Mostras na ALMG retratam luta das mulheres brasileiras

12 de março de 2019 às 0h05

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Foto: Guilherme Bergamini/ALMG

Três mostras, que estão em cartaz na Galeria de Arte da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) até o próximo dia 22, abordam a luta das mulheres brasileiras e casos relacionados a feminicídio. As exposições integram o evento “Sempre Vivas – Mulheres em Luta contra a violência”, que teve início na última sexta-feira e vai reunir uma série de atividades ao longo do ano em comemoração ao Dia Internacional da Mulher.

A exposição “Memórias de mulheres mineiras e brasileiras em busca de seus direitos” retrata a violência sofrida pelas mulheres ao longo da história e narra suas lutas na conquista por mais direitos e voz na sociedade. A iniciativa surgiu devido ao aumento da violência contra as mulheres e do crescimento de grupos organizados e da esfera pública destinados a reduzir tais índices.

Durante a abertura do evento na Assembleia, uma das curadoras da mostra e idealizadora do Movimento Quem Ama não Mata, a socióloga Elizabeth Fleury destacou que “somos símbolo da história de uma luta que não termina nunca”. O movimento surgiu na década de 1980, período marcado por uma série de assassinatos de mulheres cometidos por seus companheiros em nome da “legítima defesa da honra”.

A exposição conta com painel cronológico das lutas das mulheres brasileiras, dividido em três tempos: anos 1920/1930; anos 1930/1950 e anos 1960/1980, além da exibição de vídeos de movimentos feministas e de reportagens de TV. Ainda estão expostas capas de jornais e revistas, também da década de 1980, período que registrou diversos assassinatos cometidos por companheiros das vítimas.

A visitação aberta ao público também poderá ser guiada mediante agendamento prévio pelo WhatsApp (31) 99936-3669, sendo válida para as segundas e quartas pela manhã, e à tarde para as terças e quintas.
Também na Galeria de Arte, estão expostas as mostras “Feminicídio, bordando a resistência”, do coletivo Linhas do Horizonte, e “Mulheres cabulosas da história”, da organização Mulheres do Levante Popular.

Na primeira, por exemplo, estão estampados mais de 300 nomes de mulheres envolvendo casos relacionados a feminicídio, tentados ou consumados em todo o País, somente nos primeiros dois meses deste ano. A segunda apresenta releituras fotográficas de mulheres que são ou foram grandiosas ao longo dos tempos, mas que acabaram invisibilizadas pelo machismo.

Em 2018, 16 milhões de mulheres foram agredidas no Brasil, ou seja, a cada minuto, 500 mulheres foram vítimas de agressão. No mesmo ano, 175 feminicídios foram registrados. A Galeria de Arte da ALMG fica na rua Rodrigues Caldas, 30, Santo Agostinho.

Dicionário – “Quis criar o impacto de duas verdades”, disse Elizabeth Fleury, uma das organizadoras do Dicionário Feminino da Infâmia sobre o nome do livro. A primeira verdade seria a do “feminino” como símbolo da delicadeza, a segunda a da “infâmia” como representação da má reputação.

Verdades que se cruzam quando relações de poder transformam em infame o que é feminino – mas, para entender isso, é preciso ir além do nome do livro.

E foi também para que mais pessoas ultrapassassem a capa do Dicionário que Elizabeth escolheu chamá-lo de “feminino” e não de “feminista”. Em tempos nos quais algumas correntes de pensamento, aí incluídas as feministas, têm sido criminalizadas, a autora não queria correr o risco de ter a publicação rejeitada antes de ser conhecida. “Precisamos agregar a sociedade, não dividi-la em arqui-inimigos”, explica.

O cuidado investido no batizado do dicionário organizado por Elizabeth e Stela Meneghel é apenas um exemplo da seriedade com que as pesquisadoras encararam a missão de dar nomes. Engajaram-se com elas mais de 100 outros profissionais, também autores da obra. O livro reúne quase duas centenas de verbetes que tratam de temas ligados a desigualdades entre homens e mulheres e a lutas feministas pela sua superação.

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