Mobilização dos caminhoneiros pode atrasar retomada

10 de setembro de 2021 às 0h29

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Os bloqueios realizados pelos caminhoneiros em rodovias federais provocam preocupação | Crédito: REUTERS/Washington Alves

Embora os bloqueios feitos por caminhoneiros em diversas estradas do País tenham perdido a força no decorrer do dia, a quinta-feira (9) chegou ao fim com motoristas ainda protestando em rodovias federais de dez estados e pontos isolados em outros cinco, entre eles, Minas Gerais.

Sem grandes consequências para o abastecimento do Estado, a greve gerou alguma preocupação nos produtores de leite e no segmento atacado distribuidor, mas as entregas ocorreram sem grandes impactos.

Segundo boletim do Ministério da Infraestrutura com dados da Polícia Rodoviária Federal (PRF), entre quarta (8) e quinta-feira (9), houve desarticulação de pelo menos 35 pontos de ocorrências, entre bloqueios parciais, bloqueios totais e concentrações de manifestantes em todo o País.

Os motoristas falam em apoio ao governo de Jair Bolsonaro (sem partido), pedem a destituição dos ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) e criticam o aumento nos preços dos combustíveis.

Diante do movimento que, segundo especialistas, pode atrasar o processo de retomada econômica do País, Bolsonaro chegou a enviar um áudio pedindo aos caminhoneiros que liberassem as estradas.

Na gravação, o presidente disse que a ação “atrapalha a economia” e “prejudica todo mundo, em especial os mais pobres. No mesmo tom, o ministro da Infraestrutura, Tarcísio Gomes de Freitas, em vídeo publicado nas redes sociais, alertou a categoria sobre os efeitos dos bloqueios sobre a crise econômica brasileira.

A mobilização teve início ainda no dia 7 de setembro, quando grupos de caminhoneiros autônomos se organizaram para participar, em Brasília, das manifestações convocadas pelo próprio presidente da República.

O líder do Executivo nacional fez discursos inflamados nas manifestações, o que culminou com a queda da bolsa de valores e aumento do câmbio e da percepção de risco institucional no País. Ontem, Bolsonaro divulgou uma carta aberta recuando em algumas de suas declarações, enfatizando respeito às instituições brasileiras e dizendo que “suas palavras decorrem do calor do momento”.

Efeitos da greve dos caminhoneiros em MG 

Mesmo que a maioria dos pontos de bloqueio nas estradas federais que cortam Minas Gerais tenha sido liberada, o efeito na economia e em alguns processos produtivos já começaram a ser sentidos. Segundo o presidente executivo da Associação Brasileira da Indústria de Alimentos (Abia), João Dornellas, o cenário é de apreensão, visto que, assim como ocorrido nas paralisações de 2018, existe um enorme risco de descarte de leite. Isso porque, não se pode estocar o produto por mais de 24 horas e a ordenha também precisa ocorrer.

Em uma das empresas, com planta em Poços de Caldas, Sul do Estado, houve risco de paralisação das atividades, uma vez que caminhões com insumos (leite e embalagens) ficaram parados em um dos bloqueios. Com a liberação, registrou-se apenas atraso nas entregas e nas operações, mas não houve necessidade de descarte do produto.

Já o Sindicato do Comércio Varejista de Derivados de Petróleo do Estado de Minas Gerais (Minaspetro), disse, por meio de nota, que recebeu relatos de dificuldade de abastecimento em algumas regiões por causa dos bloqueios das rodovias. No entanto, ressaltou que não houve impactos significativos nos estoques das revendas na maioria absoluta dos postos. O sindicato teve informações de situações pontuais, especialmente nas regiões de Lavras, Poços de Caldas e Uberlândia.

A Central de Abastecimento de Minas Gerais (Ceasa Minas) esclareceu que a entrada de mercadorias no atacado do entreposto de Contagem (RMBH) ocorreu normalmente ontem, não havendo desabastecimento.

A Associação Mineira de Supermercados (Amis) disse que não constatou, junto aos associados, nenhuma ocorrência séria. A Associação Brasileira de Supermercados (Abras) completou que não há risco de desabastecimento da rede supermercadista em decorrência dos protestos. “O abastecimento e os preços dos supermercados não devem ser afetados e não existe necessidade de antecipação de compras por parte do consumidor”.

Por fim, a reportagem não conseguiu contato com a Associação dos Atacadistas Distribuidores do Estado de Minas Gerais (Ademig), mas a Associação Brasileira de Atacadistas e Distribuidores (Abad) disse que viu com preocupação os bloqueios das estradas. A entidade argumentou que a iniciativa interrompe a circulação de gêneros de primeira necessidade e pode afetar sobremaneira a população em geral, especialmente os mais pobres, já tão penalizados pela pandemia, desemprego e insegurança alimentar.

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