Previdência e mercado imobiliário

22 de fevereiro de 2019 às 0h01

Daniele Akamine*

Na semana passada, assistimos a um dos marcos mais importantes na linha do tempo da reforma da Previdência no Brasil. Na quarta-feira (20), o novo presidente Jair Bolsonaro entregou sua proposta sobre o tema ao Congresso, confiante de que a Câmara dos Deputados vai receber bem essa medida de grande impacto positivo no ajuste das contas públicas. Mais do que uma questão política, esse acontecimento é visto pelo mercado imobiliário como um movimento fundamental para a retomada da indústria da construção civil no País.

Acompanhe o raciocínio: a quantidade de aposentados na população cresce em ritmo mais acelerado do que o número de jovens que entram no mercado de trabalho e pagam o INSS. Quando o governo arrecada menos e precisa gastar mais, é hora de buscar recursos fora do sistema previdenciário. Ele não pode imprimir mais moeda, sob o risco de fazer a inflação disparar, ou tampouco aumentar impostos (afinal, a reforma tributária não saiu do papel). Resta apenas a saída de tomar mais empréstimos (com a emissão de títulos públicos, por exemplo), refletindo o aumento das taxas de juros cobrados pelos bancos.

Ora, do mesmo modo que os juros altos afastam os compradores de imóveis dependentes de um empréstimo bancário, a redução dessas taxas facilita a aquisição da casa própria, aumentando a demanda por sobrados, apartamentos, terrenos, escritórios etc. Em resumo, com a aprovação da reforma da Previdência, haverá dinheiro mais barato nas instituições financeiras, e os vendedores poderão cobrar um preço maior pelo metro quadrado diante do aumento da procura pelos interessados.

Dias atrás, a Câmara Brasileira da Indústria da Construção (Cbic) apresentou um projeto para mais de 200 senadores e deputados federais chamado “Construção: 1 Milhão de Empregos Já”, reunindo as propostas deste setor para melhorar o ambiente de negócios e a retomada do investimento na construção civil no País. Na lista de sugestões dos empresários e membros de outras entidades do segmento imobiliário, a reforma da Previdência estava em primeiro lugar.

O ajuste nas contas do governo também foi lembrado pelo presidente do Secovi-SP, Basilio Jafet, que convidou a imprensa para conversar sobre as perspectivas para 2019 justamente no mesmo dia em que a Câmara dos Deputados recebia o projeto para alterar as regras da Previdência. O banco Itaú chegou a calcular a economia para o governo, caso a reforma seja aprovada, em algo próximo de R$ 550 bilhões em dez anos. Mas a instituição acredita que o trâmite no Congresso só irá se encerrar no segundo semestre deste ano.

Portanto, a todos os que desejam comprar um imóvel, fica um aviso: a hora é agora.

  • Advogada, especialista em crédito imobiliário e pós-graduada em Economia da Construção Civil

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