FIDCs serão abertos ao público em geral, mas exigem cautela dos investidores

Modalidade está disponível ao público em geral a partir de abril, após mudanças nas regras anunciadas pela CVM

19 de janeiro de 2023 às 0h27

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FIDCs costumam ter uma rentabilidade superior aos dos demais produtos de renda fixa | Crédito: Adobe Stock

Os Fundos de Investimentos em Direitos Creditórios (FIDCs) serão abertos ao público em geral em abril deste ano, quando entra em vigor a Resolução CVM 175, que contempla uma série de novas regras para reger esses fundos de investimentos. Antes, eles eram restritos aos investidores qualificados, que possuíam ao menos R$ 1 milhão em aplicações financeiras, ou certificação profissional do mercado de capitais. O FIDC é um fundo de investimento que aplica em títulos de créditos formados por contas a receber de uma empresa, como aluguéis, cheques ou valores que foram parcelados no cartão de crédito. Há uma receita prevista, mas ainda não consumada.

Uma das principais vantagens em investir em FIDCs está na rentabilidade elevada, já que alguns fundos chegam a oferecer retornos de mais de 120% do CDI. Só que de acordo com especialistas, quanto maior a rentabilidade, maior o risco. Dessa forma, o investimento não é recomendado para o investidor de perfil conservador.

De acordo com dados da Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima), as emissões de FIDC somaram R$ 46,2 bilhões em 2022. Para a entidade, o instrumento se projeta como promissor no varejo, em virtude da modernização da regra de fundos.

O advogado Otávio Augusto de Lara Borsato, sócio do Barcellos Tucunduva Advogados e especializado em Mercado Financeiro, de Capitais e Fundos de Investimento, observa que esse tipo de fundo é voltado para investidores de perfil mais arrojado, já que há riscos. Ele observa que os FIDCs não são contemplados pelo Fundo Garantidor de Crédito (FGC) como os Certificados de Depósitos Bancários (CDBs) e as Letras de Crédito (LCs). O FGC protege o patrimônio do investidor até R$ 250 mil em caso de falência da instituição financeira responsável pelo pagamento de certos títulos de renda fixa.

Ele explica que não há necessidade de uma assessoria específica para investir em FIDCs. Entretanto, Borsato considera prudente e recomendável consultar um profissional especializado. De acordo com ele, não há um investimento mínimo previsto em norma e isso depende do que estiver previsto no regulamento de cada fundo.

A analista da Toro Investimentos, Paloma Brum, também recomenda os FIDCs para investidores com perfil mais arrojado e com mais tolerância aos riscos. “Não é um investimento para curto e médio prazos. O ideal é investir pelo menos dois anos e ter uma carteira diversificada”, observa.

Para o fundador e CEO da Fidd Group, Pedro Salmeron, o investidor deve levar em conta a diversificação da carteira e o horizonte de tempo que ele pretende deixar o capital investido em FIDCs. Ele acrescenta que a indústria de crédito, em geral, é muito volátil e contempla vários tipos de risco, que devem ser avaliados. O especialista destaca que há cotas de série sênior de FDICs que são muito seguras. Ainda assim, há casos como o da Lojas Americanas. “Ninguém diria no passado que um FIDC que tem Americanas como sacado seria um FIDC com problema. Então, essas coisas podem acontecer”, observa.

Ele destaca que poucas pessoas sabem que o Banco Central acompanha as carteiras de FIDCs, do ponto de vista de crédito, para avaliar o risco sistêmico da estrutura. “Quando acontece um evento como o da Americanas, o Banco Central sabe em detalhes quais são os fundos que estão afetados”, diz.

Atratividade

O sócio-diretor da Solis Investimentos,  gestora de recursos especializada em FIDCs, Ricardo Binelli, afirma que esses fundos ganham ainda mais atratividade em tempos de juros altos e alta incerteza nos mercados, como um componente agregador de rentabilidade às carteiras de renda fixa, sem perder o benefício de proteção ao patrimônio, devido à sua baixa volatilidade.

“Os FIDCs costumam entregar retornos superiores aos dos demais produtos de renda fixa, com riscos menores comparados à renda variável, como ações e volatilidades baixíssimas”, explica o gestor, que administra o maior fundo de FIDCs do Brasil, o Solis Antares.

De acordo com Binelli, cada FIDC possui características, riscos e mecanismos de proteção distintos. “Também, uma parcela importante dos FIDCs são fundos fechados, isto é, não permitem resgate”, diz. Ele explica que os FIDCs são instrumentos com um grau de especificidade maior, o que faz com que seja recomendável procurar um gestor especializado e qualificado para uma orientação mais personalizada e de acordo com os objetivos do investidor.

DC Responde – Como investir nos FIDCs?

Os Fundos de Investimentos em Direitos Creditórios (FIDCs) fazem parte da categoria de renda fixa e ainda são pouco conhecidos do público em geral, por estarem restritos desde a sua criação, em 2001, aos investidores qualificados ou profissionais. Com acesso ao FIDC, o investidor pessoa física ganha mais uma forma de diversificar o componente de renda fixa de sua carteira.

De acordo com informações da Solis Investimentos, é possível aplicar por meio de fundos dedicados exclusivamente a esse tipo de ativo, bem como através de fundos que têm os FIDCs como componentes de políticas de investimento mais abrangentes, como fundos de crédito diversificados. Outra maneira é por meio da alocação direta em um FIDC.

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