Festas de fim de ano são aposta de restaurantes

23 de novembro de 2018 às 0h05

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A trattoria D’Agostim di Paratella já fechou seis festas de confraternização corporativa até o momento - Foto: Osvaldo Castro

De acordo com dados recentes da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), o Natal deste ano movimentará R$ 34,5 bilhões na economia, um avanço de 2,8% em relação ao mesmo período de 2017. Otimistas com esse cenário, provocado, em partes, pela redução da inflação [o mercado financeiro reduziu a previsão de 4,23% para 4,13% para este ano, segundo relatório do Banco Central, divulgado no último dia 19], restaurantes de Belo Horizonte esperam aumentar o faturamento na temporada de festas, marcada pelas famosas confraternizações e happy hours empresariais.

A churrascaria Baby Beef, por exemplo, estima um crescimento de 20% na arrecadação de dezembro em relação ao mesmo mês de 2017. Já quando o tradicional período de celebrações é comparado aos demais meses, a projeção de faturamento é de 30 a 40%, segundo um dos sócios Yago Furlan. “A chegada da nova casa, na avenida Raja Gabaglia, [Baby Beef Steakhouse foi inaugurada em setembro] sem dúvida, também irá incrementar bastante nossos ganhos. Cerca 50 empresas, de portes variados, já nos procuraram para realizarem suas festas de fim de ano em nossas duas unidades. Algumas já estão confraternizando agora em novembro para não correrem o risco de ficar sem o tradicional amigo oculto”, revela.

Para atender esta demanda, o estabelecimento trabalha com pacotes promocionais fechados, feitos exclusivamente para essas ocasiões. Na unidade do Minas Shopping, os combos, que incluem bebidas ou apenas o rodízio de carnes dos mais variados cortes [a escolha vai depender do contratante] variam de R$ 105 a R$ 160 por pessoa. Já na casa mais recente, no bairro São Bento, a tabela de preços vai de R$ 120 a R$ 175.

Outro restaurante que também vê com bons olhos a temporada à la jingle bells é o D’Agostim di Paratella, no bairro Santo Agostinho. O estabelecimento, que está há pouco mais de um ano na cena gastronômica de Belo Horizonte e neste período vem conquistando reconhecimento, tanto da crítica especializada em gastronomia quanto do público, projeta crescimento de, no mínimo, 10% a 15% durante o mês de dezembro, em comparação à mesma época do ano anterior. “Já fechamos com seis empresas, que escolheram nossa trattoria como local para as celebrações corporativas. E-mail,s com orçamento já enviei mais de 10”, diz o empresário Thiago Parreiras, sócio da casa ao lado do chef Paratella Matheus.

A principal estratégia da dupla para captar a clientela é oferecer um cardápio personalizado, sem, é claro, abrir mão da especialidade da casa, que é oferecer o que há de mais genuíno na culinária piemontesa. “Nosso foco é ouvir o cliente e dar a ele a liberdade de escolher como será o menu, se com um ou dois aperitivos, qual o prato principal, se haverá ou não sobremesa. Definidas estas escolhas, vamos fechar o preço que esteja em conformidade para ambos”, afirma Parreiras, acrescentando que os pacotes chegam a variar de R$ 72 a R$ 280 por pessoa.

Especializado em peixes e frutos do mar, o Alguidares, no bairro Sion, também almeja crescimento entre 10% e 15% no último mês de 2018. Para a chef e proprietária Deusa Prado, embora o movimento seja mais intenso durante a Quaresma, ela tem observado que a cada ano aumenta o número de pessoas que optam por uma comemoração natalina diferenciada, sem as tradicionais carnes vermelhas. O estabelecimento oferece, inclusive, opções de moquecas veganas, que não levam nenhum ingrediente animal, como, por exemplo, a versão com coco e banana da terra; palmito e banana da terra e uma terceira, feita apenas com palmito. “Muitos dos nossos clientes são donos de empresas, que frequentam o restaurante ao longo do ano e trazem seus funcionários nesta época de comemorações para celebrar as conquistas da empresa e provar do nosso tempero baiano, que modestamente, é considerado o melhor de Minas fora da Bahia”, afirma Deusa.

Já o Redentor Bar, para a turma que não dispensa um happy hour mais informal após o trabalho, prevê que o faturamento em dezembro seja 10% maior que nos meses atípicos, nas duas unidades, Shopping Cidade e Savassi. O estabelecimento tem pacotes que variam de R$ 90 a R$ 100 para grupos de 15 a 35 pessoas. Os combos incluem 11 tipos de chopes, pratos principais e petiscos. Deste último grupo faz sucesso na casa o jabá porta-bandeira, feito com carne seca desfiada, refogada com cebola e envolvida na farinha, acompanhada de manteiga de garrafa. “O brasileiro definitivamente gosta dessas confraternizações mais despojadas, de reunir os amigos em volta da mesa para celebrar os bons momentos, o ano que está terminando. O mineiro, então, nem se fala: não abre mão de uma boa cerveja e da prosa descompromissada. Por termos o perfil que o público, de maneira geral, procura, estamos bem otimistas [com o fim do ano]”, afirma um dos sócios Daniel Ribeiro.

Up nas vendas – As casas especializadas em doces típicos do Natal também estão otimistas com as vendas de fim de ano. A Espetacular Doceria, loja especializada em doces franceses, localizada no bairro Funcionários, espera um up de 15% no faturamento neste período de festas em relação à mesma data de 2017. Já na comparação com os demais meses do ano, a expectativa é de que dezembro registre um aumento de 25% na receita.

Para atender essa demanda, a proprietária Elisa Dayrell pretende recorrer à contratação temporária, um oásis no deserto para quem está desempregado e precisa de uma grana para suprir a falta do tão esperado 13º salário. “Atualmente, a loja tem 8 funcionários.

Preciso de mais quatro até o fim de novembro, o que corresponde a um aumento de 50% no quadro”, revela a empresária, acrescentando que a meta da empresa é vender cerca de três mil produtos, entre tortas, caixas de bombons e panetones recheados. “Felizmente temos público consumidor. As datas comemorativas nas quais as pessoas tendem a consumir mais chocolate trazem ótimos resultados para o meu negócio. A Páscoa desse ano, por exemplo, foi melhor que o Natal de 2017 e eu espero que o Natal de logo mais seja melhor que a Páscoa de 2018. Entre essas duas datas tivemos a oportunidade se nos tornarmos mais conhecidos, o que, sem dúvida, aumenta o volume de vendas”, destaca.

Flexibilidade na negociação – Segundo o presidente da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes de Minas Gerais (Abrasel-MG), Ricardo Rodrigues, a estimativa de crescimento na receita dos estabelecimentos associados à entidade, em virtude dos encontros corporativos de dezembro, é de cerca de 15%. E uma das palavras de ordem para atrair este público é negociar. “Como estamos vivenciando um período de crise, onde os empresários apertam mais o bolso e muitas vezes abrem mão das confraternizações, é fundamental que os donos de restaurante sejam capazes de criar condições flexíveis”, afirma Rodrigues. Ele, que também é proprietário do restaurante Maria das Tranças, com unidades no bairro São Francisco, região da Pampulha, e na Savassi, revela que as casas trabalham da seguinte forma nesta época: perguntam ao contratante como ele pode pagar. “Dessa maneira, tentamos montar uma proposta dentro do orçamento da empresa, o que aumenta mais as chances de fechamento de contratos. O que não dá é para trabalhar com uma estrutura engessada, com preços fixos, que não vão de encontro ao atual cenário”, finaliza.

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