State Grid avalia ativos estatais de olho em investimentos

19 de abril de 2019 às 0h04

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Crédito: Ueslei Marcelino / Reuters

São Paulo – A chinesa State Grid está em busca de novas oportunidades para investimento no Brasil, o que passará pela análise de ativos estatais que podem ser colocados à venda no curto ou médio prazo, como a elétrica mineira Cemig e a gaúcha CEEE, disse à Reuters o presidente da companhia no País, Chang Zhongjiao.

O apetite da maior empresa de eletricidade do mundo pelo Brasil vem em meio à virtual conclusão pela companhia de sua maior obra local até o momento, um enorme linhão de transmissão que conectará a hidrelétrica de Belo Monte, no Pará, ao sistema elétrico do Sudeste, onde se concentra o consumo de energia.

O linhão soma 2,5 mil quilômetros em extensão e está orçado em R$ 8,5 bilhões -números que evidenciam as proporções que a State Grid tem ganhado no Brasil, onde estreou em 2010, com a aquisição de empresas de transmissão.

A companhia já investiu, até o momento, R$ 21 bilhões no maior país da América Latina por meio da State Grid Brasil Holding, sem contar outros cerca de R$ 25 bilhões para a aquisição da elétrica CPFL Energia, antes controlada pela empreiteira Camargo Corrêa e fundos de pensão.

“A State Grid continua olhando os projetos e oportunidades no mercado brasileiro. A gente vai procurar outras oportunidades de investimento no Brasil”, disse Zhongjiao, em chinês, em conversa intermediada por um tradutor.

Janela de oportunidade – Especialistas têm apontado que empresas estrangeiras como a State Grid podem se aproveitar de uma janela de oportunidade esperada à medida que alguns governos estaduais em dificuldades financeiras buscam vender ativos para levantar recursos.

Os novos governadores de Minas Gerais e Rio Grande do Sul, por exemplo, têm falado em planos de privatizar as elétricas locais Cemig e CEEE, enquanto o próprio governo federal tem planos de capitalizar a Eletrobras por meio de uma oferta de ações que pode envolver a perda de controle pela União.

Questionado especificamente sobre Cemig e CEEE, o CEO da State Grid Brasil Holding disse que são temas que estão no radar da empresa.

“A State Grid está sempre olhando os processos de privatização de companhias de energia locais, e a gente vai avaliar essa situação atual. Nossa estratégia no Brasil é de longo prazo, e isso significa que a gente sempre tem interesse em aproveitar oportunidades”, afirmou Zhongjiao.

Ele disse que a holding State Grid continuará com foco em projetos de transmissão de energia, inclusive podendo participar de leilões do governo para viabilizar novos empreendimentos, como uma licitação já agendada para dezembro.

Por outro lado, a empresa também tem interesse em investir em energia renovável, enquanto sua controlada CPFL deve focar a expansão em distribuição de energia, acrescentou.

O executivo da State Grid também minimizou preocupações com algumas falas anteriores do presidente brasileiro Jair Bolsonaro, que chegou a criticar o que chamou de ação predatória dos chineses em seus investimentos externos em setores estratégicos de outros países, como energia.

“A relação Brasil-China é estável”, disse Zhongjiao, lembrando entrevista do embaixador chinês no Brasil, Yang Wanming, que disse a veículos de imprensa nesta semana estar otimista com a relação entre os dois países após ter recebido sinalizações positivas de Bolsonaro.

Zhongjiao afirmou ainda que a State Grid está satisfeita com os resultados obtidos até o momento em seus negócios no Brasil.

A State Grid Brasil Holding teve lucros de cerca de R$ 531,5 milhões em 2018, enquanto a CPFL Energia fechou o ano com lucro líquido de R$ 2 bilhões.

Linhão – Além dos bons ganhos, a State Grid tem obtido sucesso na execução de seus projetos no Brasil – a companhia praticamente já concluiu as obras do linhão de Belo Monte, conduzidas por sua subsidiária Xingu-Rio (XRTE), e a expectativa é colocar o empreendimento em operação meses antes do prazo original, em dezembro.

A empresa também havia antecipado um primeiro linhão que já está em operação, escoando energia da usina no Pará, em um projeto em parceria com a estatal local Eletrobras, entregue no final de 2017.

O presidente da State Grid Brasil disse que a companhia antecipou bilhões de reais em investimentos para garantir a entrada em operação o quanto antes do segundo linhão, o que era visto como importante pelo governo para evitar que Belo Monte sofra restrições à sua produção.

“A gente queria antecipar a operação e, na verdade, também para a segurança e estabilidade da rede elétrica brasileira”, afirmou Zhongjiao.

A companhia também já havia anunciado em janeiro a entrega de outro projeto de transmissão, no Mato Grosso, em prazo 29 meses inferior ao previsto em contrato. (Reuters)

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