Preço pago ao produtor sobe 56,31% no ano

1 de setembro de 2018 às 0h05

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Crédito: Eduardo Seidl/Palácio Piratini

O preço pago aos pecuaristas de Minas Gerais pelo litro de leite apresentou nova alta em agosto, referente à produção entregue em julho. De acordo com o levantamento do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), o valor líquido médio praticado no Estado foi de R$ 1,61 por litro, aumento de 5,17% frente ao mês anterior. Com o reajuste, o litro do leite já acumula alta de 56,31% no ano. Este foi o sétimo aumento consecutivo registrado nos valores do produto. Porém, a tendência para este mês é de redução dos preços, uma vez o encarecimento dos produtos lácteos no mercado final desestimularam o consumo.

De acordo com os dados do Cepea, ao longo de agosto, o pecuarista mineiro recebeu em média bruta R$ 1,72 pela comercialização do litro de leite, elevação de 4,59%. Quando comparado com os preços praticados no início do ano, o reajuste já alcança 56,31% no valor líquido, uma vez que o valor praticado em janeiro era de R$ 1,03 por litro. No valor bruto, a valorização do leite chegou a 50,8%.

Assim como em Minas Gerais, a valorização do leite ocorreu nos demais estados produtores, contribuindo para que a média nacional de preços também ficasse maior. Segundo os dados do Cepea, o preço líquido recebido em agosto – referente à captação de julho – atingiu R$ 1,54 por litro na média Brasil, aumento de 4,6% em relação ao mês anterior e de 28,4% em relação a agosto de 2017. A média Brasil é calculada conforme os valores praticados na Bahia, Goiás, Minas Gerais, São Paulo, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul. Desde o início do ano, o preço acumula elevação de expressivos 50,2%.

Os impactos da greve dos caminhoneiros, realizada no final de maio, ainda são sentidos no setor. O grande volume de leite descartado, em função da falta de transporte, limitou os estoques das indústrias que passaram a disputar o leite no campo, acirrando a concorrência e contribuindo para a elevação dos preços. Segundo os pesquisadores do Cepea, para garantir a aquisição de leite, laticínios firmaram contratos de curto prazo com os produtores, o que também foi positivo para a sustentação dos valores praticados.

Do lado do produtor de leite, a falta de transporte comprometeu a oferta de alimentos para o rebanho, o que provocou a queda da produtividade das vacas. O reajuste nos valores recebidos pela comercialização é considerado fundamental para a recuperação dos prejuízos com o descarte do leite.

Além da paralisação dos caminhoneiros, os preços baixos praticados em 2017 provocaram a redução da produção de leite no campo, reflexo da saída de produtores da atividade e da queda nos investimentos. Somado a isso, o período de entressafra em Minas Gerais limitou ainda mais a oferta, sustentando o cenário de altos preços. A captação de leite no Estado deve acontecer após o início das chuvas e da recuperação das pastagens.

Mesmo com a oferta ainda limitada, para este mês a tendência é de que o movimento altista não se sustente, porque a demanda por lácteos está menor e não demonstra capacidade de absorver novas valorizações dos produtos.

Segundo os pesquisadores do Cepea, de julho para agosto, as cotações do leite spot e do longa vida – produtos que são importantes para a formação do preço pago ao produtor – registraram quedas. De acordo com pesquisas do Cepea, o preço do leite spot negociado entre empresas em Minas Gerais caiu 11,4% no acumulado de agosto, fechando a segunda quinzena do mês na média de R$ 1,62 por litro.

Projeções – Com o mercado final absorvendo menos, a maioria dos colaboradores entrevistados pelo Cepea acredita em queda nos preços pagos pelo leite em setembro. O recuo dos valores reflete também um equilíbrio do mercado, com a normalização dos estoques e com as cotações retornando a patamares equivalentes à demanda. A intensidade da queda, porém, irá depender do volume ofertado em agosto e da capacidade das empresas em competir.

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