Setembro Amarelo: vamos conversar sobre saúde mental nas organizações?

14 de setembro de 2022 às 0h28

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Raj Sisodia, criador do Capitalismo Consciente, em seu mais recente livro diz que “organizações que curam vão além em suas expressões de amor e cuidado para com as pessoas; elas ativamente buscam fontes de sofrimento e dor, e as aliviam”. E isto inclui a saúde mental dos colaboradores. Ela representa a nossa capacidade de desfrutar a vida e lidar com os desafios que se apresentam – quer isso envolva fazer escolhas, administrar relacionamentos difíceis, ou adaptar-se a situações estressantes. É um estado no qual o indivíduo realiza suas próprias habilidades, lida com as tensões normais da vida, consegue trabalhar produtivamente e é capaz de contribuir para sua comunidade e local de trabalho.

Considerando que a maioria das pessoas laboralmente ativas passa a maior parte de suas horas de vigília no trabalho, é essencial compreender os custos humanos e financeiros das doenças mentais no ambiente de trabalho. Este entendimento ajuda os empregadores a desenvolverem planos de ação para melhorar tanto o bem-estar dos empregados quanto o resultado final de seus negócios. Para tanto, é necessário uma liderança forte e humana que compreenda que a promoção da saúde mental beneficia a todos, quer a pessoa esteja saudável, esteja em risco de desenvolver dificuldades (como a dependência de substâncias), ou tenha um problema de saúde existente (como a depressão). Segundo a Comissão Canadense de Saúde Mental no trabalho, a visão de um local de trabalho psicologicamente saudável e seguro é aquela que trabalha ativamente para evitar danos à saúde psicológica do trabalhador, inclusive de forma negligente, imprudente ou intencional, e promove o bem-estar psicológico”. As melhores práticas apoiam a prevenção e intervenção precoce.

E por falar em prevenção, este mês é dedicado à campanha de prevenção ao suicídio, “Setembro Amarelo”. A Organização Mundial de Saúde estima que mais de um milhão de pessoas tiram a própria vida por ano no mundo. No Brasil, os registros são de 14 mil mortes por ano, segundo a Associação Brasileira de Psiquiatria. Estes são números parciais, pois há muita subnotificação dos casos de suicídio. E se na esfera “pessoal” ainda há muito preconceito e desinformação sobre o tema, imagine nos espaços organizacionais.

Em tempos “pós”-pandêmicos, em que passamos por uma série de transformações de diversas ordens (emocional, relacional, econômica, dentre outras), enfrentamos um aumento do adoecimento psíquico, com destaque para o estresse, a ansiedade e a depressão. Para alguns, isto se traduz em pessimismo, desespero e comportamentos suicidas. Precisamos ter conversas significativas – ainda que muitas vezes difíceis – no local de trabalho sobre o suicídio, pois conversar sobre o tema já é um passo para sua prevenção. Ao contrário do que muitos pensam, falar sobre suicídio não estimula o ato, é a forma como fazemos isto que pode acarretar consequências negativas. Por isso, quanto mais informação e conhecimento sobre o assunto, melhor.

 Sem nenhuma pretensão de esgotar um assunto tão amplo e profundo, a seguir trago algumas ideias para que lideranças possam contribuir para a prevenção ao suicídio no ambiente de trabalho:

– Desenvolva um programa abrangente de saúde e segurança que trate de fatores organizacionais que possam impactar a saúde mental. Lembre-se de envolver tanto suportes no local de trabalho quanto apoios individuais.

-Incorpore a prevenção ao suicídio em sua estratégia de saúde mental (por exemplo, plantão psicológico, entrevistas de incidentes críticos, espaços seguros de diálogo, aconselhamento psicológico após incidentes altamente estressantes no local de trabalho, etc.)

– Entenda o papel que você desempenha na prevenção ao suicídio no trabalho. Conheça os sinais de alerta e fatores de risco, bem como as melhores formas de abordagem ao tema.

– Realize campanhas de sensibilização e psicoeducação em saúde mental anti-estigmas, e disponibilize treinamento de prevenção a suicídios no local de trabalho.

– Assédio, intimidação, discriminação e linguagem estigmatizante aumentam o risco de suicídio no trabalho. Busque ajuda de profissionais especializados (psicólogos e psiquiatras) e esteja preparado para nomear e responder a essas realidades.

– Esteja ciente de que preocupações financeiras, medo de perder o emprego, e outras fontes de estresse podem resultar em pensamentos suicidas. Utilize a educação corporativa para fornecer cursos de educação financeira, psicologia positiva, dentre outros.

– Pergunte aos membros da sua equipe: de que forma pode apoiá-los. Pratique a escuta ativa, não presuma que sabe os motivos de uma mudança de comportamento.

– Observe se algum membro da sua equipe exibe uma mudança de comportamento, demonstra aumento de ansiedade, irritabilidade e estresse, e/ou falou sobre suicídio.  Procure ajuda especializada, é importante obter um diagnóstico e iniciar o tratamento adequado o mais rápido possível.

– Responda rapidamente depois de uma perda por suicídio. Comunique-se com cuidado e compaixão, proteja a privacidade da pessoa falecida, e forneça apoio e recursos aos colegas.

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