Secretário critica investigações envolvendo Temer

28 de dezembro de 2018 às 0h01

Brasília – Um dos principais defensores do presidente Michel Temer, Carlos Marun, ministro da Secretaria de Governo, afirmou ontem ficar contrariado com o fato de, em sua opinião, as denúncias apresentadas contra o seu chefe não terem sido devidamente investigadas.

Para ele, não existem elementos comprobatórios suficientes nas três denúncias que foram apresentadas contra Temer. A última foi apresentada no último dia 19 de dezembro pela procuradora-geral da República, Raquel Dodge, por corrupção passiva e lavagem de dinheiro no âmbito do inquérito dos Portos, que apura se houve favorecimento a empresas do setor portuário na edição de um decreto de 2017.

“Nada existe nesse decreto que possa sequer sugerir um benefício da empresa que está sendo acusada de pagar propina”, afirmou Marun, em conversa com jornalistas pela manhã. “O inquérito virou uma tentativa de perseguição contra ele. A denúncia é pífia”, completou. No caso das outras duas denúncias, a Câmara vetou a continuidade das investigações contra o presidente até o término do mandato.

O ministro também contestou algumas das práticas usadas pela operação Lava Jato como a prisão preventiva para a obtenção de delações e a prisão em segunda instância, sem a conclusão dos processos dos investigados. “Ou o Brasil caminha para uma reintrodução plena do Estado de Direito ou se caminha para a radicalização do Estado de exceção. A Lava Jato melhorou a política, mas é sabido que ela tomou muitos caminhos que flertaram com a extralegalidade”, avaliou.

Para Marun, o fato de o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva ter liderado as pesquisas de intenção de voto na pré-campanha deste ano mostrou que a população “não quer continuar essa guerra”. “O preso símbolo da Lava Jato está na cadeia e continua líder das pesquisas, inclusive crescendo na intenção de voto. Mas dizer que a população quer continuar aquela guerra, eu não sei. Não sei se a população quer isso. Acho que guerra começa e termina”, afirmou.

Marun disse ainda não saber se Lula deveria continuar preso, já que seu processo ainda não teve o trânsito em julgado, ou seja, ainda cabem recursos. O ministro, no entanto, afirmou que o petista jamais poderia ter sido candidato à Presidência da República.

“Ele não podia ser candidato. Eu nem sei se o Lula devia estar preso. Eu, como sou pelo Livrinho (Constituição), eu leio lá sobre trânsito em julgado e acho que o trânsito em julgado ainda não aconteceu para o Lula”, afirmou.

Eleições – O ministro também comentou que o MDB, seu partido, deveria ter lançado alguém com perfil combativo e que fizesse a defesa do governo Temer nas eleições presidenciais deste ano. O ex-ministro Henrique Meirelles foi quem representou o partido. Durante sua campanha, ele acenou aos eleitores de Lula, em um sinal de que avaliava que poderiam eventualmente migrar para ele – já que foi ministro do ex-presidente.

“Eu me arrependo de não ter saído como candidato à Presidência. Foi uma eleição da verdade. Quem ficou de ‘nhenhenhém’, ficou de fora”, disse. De acordo com ele, seu nome chegou a ser levado a Temer por um grupo de parlamentares, mas, o presidente teria dito que precisava de Marun em seu governo. “Acho que o presidente não queria confusão também”, disse.

Questionado sobre como faria para bancar sua campanha, já que Meirelles se viabilizou justamente por usar dinheiro próprio no pleito, Marun falou que poderia ter feito uma campanha barata via redes sociais. “A questão financeira era primordial, mas não ia quebrar o fundo partidário se dessem R$ 2 milhões ou R$ 3 milhões para a campanha”, afirmou. (AE)

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