Setor lácteo em xeque

5 de outubro de 2023 às 0h01

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Crédito: Jadir Bison

Segundo dados da Confederação Nacional de Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), as importações de produtos lácteos no Brasil, vindos principalmente de outros países do Mercosul, cresceram 212% no primeiro semestre de 2023, em relação mesmo período de 2022.

O volume de leite importado pelo País já teria somado 850 milhões de litros de janeiro a junho, quantidade que no ano passado foi atingida somente após nove meses. A participação de mercado dos produtos importados, que flutuava em torno de 3%, saltou para 12% em pouco mais de 4 meses.

Embora tenha colaborado para a redução do preço ao consumidor final, as medidas de abertura de importações tiveram consequências dolorosas para toda a cadeira produtiva do leite, especialmente para os pequenos produtores, que respondem pela maior parcela da produção.

A presença de leite importado em grande volume no mercado interno provocou queda geral de preços, reduzindo dramaticamente a rentabilidade dos criadores de gado leiteiro além das indústrias de captação, processamento e industrialização de leite.

Levantamentos de mercado sugerem, inclusive, que há uma redução significativa no número de produtores de leite, com o abandono da atividade por aqueles que não vêm conseguindo se manter frente a desleal concorrência, tendo em vista que em países como Argentina e Uruguai existem subsídios de até 40% para os produtores locais.

Relatos de protestos e denúncias dos produtores vêm se acumulando nas últimas semanas, porém sem surtir o efeito desejado. Existem estudos no governo federal de medidas para tentar minimizar os prejuízos, mas, segundo a Associação Brasileira dos Produtores de Leite (Abraleite), pouco tem sido feito na prática para ajudar os produtores. A principal medida defendida pelos produtores, o estabelecimento de cotas para importação, não está sendo discutida no momento.

Entre as demandas dos produtores, destacam-se: a redução da tributação, combate às fraudes, criação de mercado futuro para as principais commodities lácteas, manutenção de medidas antidumping, consolidação da tarifa externa comum e o uso obrigatório de leite e derivados de origem nacional em programas sociais.

É imprescindível que medidas urgentes sejam tomadas para proteger a cadeia produtiva do leite nacional, a fim de evitar que um número ainda maior de produtores abandone a atividade e um problema social e econômico ainda maior se torne irreversível.

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