Financiamentos têm alta de 130% em 2023 e chegam a R$ 5,3 bilhões

Os recursos contemplam 36 projetos de empresas de todos os portes, nas áreas de fármacos, mobilidade, telecom, semicondutores e agronegócio, dentre outros

8 de fevereiro de 2024 às 20h53

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Crédito: Fernando Frazão/Agência Brasil

São Paulo – O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) fechou 2023 com a aprovação de R$ 5,3 bilhões para projetos de inovação, um aumento de 130% em relação ao ano anterior. A maior parte, R$ 3,9 bilhões, envolve operações diretas do banco público, e outro R$ 1,4 bilhão faz parte de operações indiretas com bancos parceiros.

Os recursos contemplam 36 projetos de empresas de todos os portes, nas áreas de fármacos, mobilidade, telecom, semicondutores e agronegócio, para citar alguns exemplos.

“O BNDES voltou a apoiar a agenda de inovação, que é estratégica para o aumento da competitividade das empresas dentro do atual contexto econômica no mundo”, afirma diretor de desenvolvimento produtivo, inovação e comércio exterior do BNDES, José Luiz Gordon.

Agenda Verde

“Existe uma janela para o Brasil, especialmente dentro da transição energética, da descarbonização, da bioeconomia. O País pode não apenas entrar na geração de hidrogênio verde, por exemplo, mas também na produção de máquinas e equipamentos para hidrogênio verde. Não queremos apenas produzir etanol se podemos também fazer SAF [sigla em inglês para combustível sustentável de aviação]. A indústria pode puxar essa agenda verde”, destaca.

Gordon lembra que o potencial nacional é tão grande que já tem empresa brasileira recebendo subvenção do governo americano para instalar planta piloto de produção de SAF nos Estados Unidos.

“Nós temos a tecnologia do etanol, mas o governo americano está levando as nossas empresas para lá com subsídio”, observa.

Indexador

O apoio a inovação ocorre dentro do programa BNDES Mais Inovação. A maior parte dos financiamentos, R$ 3,5 bilhões, é indexada pela taxa referencial (TR), com juros de até 2% ao ano, ou seja, com subsídio.

O uso da TR é polêmico e criticado por quem teme a reedição da política de governos anteriores do PT, que exageraram no uso de subsídios. O risco de volta ao passado é refutado pela gestão atual do banco.

A fonte de recursos é o Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT), que é remunerado pela taxa de longo prazo (TLP). O uso da TR foi aprovado pelo Congresso dentro da lei nº 14.592, sancionada em maio do ano passada, e regulamentado em agosto pelo Conselho Monetário Nacional (CMN).

A regra limita a aplicação da TR em até 1,5% do estoque do FAT, o que totaliza pelas condições atuais cerca de R$ 5 bilhões por ano. O programa também conta com apoio financeiro de fundos, como Fundo para o Desenvolvimento Tecnológico das Telecomunicações (Funttel) e o Programa de Incentivo à Inovação Tecnológica na Produção Agropecuária (Inovagro).

Incertezas

“Inovação, por si só, tem risco, que é aquilo que você consegue quantificar, e incerteza, que você não consegue quantificar. Projetos podem ou não dar certo, por isso precisa de um dinheiro diferenciado”, afirma o diretor do BNDES.

“Temos um processo muito robusto de aprovação dos projetos. Vamos até a empresa conhecer o projeto, se for necessário, e acompanhamos a par e passo o seu desenvolvimento. O dinheiro não é liberado de uma vez, mas em parcelas, à medida que evoluiu”, observa.

Segundo Gordon, ainda não é possível divulgar o nome das empresas que tomaram o crédito, porque os trâmites para a assinatura dos contratos não foram concluídos.

Os investimentos em inovação recuaram nos primeiros anos do governo de Jair Bolsonaro (PL), especialmente durante a pandemia da Covid-19. De 2019 a 2021, os financiamentos à inovação do BNDES ficaram abaixo de R$ 2 bilhões. No ano passado subiram para R$ 2,3 bilhões.

A retomada dos financiamentos do BNDES no primeiro ano do governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) faz parte faz parte de um projeto maior. Também inclui a participação da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), empresa pública do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI). A meta conjunta é mobilizar R$ 60 bilhões até 2026 para promover a inovação no País. (Alexa Salomão)

BNDES dará prioridade para aéreas

Rio de Janeiro – O presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Aloizio Mercadante, afirmou nesta quinta (8) que é fundamental que o Brasil tenha companhias aéreas próprias.

Nesse sentido, ele prometeu que o BNDES dará prioridade para o setor refinanciar suas operações assim que for resolvida a questão de garantias para os empréstimos.

Crédito: Sergio Moraes/REUTERS

As declarações ocorrem em meio a um cenário de pressão das companhias aéreas junto ao governo Luiz Inácio Lula da Silva (PT). As empresas pedem medidas de socorro após os impactos da pandemia de Covid, que paralisou viagens.

“O BNDES dará prioridade, assim que tiver resolvido o problema da garantia. É um setor estratégico, que gera renda e desenvolve o Brasil. É fundamental um País desse tamanho ter empresas aéreas próprias”, disse Mercadante a jornalistas. Ele participou de um evento da Agência Brasileira de Promoção Internacional do Turismo (Embratur) no aeroporto internacional do Galeão, na zona norte do Rio de Janeiro.

O início de ano no setor aéreo foi marcado pelo pedido de recuperação judicial da Gol. A Justiça dos Estados Unidos aceitou a solicitação em 26 de janeiro.

Mercadante declarou que o setor “está muito bem” neste momento, já que a demanda por voos mostrou retomada após as restrições da pandemia. O problema, segundo o presidente do BNDES, é o passivo acumulado pelas empresas na crise sanitária. “Temos de encontrar formas que assegurem garantias para que o BNDES e bancos privados possam refinanciar o setor”, afirmou.

De acordo com Mercadante, o Ministério da Fazenda é o órgão responsável por definir qual será o instrumento de auxílio às companhias. Em visita ao Rio na última segunda (5), o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, confirmou que o governo estuda socorro para a reestruturação das empresas, mas sem dinheiro do Tesouro Nacional.

Haddad estimou que uma proposta para o setor poderá ser desenhada ainda neste mês de fevereiro.

Uma das possibilidades em análise é a criação de um fundo para fornecer garantias a empréstimos.

Mercadante disse ontem que, ao contrário do Brasil, outros países adotaram medidas de socorro para as empresas em razão da pandemia. “Os aviões ficaram no chão. As empresas tiveram de pagar serviços, manter equipes, acumularam passivo expressivo”, afirmou.

“O Brasil não teve nenhuma iniciativa para refinanciar a dívida. Não é subsidiar, é dar um prazo mais dilatado porque o setor está bem”, completou. (Leonardo Vieceli)

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