Endividamento atinge 88,6% das famílias na capital mineira

9 de novembro de 2021 às 0h29

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Crédito: Charles Silva Duarte/Arquivo DC

O endividamento e a inadimplência estão alcançando patamares mais altos em Belo Horizonte. De acordo com a Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic), realizada pela Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de Minas Gerais (Fecomércio-MG), a taxa de endividamento na capital mineira subiu de 87,5%, em setembro, para 88,6% em outubro deste ano, uma variação positiva de 1,1 ponto percentual. 

Paralelamente ao dado sobre endividamento, cresce também o número relacionado à inadimplência do consumidor belo-horizontino, que passou de 38% (setembro) para 38,8%. Nesse caso, vale lembrar que o endividamento está relacionado aos compromissos feitos pelas famílias com cartão de crédito, empréstimos ou financiamentos, enquanto a inadimplência é o indicador que representa a parcela de famílias que não poderá arcar com as dívidas em seus vencimentos.

Fatores observados

Conforme explica a economista da Fecomércio-MG, Gabriela Martins, entre os fatores que seguem impulsionando a inadimplência em Belo Horizonte estão o achatamento da renda da população e a taxa de desemprego, que hoje está em 14,1% (14,4 milhões de desocupados em todo o País). 

“Apesar do desemprego ter reduzido, ele ainda está em um nível bastante elevado. E muitas pessoas estão em trabalhos informais, com postos de trabalho com rendas menores e que não cobrem todos os custos do que as pessoas precisam”, explica a economista. 

Já em relação ao endividamento, Gabriela Martins afirma que a alta na inflação, já acumulada em 10,25% a.a. (setembro de 2021), está incentivando o indicador, uma vez que os itens básicos de consumo e essenciais como alimentos, gás de cozinha e combustíveis pressionam a renda já deteriorada das famílias. 

No entanto, a economista lembra que o endividamento não é necessariamente ruim. “É a partir do crédito que as pessoas conseguem suprir suas necessidades”, lembra a especialista, que ressalta, ainda, que os consumidores devem ficar atentos ao aumentos da Taxa Selic e quitar, por ordem de prioridade, aquelas dívidas que representam juros mais altos e até mesmo calcular quanto determinado crédito irá custar ao final no atual cenário. 

De acordo com a Peic, 80,3% dos respondentes do levantamento – a pesquisa contou com a participação de 1.000 famílias – afirmaram que a dívida atual está concentrada em cartões de crédito — dado referente às famílias com até dez salários mínimos. Para as famílias que declaram renda mínima acima de dez salários mínimos, o cartão de crédito é a modalidade que representa 90,3% do endividamento. 

Projeções 

A curto prazo, a economista da Fecomércio-MG aponta possíveis caminhos que podem se delinear em meio aos dados pesquisados: o primeiro deles indica a tendência de que o endividamento irá aumentar, impulsionado, principalmente, pela compras de final do ano, com destaque para a Black Friday e o Natal. O segundo sinaliza a expectativa de que as pessoas utilizem o 13º salário para quitar dívidas e fazer compras à vista, o que reduziria a curva do endividamento. 

Para o comércio, Gabriela Martins lembra que o levantamento é um direcionador, já que ao observar o nível de inadimplência na capital mineira os comerciantes podem ponderar sobre as estratégias de venda, priorizando, por exemplo, aquelas feitas por cartão de crédito em detrimento de outras como o carnê, que, na pesquisa, aparece como a segunda modalidade de maior índice de endividamento no casos das famílias com até dez salários mínimos (26,3%).

IGP-DI acelera e tem alta de 1,6% em outubro

Rio de Janeiro – O Índice Geral de Preços – Disponibilidade Interna (IGP-DI) avançou 1,60% em outubro, após queda de 0,55% no mês anterior. O indicador acumula alta de 16,96% no ano e de 20,95% em 12 meses.

No mesmo mês do ano passado, o índice apresentou alta de 3,68% e acumulava elevação de 22,12% em 12 meses. Os dados foram divulgados ontem pelo Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (Ibre/FGV).

O IGP-DI é a média dos índices de preços ao produtor (IPA), ao consumidor (IPC) e de custo da construção civil (INCC). Segundo o instituto, o indicador revela as fontes de pressão inflacionária e a evolução dos preços de produtos e serviços mais relevantes para os três grupos.

De acordo com o coordenador dos Índices de Preços, André Braz, a inflação ao produtor acelerou em seus três estágios de processamento. “Os avanços registrados nos preços do minério de ferro (-22,11% para 4,29%), do óleo diesel (0,60% para 10,24%) e da gasolina (1,20% para 6,62%) foram os grandes destaques em cada um dos três grandes grupos do IPA”.

IPA Também em outubro, o Índice de Preços ao Produtor Amplo (IPA) registrou elevação de 1,90%, o que representa mudança em relação a setembro, quando houve queda de 1,17%.

A taxa do grupo bens finais subiu de 1,26% em setembro para 1,47% no mês passado. Neste caso, segundo o Ibre, o principal responsável pela elevação foram os combustíveis para o consumo, cuja taxa saiu de 1,47% para 5,78%. Já o índice de bens finais, que resulta da exclusão de alimentos in natura e combustíveis para o consumo, avançou 0,99% em outubro, no mês de setembro o índice subiu 1,15%.

O grupo bens intermediários teve alta significativa, subiu de 1,91% em setembro para 3,47% em outubro. O avanço de 1,87% para 9,39% no subgrupo combustíveis e lubrificantes para a produção pesou no resultado. O índice de bens intermediários, calculado após a exclusão de combustíveis e lubrificantes para a produção, também subiu em outubro. A taxa ficou em 2,57%, enquanto no mês anterior foi 1,91%.

As matérias-primas brutas foram outro segmento que teve variação relevante. Em setembro, teve queda de 5,75%, mas em outubro subiu 0,75%. Contribuíram para este resultado os movimentos do minério de ferro (-22,11% para 4,29%), cana-de-açúcar (1,45% para 3,59%) e café em grão (7,83% para 11,95%). Em contrapartida, houve quedas nas taxas dos bovinos (-2,69% para -7,71%), da mandioca/aipim (6,71% para 2,90%) e das aves (1,72% para 0,37%).

IPC O Índice de Preços ao Consumidor (IPC) subiu 0,77%, em outubro. O percentual é menor que o do mês anterior, quando teve alta de 1,43%. De acordo com o Ibre, cinco das oito classes de despesas componentes do índice apresentaram recuo nas suas taxas de variação: habitação (2,59% para 0,37%), educação, leitura e recreação (2,90% para 1,57%), alimentação (1,09% para 0,88%), transportes (1,50% para 1,31%) e despesas diversas (0,30% para 0,28%). Nestas classes de despesas, chamou atenção o comportamento da tarifa de eletricidade residencial que saiu de 8,52% para 0,06%, da passagem aérea de 22,70% para 9,97%, das frutas de 4,94% para 0,46%, da gasolina de 3,38% para 2,73% e dos serviços bancários de 0,27% para 0,05%.

Outros grupos tiveram alta, como vestuário (0,28% para 0,81%), saúde e cuidados pessoais (0,14% para 0,25%) e comunicação (0,39% para 0,44%). Contribuíram para o aumento os avanços nos calçados de 0,37% para 1,32%, nos artigos de higiene e cuidado pessoal, que saíram de queda de 0,01% para elevação de 0,56% e da tarifa de telefone residencial, de 0,38% para 5,07%.

O núcleo do IPC registrou taxa de 0,44% em outubro, um pequeno recuo na comparação com o mês anterior, quando registrou taxa de 0,46%. “Dos 85 itens componentes do IPC, 28 foram excluídos do cálculo do núcleo. Destes, 17 apresentaram taxas abaixo de 0,08%, linha de corte inferior, e 11 registraram variações acima de 1,26%, linha de corte superior”, informou o FGV.

O índice de difusão do IPC, que mede a proporção de itens com taxa de variação positiva, ficou em 71,94%. O percentual representa 6,46 pontos percentuais acima do verificado em setembro, quando o índice atingiu 65,48%.

INCC – A alta do Índice Nacional de Custo da Construção (INCC) ficou em 0,86%. No mês de setembro a taxa foi 0,51%. Na passagem do mês anterior para outubro, os três grupos componentes do indicador mostraram variações. Os materiais e equipamentos saíram de 0,71% para 1,92%, serviços de 0,35% para 0,47% e a mão de obra de 0,37% para estabilidade. (ABr)

Mercado financeiro eleva as estimativas para a inflação

Brasília – A previsão do mercado financeiro para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) subiu de 9,17% para 9,33% neste ano. É a 31ª elevação consecutiva da projeção. A estimativa está no Boletim Focus de ontem, pesquisa divulgada semanalmente pelo Banco Central (BC) com a expectativa das instituições para os principais indicadores econômicos.

Para 2022, a estimativa de inflação ficou em 4,63%. Para 2023 e 2024, as previsões são de 3,27% e 3,10%, respectivamente.

Em setembro, puxada pelo aumento de preços de energia elétrica e combustíveis, a inflação subiu 1,16%, a maior para o mês desde 1994, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Com isso, o indicador acumula altas de 6,9% no ano e de 10,25% nos últimos 12 meses.

Os dados de outubro serão divulgados esta semana pelo instituto, mas o IPCA-15, que é a prévia da inflação oficial, ficou em 1,20% no mês passado. No ano, o IPCA-15 acumula alta de 8,30% e, em 12 meses, de 10,34%.

A previsão para 2021 está acima da meta de inflação que deve ser perseguida pelo BC. A meta, definida pelo Conselho Monetário Nacional, é de 3,75% para este ano, com intervalo de tolerância de 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo. Ou seja, o limite inferior é 2,25% e o superior de 5,25%. Para 2022 e 2023 as metas são 3,5% e 3,25%, respectivamente, com o mesmo intervalo de tolerância.

Taxa de juros Para alcançar a meta de inflação, o Banco Central usa como principal instrumento a taxa básica de juros, a Selic, definida em 7,75% ao ano pelo Comitê de Política Monetária (Copom). Para a próxima reunião do órgão, o Copom já sinalizou que pretende elevar a Selic em mais 1,5 ponto percentual.

As projeções do BC para a inflação também estão ligeiramente acima da meta para 2022 e ao redor da meta para 2023. Isso reforça a decisão da autarquia de manter a política mais contracionista, com elevação dos juros.

Para o mercado financeiro, a expectativa é de que a Selic encerre 2021 em 9,25% ao ano, mesma projeção da semana passada. Para o fim de 2022, a estimativa é de que a taxa básica suba para 11% ao ano. E para 2023 e 2024, a previsão é de Selic em 7,5% ao ano e 7% ao ano, respectivamente.

PIB e câmbio – As instituições financeiras consultadas pelo BC reduziram a projeção para o crescimento da economia brasileira este ano de 4,94% para 4,93%. Para 2022, a expectativa para Produto Interno Bruto (PIB) é de crescimento de 1%. Em 2023 e 2024, o mercado financeiro projeta expansão do PIB em 2% e 2,05%, respectivamente.

A expectativa para a cotação do dólar se manteve em R$ 5,50 para o final deste ano. Para o fim de 2022, a previsão é de que a moeda americana fique nesse mesmo patamar. (ABr)

 

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