Ensino superior e empresas precisam formar líderes do futuro

20 de setembro de 2023 às 0h06

Neste artigo, gostaria de convidá-lo a conhecer de perto os métodos de ensino ativo praticados por muitas instituições de educação principalmente em aulas presenciais. Pensar sobre a educação superior e a formação dos futuros líderes é projetar coletivamente que tipo de desenvolvimento socioeconômico planejamos para as nações.

Por isso, penso que a pergunta motivadora desse texto, “Por que o ensino superior e as empresas precisam cada vez mais trabalhar juntos?” deve ser amplamente respondida. Como reitora, sei do peso da escolha de uma carreira e, por essa razão dedico minha reflexão em primeiro lugar àqueles aqueles que desejam começar suas jornadas profissionais. Sei que diante de demasiada oferta, muitos se perdem nas escolhas. Para começar, a esses, minha principal dica é atenção às metodologias frente ao perfil de cada um.

Porém, a resposta à pergunta central deste artigo deve ser trilhada também por profissionais em diversas fases da carreira, educadores, pais em processo de educação dos filhos e interessados em colaborar com a transformação sustentável e inteligente no ecossistema corporativo.

Começo com uma lista de sete maneiras positivas pelas quais a cooperação entre a educação e o mundo dos negócios pode ser criada: Pesquisa aplicada na vanguarda do conhecimento científico; Projetos com impacto na sociedade; Apoio à procura de emprego; Interlocução entre empresas e jovens talentos; Desenvolvimento de projetos empresariais inovadores; Estágios que preparam os futuros graduados para a empregabilidade e fornecem recursos às empresas; Convites às empresas para que contribuam com o ensino ativo, oferecendo desafios aos alunos acompanhados por seus professores.

O objetivo dessas iniciativas pedagógicas é fazer com que os alunos se tornem participantes ativos de sua própria aprendizagem, colocando em prática os conceitos ensinados o mais rápido possível no processo de ensino, e, até mesmo, aprendendo que a complexidade da realidade econômica e gerencial é que mobilizará esses conceitos.

Um dos cenários contemporâneos que devemos considerar é que enfrentamos muitos desafios para captar a atenção dos jovens. Eles estão vivenciando várias realidades virtuais simultâneas com seus objetos conectados, a começar pelos telefones celulares, e têm dificuldade de se concentrar em um assunto. A educação deve estar inserida nesse ambiente, dentro de suas peculiaridades e fazer uso assertivo da inteligência artificial. Não competir com o universo digital.

O professor, portanto, tem a delicada tarefa de sensibilizar os jovens para que aprendam as prioridades a serem administradas no tempo presente, devem ensinar os conceitos de forma dinâmica – sem perder qualidade de ensino – para que atentem à nova lógica de pensamento da juventude. E, finalmente, os docentes precisam treinar os estudantes, por meio de uma pedagogia ativa, em relação aos meios de acesso individual de seu próprio conhecimento para que cada um possa construir uma jornada de aprendizado que não se limite à faculdade.

Para incentivar esse processo virtuoso, é útil colocar os alunos em situações nas quais eles estejam resolvendo problemas reais em uma dinâmica de grupo. Ao estabelecer grupos de projetos, também podemos criar oportunidades de aprendizado gerencial, em que todos precisam encontrar seu lugar e cooperar. Dessa forma, o estudante tem a chance de descobrir que pode aprender com seus colegas adotando uma postura responsável e apresentando propostas eficazes para lidar com o problema apresentado, de preferência por uma empresa ou organização pública ou não governamental.

Vale destacar que para maior sucesso das metodologias ágeis, um bom mestre faz diferença. Notamos na Faculdade SKEMA que quando ocorre uma transferência de conhecimento entre os protagonistas do processo de aprendizagem, com o professor-aluno, alunos-alunos e empresas-alunos-professores-pesquisadores, com uma relação de troca sem protocolos ou hierarquias predefinidas, a aprendizagem é mais motivadora e favorece a perspectiva de uma mentalidade mais aberta entre os alunos.

Nesse sentido, um dos objetivos dessa proposta é incentivar os alunos a questionarem o conhecimento que adquiriram e suas motivações no exercício do ensino. E até mesmo a estabelecer uma estratégia para contornar qualquer resistência que identifiquem como resultado da falta de afinidade com um professor ou com uma matéria que considerem difícil. Eles devem entender a utilidade do aprendizado proposto para seu próprio desenvolvimento. Isso é conhecido como metacognição, que envolve a definição de estratégias metacognitivas para alcançar os resultados desejados em um processo de aprendizagem. É também uma forma de se adaptar ao treinamento, que pode ser transferido para a vida profissional.

Quando falo de conhecimento científico aplicado ao mundo real, proponho aproveitar o conhecimento que está na vanguarda dos processos inovadores desenvolvidos nas empresas e por pesquisadores que são especialistas de ponta em suas áreas. Não existem boas instituições de ensino sem um corpo de pesquisadores que estejam envolvidos na comunidade científica e no mundo econômico.

Na SKEMA estamos bem cientes disso e, a cada ano, trabalhamos para consolidar nossa presença internacional graças a uma equipe de quase 200 professores pesquisadores, a maioria com doutorado e especialistas em suas áreas, sendo que mais da metade deles são internacionais. A faculdade desenvolveu uma plataforma de pesquisa e desenvolvimento de Inteligência Artificial para fornecer a todos os seus cursos o conhecimento e as ferramentas necessárias. É também uma oportunidade de levar essa experiência para as empresas que confiam na SKEMA, oferecendo desafios aos alunos. Esses jovens são guiados por seus professores-mestres.

Podemos ver que esse é um modelo exitoso para circular, compartilhar e multiplicar o conhecimento criado por meio do contato com o mundo dos negócios. É também uma chance de criar pesquisas de impacto, prestando serviços às empresas e, muitas vezes, por meio do trabalho dos alunos, trazemos uma nova perspectiva nas organizações. É assim que a inovação se dá comtrocas de conhecimento, partilha de saberes, comunicação com o mercado e, sobretudo, com a abertura permanente de nossos olhares para fazer diferente.

* Economista, presidente da Câmara de Comércio Internacional França Brasil/ Minas Gerais e reitora da Faculdade SKEMA Business School.

Conteúdos publicados no espaço Opinião não refletem necessariamente o pensamento e linha editorial do Jornal DIÁRIO DO COMÉRCIO, sendo de total responsabilidade dos/das autores/as as informações, juízos de valor e conceitos divulgados.
Facebook LinkedIn Twitter YouTube Instagram Telegram

Siga-nos nas redes sociais

Comentários

    Receba novidades no seu e-mail

    Ao preencher e enviar o formulário, você concorda com a nossa Política de Privacidade e Termos de Uso.

    Facebook LinkedIn Twitter YouTube Instagram Telegram

    Siga-nos nas redes sociais

    Fique por dentro!
    Cadastre-se e receba os nossos principais conteúdos por e-mail