Distrito Industrial de Brumadinho é ponto-chave para a diversificação econômica 

Projeto foi lançado em agosto do ano passado, mas, passados quase seis meses, as obras de implantação ainda não começaram

25 de janeiro de 2024 às 4h59

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Vista aérea de Brumadinho. Foto: Divulgação / Prefeitura de Brumadinho

Um dos projetos com maior impacto para o município sob a responsabilidade de execução da Vale e que até o momento não se concretizou, é a construção do Distrito Industrial de Brumadinho, que será em um terreno de mais de 1,2 milhão de metros quadrados e 490 mil m² de área edificada. Com aporte estimado em R$ 170 milhões, a criação do empreendimento pretende contribuir para o desenvolvimento socioeconômico e a geração de emprego e renda na cidade. 

O projeto do distrito industrial foi lançado em agosto do ano passado, porém, passados quase seis meses, as obras de implantação ainda não começaram. “O plano e a área já existem, mas precisa infraestrutura, porque nenhuma empresa vai se instalar no local se não tiver uma infraestrutura mínima. Então, nós estamos cobrando da Vale essa execução”, afirma o assessor de Comunicação da Prefeitura de Brumadinho, Décio Júnior. 

À reportagem, a Vale enfatizou a importância do empreendimento para Brumadinho, com a urbanização da área e a contribuição para a melhoria do ambiente de negócios, por meio da capacitação de mão de obra especializada, fortalecimento de empreendedores locais e modernização da legislação. Conforme a mineradora, até o momento, em torno de 200 pessoas foram capacitadas em 14 cursos oferecidos em parceria com o Instituto Euvaldo Lodi (IEL).

Imagem 3D do local onde ficará o distrito industrial de Brumadinho. Foto: Thiago Filizola - Vídeo Delivery Ltda
Imagem 3D do local onde ficará o distrito industrial de Brumadinho. Foto: Thiago Filizola – Vídeo Delivery Ltda

A empresa ressaltou ainda que para iniciar as intervenções, previstas para o primeiro semestre deste ano, é necessária a conclusão de três fases fundamentais. São elas: aquisição dos terrenos, desenvolvimento e detalhamento do projeto de engenharia e licenciamento ambiental. 

“A compra dos terrenos foi concluída em novembro de 2023. Ao longo do ano passado, uma série de levantamentos, estudos topográficos e sondagens foi realizada para embasar o desenvolvimento do projeto de engenharia, que já se encontra em fase final. A tramitação das licenças ambientais já foi concluída e aguarda anuência da Agência Metropolitana de Belo Horizonte para emissão do alvará para início das obras”, salientou a empresa. 

Perda de qualidade de vida e escassez de informações sobre os projetos de reparação

Desde o rompimento da barragem da Vale, as famílias das vítimas de Brumadinho precisam conviver diariamente com a saudade daqueles que se foram e enfrentar uma cidade pior do que era antes da tragédia.

“Nós perdemos a nossa qualidade de vida de um lugar sossegado, porque, além da perda dos nossos familiares, ficou tudo diferente”, reflete a diretora da Associação dos Familiares de Vítimas e Atingidos da Tragédia do Rompimento da Barragem Mina Córrego do Feijão (Avabrum), Alexandra Andrade.

Tragédia de Brumadinho completa cinco anos em 2024. Foto: Felipe Werneck / Ibama
Tragédia de Brumadinho completa cinco anos em 2024. Foto: Felipe Werneck / Ibama

Ela disse que, nas reuniões entre a associação e o governo, sempre há uma cobrança para que os projetos em Brumadinho sejam prioridades, já que o município foi o mais impactado pela destruição. Segundo ela, as pessoas até veem o movimento de obras na cidade, contudo, há muito o que se fazer e o impacto ainda vai durar longos anos. A dirigente também diz que o Executivo deveria divulgar à população quais as ações que são, de fato, de reparação. 

Justamente pela falta de informações concretas, o presidente da Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL) de Brumadinho, Henrique Mendes, diz que é difícil opinar sobre o futuro do município após o fim das ações de reparação. “Mas uma coisa é fato: para andar sozinha, a cidade precisa depender menos dos impostos do minério em sua arrecadação com investimentos em setores como industrial e turístico”, reitera.

Estado vislumbra um desenvolvimento sustentável para o futuro de Brumadinho

A prefeitura demonstra que Brumadinho está longe de ter uma economia descentralizada. O setor comercial e os familiares das vítimas da terrível tragédia indicam que o futuro da cidade é incerto. A Vale, por outro lado, busca comprovar tudo que foi e está sendo feito de reparação. Já a Secretaria de Estado de Desenvolvimento Econômico de Minas Gerais (Sede-MG), além de realçar as ações em andamento, opta por imaginar um horizonte exemplar para o município. 

No que diz respeito à reparação da cidade, o governo diz que o acordo inclui projetos como o distrito industrial; o Fomento Agro, que busca fortalecer a política agropecuária; o Brumadinho Digital, que pretende melhorar a conectividade; e a requalificação de centros urbanos e melhoria de vias. Todos de responsabilidade de fazer da Vale e já avançados, exceto o último, atualmente em fase de estudos preliminares ou elaboração de planos conceituais/engenharia detalhadas. 

Fomento Agro contempla cultivo de hortaliças hidropônicas. Foto: Humberto Trajano
Fomento Agro contempla cultivo de hortaliças hidropônicas. Foto: Humberto Trajano

A Sede também ressaltou, em nota, que foi assinado, em outubro último, um protocolo de intenções com a Santa Clara Eco Resort para a instalação de um resort de luxo em Brumadinho, projeto que prevê um aporte de R$ 479 milhões e a geração de 400 empregos diretos. Destacou ainda outras obras com potencial de dinamizar a economia da cidade e atrair mais investimentos. E realçou projetos estaduais como o de Reconversão Produtiva de Territórios Minerados.  

Para o futuro de Brumadinho, o secretário de Estado de Desenvolvimento Econômico, Fernando Passalio, frisa que o governo vislumbra um desenvolvimento de maneira sustentável e em linha com as novas demandas da sociedade. “E, para isso, com o suporte da Secretaria de Desenvolvimento Econômico, envida esforços no sentido de mitigar e sanar os impactos socioambientais, sem comprometer a produtividade e rentabilidade da atividade minerária.”

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