Estoques de aço sobem com incerteza das eleições

Clientes têm adiado encomendas e/ou comprado volume mínimo possível

26 de outubro de 2022 às 0h29

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Crédito: REUTERS/Alexander Ermochenko

Os estoques de aços planos dos distribuidores brasileiros foram maiores em setembro frente a agosto. De acordo com dados divulgados pelo Instituto Nacional dos Distribuidores de Aço (Inda), o volume estocado no mês passado foi de 831,3 mil toneladas, ante 822,2 mil toneladas no mês anterior. A alta foi de 1,1%. O giro de estoque (volume disponível) é suficiente para 2,6 meses de vendas.

Apesar da elevação, as eleições têm feito com que os empresários trabalhem com estoques mais ajustados. Isso porque os clientes estão adiando negócios, devido à incerteza com relação aos resultados do segundo turno eleitoral. A análise é do presidente do Inda, Carlos Jorge Loureiro. “Vários clientes estão procrastinando decisões de compras e comprando um mínimo possível”, disse o executivo durante coletiva de imprensa realizada ontem. 

Segundo ele, o cenário eleitoral gera instabilidade no mercado e, embora os candidatos à Presidência do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Jair Bolsonaro (PL), sejam conhecidos dos empresários, eles preferem aguardar a definição do pleito. 

De acordo com Loureiro, não deve haver uma elevação nos estoques de aço até dezembro, visto que a Copa do Mundo – realizada entre os próximos dois meses – também é uma variável que preocupa os distribuidores. Ele ressalta ainda que o último mês do ano é tradicionalmente fraco para o setor. “Estão todos (distribuidores) preocupados porque (a Copa do Mundo) pode tornar o mês um pouco pior do que já é.”

A incerteza do mercado também é percebida na projeção de negócios para outubro. A expectativa é de que as compras e vendas se mantenham em patamares parecidos com as de setembro. Entretanto, com ligeira possibilidade de retração. “Pode ser que a gente tenha uma pequena queda neste mês de outubro, em função de uma volatilidade do mercado diante do ambiente político que estamos vivendo”, ressaltou o presidente executivo do Inda.

A mesma perspectiva foi feita com relação aos preços do aço no mercado interno que, conforme Loureiro, devem se manter estáveis, com um pequeno viés de queda. Ainda segundo ele, dificilmente terá algum aumento de preços. Vale ressaltar que a World Steel Association (Worldsteel) projetou que a demanda global por aço deve recuar 2,3% neste ano. Para 2023, a estimativa da entidade é de crescimento de 1%.

Resultados de setembro

Após alta de 6,2% em agosto ante julho, as vendas de aços planos por distribuidores do Brasil voltaram a recuar em setembro. Conforme o Inda, foram vendidas no mês passado 323,5 mil toneladas de aço, uma queda de 3,4% se comparado ao volume comercializado no mês anterior (334,9 mil toneladas). Já em relação a setembro do ano passado (291,5 mil toneladas), as vendas apresentaram elevação de 11%. 

Os dados também apontam retração nas compras realizadas pelo setor. Em setembro, foram compradas 332,6 mil toneladas de aço, recuo de 5,2% ante as 350,9 mil toneladas de agosto. Na comparação com o mesmo mês de 2021, quando as compras atingiram o volume de 276,6 mil toneladas, houve aumento de 20,3%. 

Já as importações de aço no País encerraram setembro com queda de 26,4% em relação ao mês anterior. O volume total importado foi de 108,7 mil toneladas contra 147,7 mil toneladas. Quando comparado ao mesmo mês de 2021, houve retração de 35% (167,3 mil toneladas. No acumulado dos nove primeiros meses de 2022, o volume chegou a 1.179.458 milhão de toneladas e também apresentou retração de 22% em relação a igual intervalo anterior (1.512.537 milhão de toneladas).

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