Othon deve ser assumido por outro grupo

18 de outubro de 2018 às 0h05

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O Belo Horizonte Othon Palace, tradicional quatro estrelas localizado na avenida Afonso Pena, tem quase 300 quartos, e completaria 40 anos - Divulgação

A notícia do fechamento do Belo Horizonte Othon Palace, tradicional quatro estrelas localizado na avenida Afonso Pena, a partir do dia 18 de novembro, pegou a cadeia produtiva do turismo de Minas Gerais de surpresa. O comunicado lacônico enviado pela rede à imprensa na segunda-feira à noite, depois de um dia inteiro de especulações, se limitou a confirmar o fechamento da unidade e também do Bahia Othon Palace, em Salvador (BA), na mesma data.

De acordo com o secretário-executivo do Belo Horizonte Convention & Visitors Bureau (BHC&VB), Hernani de Castro Júnior, o fechamento da unidade – verdadeiro cartão-postal da Capital – na avenida Afonso Pena, no hipercentro, está relacionado a uma série de fatores que vão da crise de superoferta vivida pela cidade desde o segundo semestre de 2014, até a troca de equipe feita pela administração da Rede Othon nacionalmente.

“Foi um grande susto. Estava esperando pela festa de 40 anos do hotel quando chegou essa notícia. Temos, além da crise econômica no Brasil, a situação específica de Belo Horizonte com o fechamento intempestivo do Minascentro e a insegurança que isso causou nos promotores de eventos. Do outro lado, a rede Othon passou por uma reestruturação administrativa e quando isso acontece é comum que entrem pessoas que não têm uma ligação histórica com os empreendimentos. E, assim, a unidade de Belo Horizonte passou a ser apenas mais um número na planilha”, lamenta Castro Júnior.

As mudanças às quais o secretário-executivo do BHC&VB se refere são a saída de Bruno Heleno, que atuava como gerente-geral Corporativo de Vendas e Marketing desde 2016, cargo assumido por Anna Christina de Andrade, que ocupava o cargo de gerente de Vendas Regional e Internacional; e a chegada de Jorge Chaves como o novo gerente-geral Corporativo de Operações, ocupando a posição após a saída de Paulo Michel, que ocupava o cargo de diretor de Hotelaria. Essas modificações também foram informadas no comunicado à imprensa.

Nova direção – O presidente da Empresa Municipal de Turismo de Belo Horizonte (Belotur), Aluizer Malab, também lamenta o fechamento do hotel e diz acreditar que outro grupo possa assumir o empreendimento. “Fomos pegos de surpresa também. Acredito que o caso do Othon é um episódio isolado. Eles estão fazendo a sua retirada do País e acho que isso não tem a ver com taxa de ocupação em Belo Horizonte. É uma questão de decisão de cúpula ou de direcionamento de investimentos. Estamos aqui na torcida e vamos tentar fazer uma mobilização para que outra rede possa incorporar”, afirma Malab.

Mercado – A Secretaria de Estado de Turismo de Minas Gerais (Setur-MG), em nota, destacou dados do turismo na Capital. “Segundo dados obtidos pelo Observatório do Turismo de Minas Gerais, o número de hóspedes em Belo Horizonte no ano de 2017 cresceu 11% em relação a 2016, atingindo o maior valor da série histórica (1,81 milhão), desde 2008. Já a taxa de ocupação hoteleira percebeu uma recuperação de 9%, saindo de 41,3% em 2016 para 45% em 2017. Dessa forma, a Setur-MG acredita que o fechamento esteja ligado a um reposicionamento da rede de hotéis em todo o País”.

Apesar do fechamento de duas unidades de um total de 12 (17%), a rede, que está há 75 anos no País, descarta a saída do Brasil e destaca sua presença em pontos estratégicos: Rio de Janeiro, Macaé, São Paulo, Fortaleza, Natal, Recife e interior do Estado de São Paulo: São Carlos, Araraquara e Matão.

“Conscientes da atual situação do País, continuamos acreditando na recuperação da economia e, certamente, a bandeira Othon continuará apostando no turismo nacional”, afirma Chaves, por meio da nota.

Para a presidente da Associação Brasileira da Indústria de Hotéis de Minas Gerais (Abih-MG), Érica Drumond, o fechamento de uma unidade nunca é positivo, mesmo que isso possa levar a um aumento da ocupação nos hotéis que continuam abertos. “Um hotel com o porte e a categoria do Othon fechar é muito ruim para o destino. Demonstra que a economia não está absorvendo o volume de apartamentos que a cidade oferece. Esse fechamento, pode, ainda, ser uma decisão interna da empresa, que é familiar, mas há um grande oferta de leitos na cidade que precisa ser absorvida pela captação de eventos”, avalia Érica Drumond.

Uma das preocupações mais recorrentes entre os membros do trade é o destino dos cerca de 150 colaboradores da unidade de Belo Horizonte. É possível que uma parte seja realocada em outros hotéis da rede, porém, os com muitos anos de casa, certamente terão dificuldades. O hotel, que tem quase 300 quartos, completaria 40 anos na cidade. Questionada sobre os empregos e as empresas que ocupam as lojas da galeria que fica no andar térreo, a empresa não respondeu.

Linha do tempo – Fundada em 1943 com a denominação de Cia. Brasileira de Novos Hotéis, seu primeiro hotel foi o Aeroporto Othon, inaugurado em 1944 no centro do Rio de Janeiro.
Ampliando sua presença em São Paulo, a Rede Othon começou a operar em 1954 o Othon Palace, junto ao viaduto do Chá, em meio ao coração financeiro da cidade.

A grande expansão da rede se deu no Rio de Janeiro, paralelamente ao crescimento do bairro de Copacabana, já prevendo o seu potencial turístico e antes mesmo que sua praia se tornasse uma das mais famosas do mundo.

Entre 1975 e 1979, a rede começa a expansão na linha dos grandes cinco estrelas, dobrando a sua oferta de apartamentos. São desta fase os hotéis Rio Othon Palace, Bahia Othon Palace e Belo Horizonte Othon Palace. Hotéis Othon tornaram-se então a maior rede da América do Sul, e inovaram os conceitos de gerenciamento de grandes unidades.

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