Estudos ampliam valor do queijo da Serra da Mantiqueira
10 de março de 2020 às 0h15
Mais um importante passo foi dado para agregar maior valor ao queijo artesanal feito no município de Alagoa e em outros nove municípios da denominada região Mantiqueira de Minas.
A Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado de Minas Gerais (Emater-MG) entregou em fevereiro dois estudos de caracterização integrada dessas regiões produtoras a entidades que representam os fabricantes locais. Todos os municípios estão situados na face mineira da Serra da Mantiqueira, no Sul do Estado.
“A caracterização de região para o queijo artesanal é um processo de reconhecimento de municípios produtores, por meio de diagnóstico de produção, levantamento histórico, cultural e da identificação de características de meio físico (solos, relevo, vegetação, cursos de água). Tais aspectos são avaliados em conjunto, na sua relação com o meio antrópico (ocupado pelo homem)”, explicou o coordenador estadual de Sub-bacias Hidrográficas, Maurício Fernandes, que fez parte da equipe que conduziu os trabalhos.
“Os levantamentos de caracterização integrada ajudarão a compor todo um processo para regulamentação deste tipo de queijo, que poderá ser comercializado fora dos municípios onde são produzidos”, explicou a coordenadora dos estudos pela Emater-MG, a laticinista Marciana de Souza Lima. Os estudos também irão facilitar, posteriormente, o processo para as vendas para outros estados do País. Além disso, é uma forma de valorizar o produto no mercado consumidor.
Os levantamentos foram passados para as associações dos produtores de Alagoa (Aproalagoa) e da Mantiqueira de Minas (Apromam), que congrega os municípios de Aiuruoca, Baependi, Bocaina de Minas, Carvalho, Itamonte, Itanhandu Liberdade, Passa Quatro e Pouso Alto.
As entregas dos documentos aconteceram respectivamente nos municípios de Alagoa e Itamonte, durante reunião com associados das duas entidades e com representantes da Seapa, Emater-MG e IMA, além de Mapa, Embrapa e Sebrae. A Aproalagoa recebeu, ainda, o Boletim de Pesquisa e Desenvolvimento nº 41, “Caracterização do Queijo de Alagoa-MG: parâmetros físico-químicos, microbiológicos e sensoriais”, elaborado pela Embrapa, com o apoio da Emater-MG e da Epamig.
A laticinista da Emater-MG lembrou que a caracterização de regiões produtoras de queijos artesanais está determinada na Lei Estadual 23.157, de 18/12/2018, que dispõe sobre a produção e comercialização dos queijos artesanais de Minas Gerais.
“Esses estudos desenvolvidos pela Emater-MG e Embrapa, bem como a regulamentação da lei, vão subsidiar a elaboração do regulamento técnico específico a estes queijos artesanais. Isso dará possibilidades para que o queijo de Alagoa e da região Mantiqueira de Minas possam se regularizar perante o órgão de inspeção sanitária estadual, o Instituto Mineiro de Agropecuária (IMA)”, argumentou a técnica.
Números da pesquisa – Segundo pesquisa da Emater-MG, empresa vinculada à Secretaria de Estado de Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Seapa), em Alagoa, foram contabilizadas 139 queijarias artesanais, totalizando uma produção anual de 58,4 mil toneladas de queijo em 2019.
Nos outros nove municípios da Mantiqueira de Minas, a empresa de extensão rural apurou, no mesmo ano, a produção de 119 milhões de litros de leite, sendo parte do produto destinada à elaboração de queijo artesanal por agricultores familiares.
Para os técnicos que elaboraram os estudos, o queijo artesanal é um bem tradicional da região, sendo grande o número de famílias que têm o produto como fonte de renda. Em Alagoa, o grupo coletou dados em 18 propriedades. Já nos nove municípios da região Mantiqueira de Minas, foram coletadas informações em 39 propriedades rurais.
História – O queijo artesanal de Alagoa e o queijo artesanal da Mantiqueira de Minas tiveram origem, segundo levantamentos dos estudos realizados pela Emater-MG, a partir da mudança de um casal de imigrantes italianos, Luiza Altomare Poppa e Pascoal Poppa, para Alagoa em 1920. Após fixarem residência, Pascoal vislumbrou a possibilidade de produzir uma iguaria típica de sua cidade natal Parma: o queijo parmesão.
A vontade, segundo a história, nasceu da percepção das semelhanças climáticas da região da Mantiqueira com a sua terra natal. Iniciou-se, então, a produção do famoso queijo italiano.
Ao longo dos anos, as famílias de Alagoa e de outros municípios da Serra da Mantiqueira incorporaram a tradição da fabricação do queijo em suas pequenas propriedades rurais.
As tecnologias foram modificadas, adquirindo características locais. Dessa forma, a atividade foi sendo passada de geração a geração até os dias atuais. (Com informações da Emater-MG)