Megaleite deve movimentar R$ 8 mi

Expectativa é que leilões e vendas de vacas superem em 60% a edição anterior da feira na Gameleira

16 de junho de 2022 às 0h30

img
Neste ano, mais de 1.300 animais foram inscritos nas feiras, leilões e shoppings da Megaleite | Crédito: Megaleite/Divulgação

Com a expectativa de faturar R$ 8 milhões e superar em 60% a movimentação financeira gerada com os leilões e feira frente a última edição, a Megaleite 2022 – Exposição Brasileira do Agronegócio do Leite – é o espaço onde o produtor encontrará a melhor genética leiteira e os principais fornecedores de tecnologias, inovação e insumos para a atividade.

Em meio a uma crise grave no setor leiteiro, que enfrenta o encarecimento dos custos e comprometimento da margem de lucro, representantes do setor, durante a abertura da Megaleite, ressaltaram a importância econômica e social da atividade e a necessidade de políticas para que o setor supere as dificuldades.

O evento, que começou dia 15 e vai até dia 18 de junho, reúne no Parque Bolívar de Andrade (Parque da Gameleira), em Belo Horizonte, mais de 1.300 animais das principais raças leiteiras.

De acordo com o  presidente da Associação Brasileira dos Criadores de Girolando (Girolando), entidade organizadora da Megaleite, Odilon de Rezende Barbosa Filho, a retomada do evento presencial é importante para o setor e a tendência, mesmo com a crise, é que o produtor continue investindo para obter melhores resultados.

“Estamos retomando a Megaleite. São mais de 1,3 mil animais inscritos no parque. Em termos de negócios, nos leilões e feiras, a expectativa é 60% a mais que na última edição, superando R$ 8 milhões. Além disso, temos as empresas expositoras que estão fazendo muito negócios e que teremos os números apenas no encerramento. A situação atual do setor é uma preocupação, mas o produtor entende que precisam ser feitos investimentos. Nosso produto tem demanda. É o momento de investir, acreditar na raça e dar continuidade à raça”.

Entre as ações e políticas que podem ser adotadas para ajudar o setor, que já registrou queda de 10% na produção somente no primeiro trimestre de 2022, Rezende explica que uma solução é difícil, principalmente, pela alta dos custos ser um efeito global.

“Existe um problema mundial que estamos enfrentando, mas o governo tem como ajudar. A ajuda pode vir com os estoques reguladores, limitações da importação do leite – problema que afeta muito o setor – e as políticas de financiamento e crédito, principalmente, para o pequeno produtor”.  

Durante a abertura da Megaleite, o gerente de captação e fomento da Embaré, Yago Silveira, destacou que o evento presencial é importante para que os produtores tenham acesso às tecnologias, inovações e atualizações voltadas para a cadeia. 

“A festa do leite tem o objetivo de apresentar para os produtores o que há de melhor na genética animal, biotecnologias e tecnologias que dão suporte às práticas de produção”.

Silveira também ressaltou o momento difícil que a atividade vem enfrentando.  Ele explicou que mesmo com a pandemia de Covid-19 e todos os desafios, o setor conseguiu, em 2020, aumentar a produção em cerca de 2%. Mas, desde 2021, com a inflação mundial, falta de produtos e commodities em alta, a situação mudou.

“Sabemos que o leite é comercializado, majoritariamente, no mercado interno, cotado em real, e os custos são precificados em dólar. Isso realmente é um desafio de todos os elos da produção, que estão sacrificando as margens. Em 2021, quedas acima de 5% na produção de Minas Gerais e de 3% no Brasil acenderam nosso alerta amarelo. No primeiro trimestre de 2022, a queda foi ainda maior, chegando a 10%. Era um sinal de alerta, agora é uma sirene. Estamos muito preocupados”.

Aproveitando a presença de diversas autoridades, Silveira ressaltou a importância econômica e social da atividade. Segundo ele, a produção e a industrialização ocorrem em praticamente todos os municípios brasileiros, com capilaridade muito grande, gerando empregos e um dos maiores faturamentos por hectare. 

“Precisamos olhar e entender o que está acontecendo com a produção, para reverter este quadro. São três pontos necessários e importantes. Um é a correção de margem, devido aos custos elevados. O segundo é a precificação do leite, tema polêmico, mas que tem avançado e sendo discutido no Conseleite Minas. Precisamos melhorar o ambiente de negócios entre a indústria e os produtores. O terceiro ponto é a transição de atividade e sistema. São produtores que de fato estão saindo e precisamos entender quais fatores levam a isso”.  

Ainda segundo Silveira, a margem comprometida tem feito com que produtores deixem a atividade do leite e migrem para culturas mais rentáveis, como a soja e milho. Mas mesmo os produtores que estão com margem positiva também têm abandonado a atividade. 

“Neste caso, a migração ocorre pela falta de mão de obra no campo e pela sucessão familiar. Temos alto nível de desemprego nas cidades e no campo temos falta de mão de obra. Precisamos, juntos com iniciativas e entidades de treinamento, levar essas pessoas para o campo”.

O uso de tecnologias também é visto como necessário para aumentar a produtividade e qualidade, tornando os negócios mais rentáveis e atraindo a atenção dos jovens.

“Os produtores que investiram em tecnologias estão tendo resultados. Nestes casos, vemos filhos que saíram das fazendas para as cidades retornando aos negócios do campo”.

Exportações como saída

Exportar leite, segundo o presidente da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Minas Gerais (Faemg), Antônio Pitangui de Salvo, também seria importante para a melhoria da margem do setor.

“Temos desafios, precisamos trabalhar para baixar a contagem de células somáticas (ccs) e podermos exportar leite. É uma saída, uma válvula de escape, mas precisamos desenvolver técnicas para manter o produtor no campo. O Senar, junto a outras entidades, como a Emater, está fazendo a nossa parte. Em Minas, estamos atendendo, gratuitamente, mais de 4,5 mil produtores, que saem de uma produção de 150 litros ao dia para 750 litros com os mesmos recursos. É um trabalho de extensão fudamental”.

Tags:
Facebook LinkedIn Twitter YouTube Instagram Telegram

Siga-nos nas redes sociais

Comentários

    Receba novidades no seu e-mail

    Ao preencher e enviar o formulário, você concorda com a nossa Política de Privacidade e Termos de Uso.

    Facebook LinkedIn Twitter YouTube Instagram Telegram

    Siga-nos nas redes sociais

    Fique por dentro!
    Cadastre-se e receba os nossos principais conteúdos por e-mail