Onyx e Bebbiano se encontram para dar fim à crise

16 de fevereiro de 2019 às 0h01

Brasília – Depois de três dias de crise, o ministro da Secretaria-Geral da Presidência da República, Gustavo Bebianno, foi informado pelo ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, na sexta-feira, que segue no cargo, confirmou à Reuters uma fonte próxima a Bebianno.

A decisão foi tomada pelo presidente Jair Bolsonaro depois de várias conversas com seus auxiliares, especialmente os militares, que advogaram pela permanência do ministro. Menos por uma defesa automática do ministro e mais para que o governo não passasse a imagem de que os filhos do presidente – especialmente Carlos, o pivô da crise – teriam tal influência sobre o governo.

Envolvido em denúncias de que seu partido usou candidatos laranja a deputado para acessar recursos públicos de financiamento de campanha, Bebianno entrou em um processo de fritura no governo no início desta semana, capitaneado por Carlos, mas endossado pelo pai.

Em entrevista ao Globo, na terça-feira (12), para mostrar que não havia crise no governo por conta das denúncias, Bebianno afirmou que havia conversado três vezes com Bolsonaro. No dia seguinte, Carlos usou sua conta no Twitter para negar as conversas e chamou Bebianno de mentiroso.

Em seguida, Carlos colocou um áudio do pai falando a Bebianno. O próprio presidente retuitou as mensagens de Carlos no início da noite e, em entrevista ao jornal da Record, afirmou que Bebianno teria que se explicar e poderia deixar o governo.

Mesmo tendo passado o recado de que Bebianno ficaria, o presidente até agora não recebeu seu ministro, que durante a campanha eleitoral foi um de seus homens mais próximos.

Bebianno esperou para falar com Bolsonaro durante toda a quarta e a quinta-feira, mas não foi chamado. Na madrugada de quinta, angustiado, o ministro trocou mensagens com o vice-presidente, Hamilton Mourão, a quem disse estar “magoado” com a situação.

A um parlamentar da base aliada, com quem Bebianno conversou na quinta-feira, o ministro também disse se sentir injustiçado. Segundo essa fonte, que preferiu falar sob anonimato, o ministro estava convicto de que não tinha motivos para deixar o cargo, uma vez que, a seu juízo, não haveria o que responder por recursos usados por candidatos a deputado nos estados na época em que cuidava exclusivamente, como presidente do partido, da campanha do presidente.

Na noite de quinta, o ministro divulgou uma nota para reforçar sua posição. “Assumi interinamente a presidência da Executiva Nacional do PSL de 5/2/2018 a 29/10/2018, para cuidar da candidatura do presidente Jair Bolsonaro”, disse Bebianno na nota.

“Meu trabalho foi executado com total transparência e lisura. As contas da chapa do então candidato Jair Bolsonaro, que estavam sob minha responsabilidade, foram aprovadas e elogiadas pelos ministros do TSE”, acrescentou.

Bebianno disse ainda que as candidaturas sob suspeita – a da postulante a deputada federal Maria de Lourdes Paixão e a pretendente a um cargo de deputada estadual Érika Siqueira Campos, ambas por Pernambuco – receberam recursos por determinação e responsabilidade do diretório do PSL naquele Estado. Ambas receberam recursos significativos, mas tiveram votação inexpressiva.

“Nada a ver” – O líder do PSL na Câmara, Delegado Waldir (GO), disse ter falado com o ministro também na quinta. Bebianno disse-lhe considerar que estava fazendo um grande trabalho como ministro e estava disposto a ficar, embora a decisão fosse do presidente.

Questionado sobre um eventual impacto da crise envolvendo Bebianno na discussão da reforma da Previdência, o líder do PSL afirmou que não haverá nenhum. “Não tem nada a ver, isso foi um embate do Carlos com o Bebianno”, disse. “Já está superado”, completou ele, ao comentar informações de que o ministro iria permanecer no cargo.

Os militares do governo também entraram em campo para tentar amenizar a crise. Porta-voz do grupo, o vice-presidente, em entrevista à Reuters, afirmou que agora, recuperado, Bolsonaro precisaria dar um “ordem unida na rapaziada” – ou seja, nos três filhos, Flavio, Eduardo e Carlos.
Até o meio da tarde, o Palácio do Planalto não havia se pronunciado oficialmente sobre a situação do ministro. (Reuters)

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