Investimento de R$ 500 milhões ajudará mineradoras a desativar barragens

Empresa com sócios chineses e mineiros conta com tecnologia para ajudar no descomissionamento de barragens

11 de novembro de 2023 às 0h17

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Desde 2020, quando foram proibidas no Brasil, dez barragens de rejeitos a montante foram descaracterizadas em Minas Gerais | Crédito: Alisson J. Silva

Uma joint venture entre a maior produtora de filtros prensa do mundo, a chinesa Jingjin Equipment, e as empresas mineiras, Gaustec e PST Holding, vai investir mais de meio bilhão de reais em Minas Gerais nos próximos cinco anos. O considerável investimento promete ajudar as mineradoras a acelerar o descomissionamento das barragens de rejeitos do tipo a montante e, ao mesmo tempo, permitir que os resíduos sejam reutilizados na produção de minério de ferro.

As companhias desenvolveram, em conjunto, uma usina móvel de concentração magnética, que pode ser instalada próximo das barragens, onde é feita a transformação dos rejeitos em polpa para posterior reprocessamento na unidade. No processo industrial, os resíduos podem ser beneficiados, gerando o concentrado de alto teor – com 40% a 50% de ferro. O beneficiamento pode ocorrer na própria área da barragem, com previsão de início da operação em até oito meses. 

Com a planta modular, ainda é possível transformar o restante dos rejeitos em areia para a construção civil. Além disso, o resíduo filtrado no empreendimento é empilhado a seco, dispensando o uso das barragens a montante. Outros benefícios como a possibilidade das mineradoras reutilizarem 95% da água drenada e uma redução do tempo de viagens dos veículos a diesel utilizados pelas empresas na mineração também são proporcionados pela usina móvel.

A tecnologia da joint venture já se encontra em operação em duas barragens de mineradoras no Quadrilátero Ferrífero. O objetivo agora é expandir essa implantação. Para isso, R$ 360 milhões serão aplicados na construção de dez módulos de produção na cidade de Nova Lima, na Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH), gerando aproximadamente 600 empregos diretos.

Outros R$ 150 milhões, do total de R$ 510 milhões a serem aportados em Minas Gerais no próximo quinquênio, serão alocados no estabelecimento de um centro de montagem e distribuição de equipamentos e peças sobressalentes. Esse empreendimento atuará como um hub de produtos e serviços para atender a mineração e aos setores de saneamento, indústria química e alimentos.

Estado comemora o novo investimento atraído em missão na China

O anúncio do investimento foi feito pelo governador Romeu Zema (Novo) diretamente da China. O chefe do Executivo estadual comemorou o aporte e disse acreditar que essa tecnologia vai ajudar a agilizar o processo de descomissionamento das barragens. Segundo ele, as mineradoras estão com dificuldades técnicas de cumprir os prazos de descaracterização previstos na lei – o que levou as empresas a firmarem um Termo de Ajustamento de Conduta com o Ministério Público.

“No meu primeiro mês de governo enfrentei a tragédia de Brumadinho, e um dos meus primeiros compromissos como governador dos mineiros foi o de que eu faria de tudo para que nunca mais tivéssemos desastres como aquele e o de Mariana”, ressaltou. “Por isso determinamos o descomissionamento das barragens, mas esse se mostrou um processo muito mais complicado que o previsto inicialmente. Como não sou de me acomodar com problemas, viemos à China buscar soluções tecnológicas que vão solucionar a questão”, enfatizou.

Nesta semana, Zema também anunciou diretamente do país asiático, aportes da XCMG em Pouso Alegre, no Sul do Estado, e da Celer Biotecnologia em parceria com a chinesa Guangzhou Wondfo Biotech, em Montes Claros, na região Norte. No primeiro, estão previstas inversões de R$ 270 milhões e geração de 150 empregos diretos, enquanto no segundo, a estimativa é de aplicações da ordem de R$ 17 milhões, entre 2023 a 2026, e criação de cem postos de trabalho.  

Mineradoras descaracterizaram apenas dez barragens em Minas Gerais 

As barragens alteadas a montante, que poderão ser descontinuadas mais rapidamente com a expansão da tecnologia da usina móvel, foram proibidas em Minas Gerais no ano de 2019 e, no Brasil, em 2020. Na época, foram contabilizadas 74 estruturas desse tipo no País. Desde então, apenas 15 estruturas foram, de fato, descomissionadas, sendo dez no Estado. 

As informações constam no último relatório trimestral de descaracterização de barragens a montante divulgado pela Agência Nacional de Mineração. Conforme o documento, hoje, existem 56 estruturas desse tipo no País, número que também foi reduzido devido a reclassificações após estudos técnicos. Desse total, a maioria delas, 37, estão presentes no território mineiro.

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