorosas desatenções a problemas fundamentais de saúde pública, pelos elevados custos dos medicamentos e, até mesmo, como acontece em alta escala, sobretudo na África abandonada, pelas falsificações de remédios, segmentos significativos da sociedade, aqui em nossos pagos e alhures, focam olhares esperançosos em processos que possam abrir, para o ser humano, outras possibilidades de tratamento e cura de aflitivos males físicos e psicológicos.

É só por tento no considerável volume de pessoas permanentemente atraídas aos locais de prestação desses atendimentos terapêuticos diferenciados.

Recentemente, a televisão mostrou uma experiência indicativa do que poderá vir a ser uma provável junção dos métodos terapêuticos convencionais com os recursos inovadores acenados pelas chamadas terapias alternativas.

Em hospital católico, pertencente à congregação das irmãs beneditinas, numa importante cidade americana, foram adotados processos de assistência sinalizadores de procedimentos que poderão, talvez, identificar a medicina a ser no futuro praticada.

As imagens mostraram uma sequência de ações médicas convencionais, rodeadas de instrumentos tecnológicos avançadíssimos e, também – residindo aí a singularidade do processo -, de aplicações energéticas, através da imposição de mãos, praticadas por paranormais, místicos, sensitivos, ou que outra denominação se queira dar a alguém enquadrado nessa instigante modalidade de atuação terapêutica.

Uma intervenção cirúrgica complexa foi acompanhada, o tempo todo, por uma senhora provida de poderes de energização, com o cirurgião-chefe recorrendo, volta e meia, aos seus préstimos e intervenção como complemento do procedimento executado no paciente.

Noutra sugestiva sequência de cenas, um psiquiatra confessou, sem relutância alguma, haver abolido praticamente a medicamentação de natureza química ministrada aos enfermos, afiançando, com ênfase nas palavras, que o emprego de terapias naturais, inclusive a energização, vem proporcionando resultados amplamente satisfatórios nas demandas de seu consultório.

A reportagem apresentada na tevê é de molde a estimular, obviamente, reflexões por parte de todos que se achem empenhados em estudos e pesquisas relacionados com os rumos da assistência à saúde.

Esses registros conferem refulgente atualidade a conceitos esposados por Fritjop Capra. No arrebatante livro “Sabedoria Incomum”, o famoso físico reconhece, maravilhado, fazendo uso de sua clarividente visão das coisas do mundo, a revolucionária eficácia dessa conjugação dos conhecimentos científicos consolidados, absorvidos pela medicina tradicional, com as propostas advindas da assim chamada medicina natural.

A fusão dessas técnicas, como demonstrado na experiência do hospital norte-americano, representa muito bem a corporificação daquilo que Capra, em suas percepções de ordem humanística e espiritual, preconiza – como não? – para o amanhã da vida.

  • Jornalista (cantonius1@yahoo.com.br)

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