Líderes empresariais não vislumbram avanços em 2019

2 de outubro de 2018 às 0h01

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Congresso aberto ontem em São Paulo prossegue hoje, com lideranças administrativas - Foto: Divulgação

Os conselheiros de administração e profissionais de governança brasileiros estão pouco confiantes em relação às perspectivas de crescimento de suas organizações para o próximo ano. É o que mostra a pesquisa Global Director Survery, realizada pela Global Network of Directors Institutes e divulgada no primeiro dia do 19° Congresso do Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (IBGC), realizado ontem e hoje, em São Paulo, sob o tema Ecossistema de Governança: Inovação e Legado.

O Brasil representa 8% das respostas da pesquisa, feita com lideranças administrativas de 17 países. Com a análise do IBGC foi possível fazer um comparativo do País com o resto do mundo. Por exemplo, no Brasil, os três maiores problemas apontados são a tributação e gastos governamentais, pobreza e desigualdade de renda e corrupção. Nos outros países, os problemas são os mesmos, exceto pela corrupção. No lugar dela, está o custo da assistência médica.

A superintendente-geral do IBGC, Heloisa Bedicks, acredita que a corrupção, que figurou em 62% das respostas dos conselheiros e profissionais da governança sobre os problemas do País, está diretamente relacionada à falta de boas perspectivas para o próximo ano nas organizações nacionais.

“Os conselheiros brasileiros que responderam à pesquisa estão entre 56% moderadamente confiantes e 22% muito pouco confiantes, e eu credito isso a este momento político e econômico que estamos vivenciando. No caso global, 70% dos entrevistados responderam que estão muito confiantes ou moderadamente confiantes. Isso significa que o restante do mundo está com uma confiança maior do que nós aqui no Brasil, e na América Latina como um todo”, pontua.

Em um primeiro momento, talvez soe improvável relacionar à governança corporativa problemas sociais como a desigualdade de renda e a pobreza. Mas ao longo do primeiro dia do Congresso foi possível entender o porquê de as responsabilidades sociais e também ambientais serem constantemente citadas como inovação nos negócios.

Já na abertura do evento, o presidente do Conselho de Administração do IBGC, Ricardo Setubal, sinalizou que as companhias que conseguem crescer são justamente as que assimilam essa associação e utilizam o ecossistema de governança a seu favor. “A desigualdade social está no topo das preocupações em um mundo onde a inteligência artificial e as inovações tecnológicas estão acontecendo. Nos dá a impressão de que vivemos em dois mundos distintos, um com diferenças sociais básicas e outro com ares futuristas”, comentou durante a sessão “Uma nova visão para o sistema de governança corporativa”.

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Tecnologia – A síntese desta relação vem logo depois, durante a sessão “Legado e Inovação: convergências e dilemas”, quando Tânia Cosentino, presidente da Schneider Electric América Latina, empresa global de transformação digital nas áreas de energia elétrica e automação – e que no Brasil tem em Minas Gerais o seu segundo maior mercado – explica como a tecnologia pode favorecer o desenvolvimento social.

“O crescimento populacional do mundo em áreas urbanas que já têm uma infraestrutura deficiente estressa a sociedade. A tecnologia pode ajudar as cidades a ter uma melhor condição de vida e atrair investimentos. Para nós, a energia é um direito humano básico e, sendo o presente digital, trazer a energia é uma forma de trazer também o desenvolvimento econômico”, pondera.

Colocar a sustentabilidade e o compromisso social no centro das decisões, para ela, é o que torna uma empresa líder em seu mercado, porque significa que ela está preocupada e se responsabiliza por seus impactos diretos e indiretos no mundo. “Temos que tirar a sustentabilidade do campo da filantropia e colocar como valor compartilhado”.

Desenvolvimento sustentável – Segundo ela, muitas empresas já estão colocando o desenvolvimento sustentável como parte de suas estratégias ou fazem pelo menos a mitigação de risco, o que ainda é pouco, mas já significa um começo.

“Acho que muitas empresas que têm um pacto mais forte com o meio em que estão envolvidas têm que dar a sua contrapartida. Quando nós [a Schneider Electric] constatamos que há 1,3 bilhão de pessoas sem acesso a energia e outro mais de 1 bilhão sem acesso a energia segura, criamos um business em função de sustentabilidade, um objetivo a ser trabalhado especificamente para essas pessoas que são a base da pirâmide. Quando não se tem energia, não se tem desenvolvimento econômico, então, trabalhando isso, acaba se expandindo e crescendo também”, avalia.

Na empresa, todas as soluções são desenvolvidas de modo a gerar o mínimo impacto ambiental, o que embora gere um pouco mais de custo, também evita que se gaste ainda mais em um problema futuro.

“Se eu causar um desastre ambiental dentro da minha cadeia produtiva, a repercussão que vai impactar a imagem da minha companhia e isso vai nos custar milhões de euros. Então, não ser sustentável pode custar muito mais caro. Além disso, o mercado já está percebendo a importância da sustentabilidade nos negócios e, cada vez mais, vamos ter investidores responsáveis e preocupados com isso”, conclui Cosentino.

* A repórter viajou a convite do IBGC.

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